"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

sexta-feira, 7 de outubro de 2016


MOMENTO: “AMORIS LAETITIA”
Sobre o Amor na Família

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Capítulo IV

O Amor no Matrimônio

“...esclarecendo o significado das expressões do texto de I Cor 12, 4-7, tendo em vista uma aplicação à existência concreta de cada família.”
Paciência
91. A primeira palavra usada é “macrothymei”. A sua tradução não é simplesmente “suporta tudo”, porque esta idéia é expressa no final do versículo 7. O sentido encontra-se na tradução grega do texto do Antigo Testamento onde se diz que Deus é “lento para a ira” (cf. Nm 14,18; cf. Ex 34,6). Uma pessoa mostra-se paciente, quando não se deixa levar pelos impulsos interiores e evita agredir. A paciência é uma qualidade do Deus da Aliança, que convida a imitá-lo também na vida familiar. Os textos nos quais Paulo usa este termo devem se lidos à luz do livro da Sabedoria (Cf. 11,23; 12,2.15-18): ao mesmo tempo que se louva a moderação de Deus para dar tempo ao arrependimento, insiste-se no seu poder que se manifesta quando atua com misericórdia. A paciência  de Deus é exercício da misericórdia de Deus para com o pecador e manifesta o verdadeiro poder.

92. Ter paciência não é deixar que nos maltratem permanentemente, nem tolerar agressões físicas, ou permitir que nos tratem como objetos. O problema surge quando exigimos que as relações sejam idílicas, ou que as pessoas sejam perfeitas, ou quando nos colocamos no centro esperando que se cumpra unicamente a nossa vontade. Então tudo nos impacienta, tudo nos leva a reagir com agressividade. Se não cultivarmos a paciência, sempre acharemos desculpas para responder com ira, acabando por nos tornarmos pessoas que não sabem conviver, antissociais incapazes de dominar os impulsos, e a família tornar-se-à  um campo de batalha. Por isso, a Palavra de Deus exorta: “Desapareça do meio de vós todo amargor e exaltação, toda ira e gritaria, ultrajes e toda espécie de maldade” (Ef 4,31). Esta paciência reforça-se quando reconheço que o outro, assim como é, também tem direito a viver comigo nesta terra. Não importa se é um estorvo para mim, se altera os meus planos, se me incomoda com o seu modo de ser ou com as suas idéias, se não é em tudo como eu esperava. O amor possui sempre um sentido de profunda compaixão, que leva a aceitar o outro como parte deste mundo, mesmo quando age de modo diferente do que eu desejaria.

Fonte: Documentos Pontifícios - 24 
            Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Papa Francisco



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