"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

terça-feira, 29 de maio de 2012

ANIVERSARIO DE CASAMENTO DOS CARMELITAS SECULARES SONIA E FERNANDO






Hoje, dia 29 de maio,  Sonia e Fernando Seixas, da Comunidade Santa Teresa de Jesus,  da OCDS de Campinho, no Rio de Janeiro, comemorar 36 anos de casados, agradecendo a Deus e à Virgem Maria todas as bênçãos e graças que os fazem prosseguir firmes na Fé, no Amor, na Compreensão e acima de tudo aceitando  sempre a vontade de Deus. 

Pedem a nós um presente: Uma Ave Maria.



domingo, 27 de maio de 2012

Beato Pedro To Rot: Marido e modelo de pai



O primeiro beato da Papua Nova Guiné: uma figura a ser redescoberta em vista da Family 2012

ROMA, quarta-feira, 30 de Abril de 2012 (ZENIT.org) - Pietro To Rot é um catequista da Papua Nova Guiné, morto em 1945 por causa da sua oposição à poligamia; celebra-se este ano o centenário do seu  nascimento. O Bispo de Rabaul, o Bergamês salesiano Francesco Panfilo, Bispo de Rabaul, propõe: "Por que não redescobrir essa figura marido e pai modelo, justo em vista do VII Encontro Mundial das Famílias que acontecerá em Milão?".

O nome de To Rot nos diz pouco ou nada, mas para a Igreja de Papua é uma glória local genuína: é, de fato, o primeiro beato daquela terra, elevado à glória dos altares, no dia 17 de janeiro de 1995 por João Paulo II . Não é por acaso que, há poucos dias atrás, os bispos de Papua Nova Guiné e das Ilhas Salomão fizeram uma peregrinação ao santuário de Rakunai, país natal do beato. E no verão estão previstas celebrações jubilares a serem realizadas no dia 7 de julho, festa litúrgica do beato.

Pedro nasce de um chefe da tribo, dentre os primeiros  convertidos à fé católica. Do seu pai, Angelo, o jovem Pedro herda as qualidades de um líder, da sua mãe Maria – cristã fervorosa – uma sensibilidade religiosa não comum. Com estas características, unidas à predisposição para os estudos, algumas pessoas vêem muitos "sinais de vocação" para o sacerdócio e pensam enviar o garoto para estudar na Europa. Mas o pai escolhe para Pedro um futuro leigo: com apenas 21 anos já é um bom catequista, inestimável colaborador  dos missionários. Em 1936, aos 24 anos, casou-se com Paula Varpit, uma menina de 16 anos, também ela muito fervorosa.

"Inspirado por sua fé em Cristo, foi um marido devoto, pai amoroso e um catequista comprometido, conhecido pela sua cordialidade, pela sua gentileza e pela sua compaixão”: assim em 1995 o Papa Wojtyla falava de Pietro To Rot, acrescentando que ele " tratou a sua mulher Paola com grande respeito; orava com ela toda manhã e toda noite. Para os seus filhos tinha uma grande afeição passava com eles o máximo do tempo que fosse possível”. Ainda: o beato "teve uma grande visão do matrimônio e, apesar do grande risco pessoal e da oposição, defendeu a doutrina da Igreja sobre a unidade do matrimónio e da necessidade de fidelidade mútua."
Durante a Segunda Guerra Mundial, de fato, a sua aldeia, Rakunai, foi ocupada pelos japoneses, os missionários acabaram presos, mas To Rot assumiu a responsabilidade pela vida espiritual dos seus concidadãos, continuando a ensinar os fiéis, a visitar os doentes e batizar . Mas quando as autoridades legalizaram a poligamia, o Beato Pedro denunciou firmemente essa prática. Comentou João Paulo II: "Ele proclamou com coragem a verdade sobre a santidade do casamento. Recusou tomar o "caminho mais fácil" do compromisso moral. "Devo cumprir o meu dever e como testemunho na Igreja de Jesus Cristo”, explicou. O medo do sofrimento e da morte não o pararam ." Mesmo na prisão Pedro permaneceu sereno, até mesmo alegre, até que ele foi assassinado com uma injeção em julho de 1945 por um médico japonês.
Comenta Mons. Panfilo. "Pedro To Rot, catequista e mártir, foi um grande defensor da família e do sacramento do matrimônio. Este ano na Diocese de Rabaul estamos comemorando o centenário, apontando para a renovação da família. E eu espero que o VII Encontro Mundial das Famílias, programado em Milão, represente uma oportunidade para valorizar essa figura".

Autor: Por Gerolamo Fazzini
Fonte: zenit.org

Novo retrato da família e história de casal que teve nove filhos



Casamento, filhos, trabalho, diversão, problemas. Esses são alguns aspectos que integram a realidade das famílias na sociedade atual. Neste mês, em que o Papa Bento XVI encontra-se com famílias do mundo inteiro no 7º Encontro Mundial das Famílias em Milão, na Itália, o noticias.cancaonova.com traz uma série especial sobre o retrato das famílias atuais. 

Essa primeira reportagem traz uma abordagem geral sobre a atual situação das famílias brasileiras. O professor do curso de História da Universidade de São Paulo (USP), Carlos de Almeida Prado Bacellar, que desenvolve pesquisas na área de história da família, comentou algumas das principais mudanças pelas quais a família vem passando ao longo da história da sociedade brasileira.
De acordo com o professor, o perfil da família mudou muito ao longo do século XX, principalmente em relação ao tamanho, que diminuiu. “Você tem menos crianças, as mulheres estão entrando no mercado de trabalho, elas não têm tempo para cuidar dessas crianças. O excesso de filhos dificulta a ida da mulher para o mercado de trabalho, então pra ela poder trabalhar, ela não pode ter os filhos na quantidade que ela tinha no passado”.

Os Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), comprovam essa constatação. A pesquisa revela que a taxa de fecundidade no Brasil caiu, de 2,38 filhos por mulher em 2000 para 1,90 em 2010. O índice fica abaixo do chamado nível de reposição (2,1 filhos por mulher), que garante a substituição das gerações.
Um reflexo direto, segundo Bacellar, é na Previdência Social, o que pode levar à necessidade de rever as regras de aposentadoria, como já aconteceu na Europa. “A queda da fecundidade e a consequente diminuição do número de crianças está levando rapidamente a um processo de diminuição da força de trabalho ativa. Cada vez você tem mais pessoas idosas, aposentadas e menos pessoas trabalhando”, explicou.

Filhos
Embora a necessidade de trabalhar seja um fator determinante na decisão de ter filhos, o presidente da comissão episcopal para Vida e Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom João Carlos Petrini, que é bispo de Camaçari (BA), afirma que os filhos são fundamentais para a realização da família e do próprio casal.

Ele informou que uma recente pesquisa realizada por um grupo de sociólogos e antropólogos da Universidade de Bologna e da Universidade Católica de Milão verificou que as famílias sem filhos são muito mais frágeis do que as famílias que têm um filho. A pesquisa, que será apresentada no 7º Encontro Mundial das Famílias, também mostra que as famílias com mais de um filho são muito mais sólidas do que aquelas que têm somente um.

Testemunho
O desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e territórios, Roberval Belinati, casado há 33 anos, teve não um, mas seis filhos. Ele contou que, quando se casou, em 1979, ele e sua esposa decidiram que teriam quantos filhos Deus mandasse.

“Nós já casamos com essa convicção religiosa, com esse compromisso de estarmos à disposição de Deus para o que Ele enviasse para nossa família; nós aceitaríamos com muita honra e alegria”, disse.

Na verdade, Roberval teve nove filhos, mas três, segundo ele, são “anjinhos com Deus”, uma vez que sua esposa sofreu três abortos espontâneos. Ele conta que é muito feliz com sua família numerosa, com filhos de idades entre 13 e 31 anos, e que, se fosse hoje, teria novamente esses “nove” filhos.
Para ele, é compreensível a decisão de casais que optam por ter dois ou três filhos somente, considerando a realidade econômica e as dificuldades que o mundo oferece. Ainda sim, Belinati afirma que quem quer se casar deve se colocar a serviço da família e dos filhos.
“Não deve se preocupar só com as dificuldades financeiras não, porque Deus provê e nós temos que ter coragem e confiar em Deus. Quem confia em Deus vence”, enfatizou.
Casamento

Mesmo sendo tão importantes para a família, nem sempre os filhos estão recebendo a criação tradicional, com a presença de pai e mãe em matrimônio. A pesquisa do IBGE também descobriu que o número de divórcios está maior.
O historiador explica esse índice a partir da maior valorização que se dá ao casamento por amor e por paixão. “No passado, havia muito casamento arranjado, imposto pela família e que tinha que ser mantido. Hoje, o amor é importante na união de um casal e quando ele acaba há mecanismos que permitem que esse casamento se interrompa”, explicou Bacellar.

Para o bispo, o problema é que, hoje, os jovens, em especial, chegam ao casamento com uma visão um pouco simplificada e ingênua, o que acaba gerando um obstáculo na hora de viver as dificuldades do matrimônio.
“Tem um desnível entre a visão romântica do amor e a dificuldade para que essa visão seja capaz de abraçar e fazer ficar com a realidade”, explicou Dom Petrini .

Ajuda aos casais
O bispo de Camaçari disse que a Igreja está mais atenta aos casais quando eles solicitam o casamento, para avaliar sua maturidade. Ele também afirmou que a Igreja está se esforçando para acompanhar os casais, por meio da Pastoral Familiar e de outros movimentos familiares, para que eles não se sintam sozinhos quando enfrentam dificuldades. 

Para evitar tantos divórcios, Dom Petrini acredita que é necessário ter mais senso crítico em relação às propostas que o mundo apresenta. Ele também enfatizou a necessidade de estar mais ligado à luz de Cristo e não temer os dramas da vida, pois eles trazem crescimento.
"Quanto mais enfrentamos um drama hoje e outro amanhã, a personalidade cresce e se fortalece e adquire uma maturidade que acaba sendo admirável inclusive como fonte de sabedoria que se comunica aos filhos e às outras pessoas”, finalizou.

Autora: Jéssica Marçal, Da Redação da Canção Nova Notícias, com colaboração de Kelen Galvan

domingo, 20 de maio de 2012

Dia internacional de oração pelas famílias


Dia internacional de oração pelas famílias
Iniciativa do Projeto Família na data criada pela ONU

(ZENIT.org) – Foi celebrada no dia 15 de maio a vigésima edição do Dia Internacional das Famílias, criado pela ONU. Nesta data, coração da Segunda Semana do Direito da Família, a Federação Projeto Família lançou o primeiro Dia Internacional de Oração pela Família.

Uma oração silenciosa reúne em coro as residências, capelas, paróquias e mais de cem mosteiros de toda a Itália, como pequenas lareiras acesas em rede. Uma rede de pessoas que dedicaram a Deus uma oração especial pela família.

A súplica é única: famílias que saibam criar uma cultura de abertura, de comunhão e de esperança. Como sugere o manifesto da II Semana do Direito da Família, a família é um pequeno broto que deve ser cuidado, defendido, regado e levado a dar frutos.
Em parceria especial com a Fraternidade de Emaús, o Projeto Família viveu 24 horas de adoração eucarística na capela dedicada aos beatos esposos Luis e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus.

"A Igreja nos chama a proteger a família, apoiá-la espiritualmente e materialmente e lhe dar as garantias legislativas", disse dom Giuseppe Giudice, bispo de Nocera-Sarno, em mensagem pela II Semana do Direito da Família.
"Não podemos, simultaneamente, elogiá-la e destruí-la. Seria como soltar pombas e pegar os estilingues; clamar pela paz e preparar a guerra".
Fonte: zenit.org

Santa Maria, Rainha das Famílias, rogai por nós!

Pai de 7 filhos e líder da Ação Católica morreu em campo de concentraç​ão nazista após salvar judeus

Pai de 7 filhos e líder da Ação Católica morreu em campo de concentração nazista após salvar judeus
(ACI/EWTN Noticias) .- Odoardo Focherini um jornalista italiano pai de sete filhos e líder da Ação Católica que foi assassinado pelos nazistas aos 37 anos, depois de salvar numerosos judeus durante a Segunda guerra mundial. Este leigo foi declarado mártir no dia 10 de maio através de um decreto aprovado pelo Papa Bento XVI.

Focherini foi um ardoroso católico que desde muito jovem se opôs ao fascismo, inspirado pela encíclica "Non abbiamo bisogno (Não temos necessidade)" de Pio XI, conforme informa o site católico espanhol Religión em Libertad (ReL).

Aos 19 anos Focherini fundou os escoteiros católicos em Carpi, sua cidade natal, chegando a ser chefe do movimento escoteiro em sua diocese e um dos referentes em toda a Itália.
Aos 23 anos se casou com Maria Marchesi, com quem teve sete filhos e aos 27 foi presidente da Ação Católica na Itália, em uma época em que as associações fascistas competiam por captar os jovens.

O que o tornou mártir guarda relação com sua luta por salvar judeus da perseguição pelas leis raciais da época. Em 1943, com 36 anos, organizou uma rede para enviar à Suíça a mais de cem judeus, e conseguiu que eles escapassem do fascismo italiano.
Ao ano seguinte foi preso pelos nazistas em um hospital enquanto atendia um judeu doente. Transladaram-no ao campo de concentração de Hersbruck aonde as condições eram muito difíceis. Nesse lugar uma ferida na perna que ninguém atendeu ocasionou uma septicemia que custou-lhe a vida em 1944, aos 37 anos.

Antes de morrer ditou a seu amigo a seguinte carta:
"Meus sete filhos... Quereria vê-los antes de morrer... Não obstante, aceita, oh, Senhor, também este sacrifício, e protege-os Tu, junto à minha mulher, os meus pais, e todos meus seres queridos. Declaro morrer na mais pura fé católica, apostólica, romana e na plena submissão à vontade de Deus, oferecendo minha vida em holocausto por minha diocese, pela Ação Católica, pelo Papa e pelo retorno da paz ao mundo. Peço que digam à minha esposa que sempre fui-lhe fiel, que sempre pensei nela e que sempre a amei intensamente".

Em sua memória, a União das Comunidades judias da Itália outorgou uma medalha de ouro em 1955 e o Instituto comemorativo dos mártires e dos heróis Yad Vashem de Jerusalém o proclamou Justo entre as Nações.
Fonte: ACI Digital
http://www.odoardofocherini.it

sexta-feira, 18 de maio de 2012

CATEQUESE PREPARATÓRIA PARA O VII ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS - CATEQUESE 10 - A FAMÍLIA: O TRABALHO E A FESTA

  

A FAMÍLIA: O TRABALHO E A FESTA

Catequeses preparatórias
para o VII Encontro Mundial das Famílias

(Milão, 30 de Maio – 3 de Junho de 2012)

10. A FESTA, TEMPO PARA A COMUNIDADE

A. Canto e saudação inicial

B. Invocação do Espírito Santo

C. Leitura da Palavra de Deus

46Unidos de coração, frequentavam todos os dias o templo. Partiam
o pão nas casas e consumavam as refeições com alegria e singeleza
de coração, 47louvando a Deus e cativando a simpatia de
todo o povo. E o Senhor acrescentava cada dia à comunidade
outros que estavam a caminho da salvação (Act 2, 46-47).
33Com grande coragem os apóstolos davam testemunho da ressurreição
do Senhor Jesus. Em todos eles havia uma grande a graça
(Act 4, 33).
42E todos os dias não cessavam de ensinar e de pregar o Evangelho
de Jesus Cristo no templo e nas casas (Act 5, 42).
43«Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se
grande entre vós, seja o vosso servo; 44 e todo o que entre vós quiser
ser o primeiro, seja escravo de todos. 45Porque o Filho do
homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua
vida em resgate por muitos» (Mc 10, 43-45).
1Havia então na Igreja de Antioquia profetas e doutores, entre eles
Barnabé, Simão, chamado o Negro, Lúcio de Cirene, Manaém,
companheiro de infância do tetrarca Herodes, e Saulo. 2Enquanto
celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes
o Espírito Santo: «Separai-me Barnabé e Saulo para a obra à qual
os destinei». 3Então, jejuando e orando, impuseram-lhes as mãos
e despediram-nos. 4Enviados assim pelo Espírito Santo, foram a
Selêucia e dali navegaram para a ilha de Chipre. 5Tendo chegado
a Salamina, começaram a pregar a palavra de Deus nas sinagogas
dos judeus. Estava com eles João, que os assistia (Act 13, 1-5).

D. Catequese bíblica

1.      Dia da comunhão. O dia do Senhor faz viver a festa como um tempo para os outros, dia da comunhão e da missão. A eucaristia é memória do gesto de Jesus: isto é o meu corpo entregue, isto é o meu sangue derramado por vós e por todos. O «por vós e por todos» vincula intimamente a vida fraterna (por vós) e a abertura a todos (pela multidão). Na conjunção «e» encontra-se toda a força da missão evangelizadora da família e da comunidade: é doado a nós, a fim de que venha a ser para todos.
A Igreja que nasce da eucaristia dominical está aberta a todos. A primeira forma de missão consiste em construir a comunhão entre os fiéis, em fazer da comunidade uma família de famílias. Esta é também a lei fundamental da missão: a Igreja unida e concorde é o testemunho mais persuasivo para o mundo. A Igreja só pode tornar-se escola de missão, se for casa de comunhão. Os trechos tirados dos Actos dos Apóstolos, acima citados, oferecem-nos a imagem das primeiras comunidades que vivem a sua experiência cristã entre a casa e o templo. A festa e o domingo constituem o momento para renovar a vida eclesial, de tal modo que a comunidades dos fiéis venha a assumir o clima da vida familiar, e a família se abra ao horizonte da comunhão eclesial.
A Igreja local e a paróquia constituem a presença concreta do Evangelho no cerne da existência humana. Elas são as figuras mais conhecidas da Igreja, pela sua índole de proximidade e de acolhimento em relação a todos. Em muitos países, as paróquias indicaram a «vida boa» segundo o Evangelho de Jesus, conservando o sentido de pertença à Igreja. Como afirma o Concílio Vaticano II, nas Igrejas locais, «a Igreja caminha juntamente com a humanidade inteira, participando da mesma sorte terrena do mundo» (Gaudium et spes, 40).
Na paróquia as famílias, que são «igreja doméstica», fazem com que a comunidade paroquial seja uma igreja no meio das casas do povo. A vida quotidiana, com o ritmo de trabalho e de festa, permite ao mundo entrar na casa, abrindo a casa ao mundo.
Por outro lado, a comunidade cristã deve cuidar das famílias, subtraindo-as à tentação de se fechar no seu «apartamento» e abrindo-as aos caminhos da fé. Na família, a vida é transmitida como dom e promessa; na paróquia, a promessa contida no dom da vida é acolhida e alimentada. O dia do Senhor torna-se dia da Igreja, quando ajuda a experimentar a beleza de um domingo vivido juntos, evitando a banalidade de um fim-de-semana consumista, para realizar às vezes também experiências de comunhão fraterna entre as famílias.
2.     Dia da caridade. O dia do Senhor, como dies Ecclesiae, torna-se dia da caridade. A Igreja que se alimenta da Eucaristia dominical é a comunidade ao serviço de todos. A família, embora não sozinha, é a rede em que se transmite este serviço. O bonito texto do Evangelho de Marcos, acima citado, explica o modo como na eucaristia dominical Jesus está no meio de nós como aquele que serve. Este é o critério do serviço na comunidade: quem quiser ser o maior, torne-se o menor (vosso servo), e quem quiser ser o primeiro, dedique- se aos pobres e aos mais pequeninos (servo de todos). O serviço da caridade é um elemento caracterizador do domingo cristão.
Alguns períodos litúrgicos (o Advento e sobretudo a Quaresma) propõem-no como uma tarefa essencial das famílias e da comunidade. Assim, o domingo torna-se o «dia da caridade». O serviço da caridade exprime o desejo da comunhão com Deus e entre os irmãos. Ao longo da semana, a família vai ao encontro das necessidades de todos os dias, mas a vida familiar não pode limitar-se a oferecer bens e a cumprir compromissos: deve fazer crescer o vínculo entre as pessoas, a vida boa na fé e na caridade. Sem uma experiência de serviço em casa, sem a prática da ajuda recíproca e a participação nos deveres comuns, dificilmente nasce um coração capaz de amar. Na família, os filhos experimentam no dia-a-dia a dedicação incansável da parte dos pais e o seu serviço humilde, aprendendo do seu exemplo o segredo do amor. Quando, na comunidade paroquial, os adolescentes e os jovens, tiverem que ampliar o horizonte da caridade às outras pessoas, poderão compartilhar a experiência de amor e de serviço aprendida em casa. O ensino prático da caridade, sobretudo nas famílias com um filho único, deverá abrir-se imediatamente a pequenas ou grandes formas de serviço ao próximo.
3.     Dia do envio em missão. A dimensão missionária da Igreja está no centro da eucaristia dominical e abre as portas da vida familiar ao mundo. A comunidade dominical é, por definição, uma comunidade missionária.
No bonito ícone do Livro dos Actos dos Apóstolos, acima citado, é descrita a comunidade de Antioquia que, enquanto celebra o culto do Senhor, talvez dominical, é impelida pelo Espírito rumo à missão. No dia do culto, a comunidade torna-se missionaria. A missão não se refere unicamente aos indivíduos enviados, mas mostra a sua eficácia quando a Igreja inteira, com a variedade dos seus carismas, ministérios e vocações, se torna o sinal real da caridade de Cristo para todos os homens. As formas missionárias da comunidade são diferentes, mas todas devem conduzir os homens para Cristo. A família é chamada a evangelizar de maneira própria e insubstituível: no seu interior, no seu ambiente (vizinhos, amigos e parentes), na comunidade eclesial e na sociedade em geral.
A comunidade eucarística ampliará o seu olhar rumo a um horizonte universal, assumindo a solicitude de São Paulo por todas as Igrejas. Se a missio ad gentes constitui o horizonte da missão para a Igreja, também a Igreja local é, no seu próprio território, enviada a anunciar o Evangelho. A educação para o acolhimento do próximo, do diverso, do imigrado deverá começar a partir das famílias e receber um impulso da parte da comunidade. Antes ainda, é na família que, não raro, nasce a intuição de uma vida despendida em benefício dos outros, dedicada à missão e ao compromisso no mundo. Em muitas famílias cristãs, com uma vigorosa experiência de humanidade e de amor, e com a frequência da eucaristia dominical, brotaram maravilhosas histórias de vocação para o serviço no seio da sociedade, para o compromisso no voluntariado, para o testemunho na política e para a missão nos outros países do mundo. A relação entre domingo e eucaristia, entre Igreja e missão, entre família e serviço ao próximo exige uma renovada obra de introdução naquilo que é essencial na vida cristã, que conduza a uma nova consciência missionária. A força extraordinária do domingo, centrado na eucaristia doméstica, levou os mártires de Abitene até ao martírio.
«Agiste contra as prescrições dos imperadores e dos Césares, congregando todas estas pessoas?». E o presbítero Saturnino, inspirado pelo Espírito do Senhor, retorquiu: «Celebramos a eucaristia dominical, sem nos preocuparmos com elas». E o procônsul perguntou-lhe: «Por quê?». Ele respondeu: «Porque a eucaristia dominical não pode ser descuidada» (IX).
«Na tua casa foram realizadas reuniões contra o decreto dos imperadores?». Emérito, repleto de Espírito Santo, disse: «Na minha casa celebramos a eucaristia dominical». Ele perguntou: «Por que lhes permitias que entrassem?». Retorquiu: «Porque são meus irmãos, e eu não os poderia impedir». «E no entanto – retomou o procônsul – tu tinhas o dever de os impedir». E ele disse: «Eu não poderia impedi-los, porque nós cristãos não podemos viver sem a eucaristia dominical» (Acta Saturnini, Dativi, et aliorum plurimorum martyrum in Africa, XI).
Nos primeiros séculos, a eucaristia dominical permitiu que a Igreja se difundisse até aos confins do mundo. Também hoje, a vida quotidiana da família e da Igreja é convidada a recomeçar a parir daqui: os cristãos não podem viver sem a eucaristia dominical.

E. Escuta do Magistério

O domingo é a repetição, no ciclo breve, do tempo semanal do grande mistério da Páscoa. É chamado também «pequena Páscoa dominical». «Viver segundo o domingo» significa viver consciente da libertação trazida por Cristo e realizar a própria existência como oferta de si mesmo a Deus, para que a sua vitória se manifeste plenamente a todos os homens através de uma conduta intimamente renovada. O domingo como festa para os outros não deve ser entendida unicamente em função litúrgica: ela constitui um valor humano, além de uma dádiva cristã. Não viver os dias como se fossem iguais (e somente o domingo tem o segredo da diversidade), dedicar tempo à comunidade e à caridade é um caminho eficaz para a libertação do homem da servidão do trabalho.
Viver segundo o domingo
«Esta novidade radical, que a Eucaristia introduz na vida do homem, revelou-se à consciência cristã desde o princípio; prontamente os fiéis compreenderam a influência profunda que a celebração eucarística exercia sobre o estilo da sua vida. Santo Inácio de Antioquia exprimia esta verdade designando os cristãos como "aqueles que chegaram à nova esperança", e apresentava-os como aqueles que vivem "segundo o domingo" (iuxta dominicam viventes). Esta expressão do grande mártir antioqueno põe claramente em evidência a ligação entre a realidade eucarística e a vida cristã no seu dia-a-dia. O costume característico que têm os cristãos de se reunir no primeiro dia depois do sábado para celebrar a ressurreição de Cristo – conforme a narração do mártir São Justino – é também o dado que define a forma da vida renovada pelo encontro com Cristo. Mas, a expressão de Santo Inácio – "viver segundo o domingo" – sublinha também o valor paradigmático que este dia santo tem para os restantes dias da semana.
De facto, o domingo não se distingue com base na simples suspensão das actividades habituais, como se fosse uma espécie de parêntesis dentro do ritmo normal dos dias; os cristãos sempre sentiram este dia como o primeiro da semana, porque nele se faz memória da novidade radical trazida por Cristo. Por isso, o domingo é o dia em que o cristão reencontra a forma eucarística própria da sua existência, segundo a qual é chamado a viver constantemente: "Viver segundo o domingo" significa viver consciente da libertação trazida por Cristo e realizar a própria existência como oferta de si mesmo a Deus, para que a sua vitória se manifeste plenamente a todos os homens através de uma conduta intimamente renovada.
[Sacramentum Caritatis, 72]

F. Perguntas para o casal e o grupo

PARA O CASAL
  1. A nossa família sente o domingo como um tempo com e para os outros?
  2. Como é o relacionamento entre a nossa família, as demais famílias e a comunidade cristã?
  3. Que gestos de serviço e de caridade vivemos dentro de casa, durante a semana? Que compromissos de caridade sugerimos em prol dos outros, sobretudo dos mais necessitados?
  4. A nossa casa mantém a porta aberta ao mundo, aos seus problemas e às suas necessidades?
PARA O GRUPO FAMILIAR E A COMUNIDADE
  1. Hoje em dia, a dimensão comunitária do domingo é pouco vivida. Que remédios e sugestões podemos encontrar?
  2. As comunidades cristãs transmitem às famílias a experiência da comunhão»? As famílias estimulam as comunidades cristãs a um estilo de vida mais fraterno?
  3. A caridade tornou-se uma atenção constante da vida paroquial? As associações e instituições caritativas (Caritas) constituem uma expressão de toda a comunidade?
  4. Como se ajudam as famílias entre si na educação para o valor de uma vida despendida pelos outros, suscitando vocações para a missão?

G. Um compromisso para a vida familiar e social

H. Orações espontâneas. Pai-Nosso

I. Canto final

FONTE: http://www.family2012.com/pt/catequeses.php

quinta-feira, 17 de maio de 2012

CATEQUESE PREPARATÓRIA PARA O VII ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS - CATEQUESE 9 - O TRABALHO, DESAFIO PARA A FAMÍLIA

   

A FAMÍLIA: O TRABALHO E A FESTA

Catequeses preparatórias
para o VII Encontro Mundial das Famílias

(Milão, 30 de Maio – 3 de Junho de 2012)

9. A FESTA, TEMPO PARA O SENHOR

A. Canto e saudação inicial

B. Invocação do Espírito Santo

C. Leitura da Palavra de Deus

23Num dia de sábado, o Senhor caminhava pelos campos e os seus
discípulos, andando, começaram a colher espigas. 24Os fariseus
disseram-lhe: «Vê! Por que fazem eles no sábado o que não é permitido?
». Jesus respondeu-lhes: 25«Nunca lestes o que fez David,
quando se achou em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros?
26Ele entrou na casa de Deus, sendo Abiatar príncipe
dos sacerdotes, e comeu os pães da proposição, dos quais só aos
sacerdotes era permitido comer, e deu-os também aos seus companheiros
». 27E dizia-lhes: «O sábado foi feito para o homem, e
não o homem para o sábado; 28e, por isso, o Filho do homem é
senhor também do sábado» (Mc 2, 23-28).
1Depois disso, Jesus voltou a manifestar-se aos seus discípulos,
junto do lago de Tiberíades. Manifestou-se-lhes deste modo: 2Estavam
juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que
era de Caná da Galileia), os filhos de Zebedeu e outros dois dos
seus discípulos. 3Disse-lhes Simão Pedro: «Eu vou pescar». Responderam-
lhe eles: «Também nós vamos contigo». Partiram e
entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam.
4Tendo chegado a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos
não O reconheceram. 5Perguntou-lhes Jesus: «Amigos, não
tendes acaso alguma coisa para comer?». «Não», responderam-lhe.
6Disse-lhes: «Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis».
Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la, por causa da grande
quantidade de peixes. 7Então aquele discípulo, que Jesus amava,
disse a Pedro: «É o Senhor!». Quando Simão Pedro ouviu dizer
que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e
lançou-se na águas. 8 Os outros discípulos vieram na barca,
arrastando a rede dos peixes (pois não estavam muito longe da
terra, somente cerca de duzentos côvados). 9Quando chegaram à
terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas,
além do pão. 10Disse-lhes Jesus: «Trazei aqui alguns dos peixes
que agora apanhastes». 11Subiu Simão Pedro e puxou a rede para
a terra, cheia com cento e cinquenta e três peixes grandes. Apesar
de serem tantos, a rede não se rompeu. 12Disse-lhes Jesus: «Vinde,
comei». Nenhum dos discípulos ousou perguntar-lhe: «Quem és
tu?», pois bem sabiam que era o Senhor. 13Jesus aproximou-se,
tomou o pão e deu-lhes, e do mesmo modo fez com o peixe. 14Esta
era já a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos,
depois de ter ressuscitado dentre os mortos (Jo 21, 1-14).

D. Catequese bíblica

1.      Jesus, «Senhor» do sábado. O domingo nasce como «memória» semanal da ressurreição de Jesus, celebra a «presença» real do Senhor ressuscitado, cumpre a «promessa» da sua vinda gloriosa. Nos primeiros tempos do cristianismo, o dies dominicus não substituiu imediatamente o sábado judaico, mas viveu em simbiose com ele. Para compreender isto, temos que meditar sobre três momentos: a relação entre Jesus e o sábado; o surgimento do primeiro dia da semana; o domingo nos primeiros séculos. Nestes três momentos torna-se presente o significado espiritual e teológico do domingo cristão como memória, presença e promessa.
No Evangelho, Jesus manifestou uma liberdade particular em relação ao sábado, a tal ponto que a sua actividade taumatúrgica parece concentrar-se naquele dia: pensemos no episódio das espigas recolhidas no dia de sábado (cf. Mc 2, 23-28; Mt 12, 1-8; Lc 6, 1-5); na cura do homem com a mão seca (cf. Mc 3, 1-6; Mt 12, 9-14; Lc 6, 6-11), da mulher curvada (cf. Lc 13, 10-17) e de um homem hidrópico (cf. Lc 14, 1-6). O evangelista João insere num dia de sábado a cura do paralítico na piscina (cf. 5, 1-18) e o episódio do cego de nascença (9, 1-41). Em relação ao sábado, Jesus move-se numa tríplice perspectiva. Antes de tudo, Jesus confirma a veneração pelo mandamento do sábado: para além da prática legalista dos fariseus, Jesus reconhece, vive e recomenda o significado do sábado.
O episódio das espigas recolhidas num dia de sábado interpreta a Lei à luz da vontade de Deus: «O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado». O sábado tem como finalidade a vida plena do homem (cf. Mc 3, 4; Mt 12, 11-12). Em segundo lugar: Jesus cumpre o sentido do sábado, libertando o homem do mal. O sábado é o auge da obra de Deus, e o homem é criado para o sábado autêntico, ou seja, a comunhão com Deus. A missão de Jesus cumpre-se no gesto de oferecer à humanidade a graça de realizar a sua vocação, aquela para a qual Deus a criou desde a origem. Isto acontece sobretudo para aqueles que vivem feridos no corpo e na alma: os doentes, os aleijados, os cegos, os pecadores.
O sábado é o dia dos gestos de libertação de Jesus. Enfim, Jesus é o «Senhor» do sábado. Renovando a obra de criação e de libertação do mal, Jesus revela-se a si mesmo como plenitude de vida, finalidade do mandamento sabático. Jesus é o o Senhor do sábado porque é o Filho e, como Filho, introduz na plenitude do sábado.
Para experimentar a «presença» do Senhor ressuscitado, a família deve deixar-se iluminar pela eucaristia dominical. A celebração da missa torna-se o fulcro vivo e pulsante do dia do Senhor, da sua presença aqui e hoje como Ressuscitado. A eucaristia faz-nos chegar à margem do mistério santo de Deus. No domingo, a família encontra o centro da semana, o dia que conserva a sua vida quotidiana. Isto acontece quando a família se interroga: podemos encontrar juntos o mistério de Deus? Na sua simplicidade, a celebração deixa que o «mistério» de Deus venha ao nosso encontro.
O rito coloca a família em contacto com a nascente da vida, a comunhão com Deus e a comunhão fraternal. Aliás, muito mais: o mistério cristão é a vida nova de Jesus ressuscitado, que se torna presente na assembleia eucarística. A eucaristia dominical constitui o fulcro do domingo e da festa. Nela a família recebe a vida nova do Ressuscitado, acolhe o dom do Espírito, ouve a palavra, compartilha o pão eucarístico e manifesta-se no amor fraterno. Por isso, o domingo é o senhor dos dias, o dia do encontro com o Ressuscitado!
2.     O «primeiro dia da semana». O domingo é a «memória» da Páscoa de Jesus. Segundo o concorde testemunho evangélico, Cristo ressuscitou no «primeiro dia da semana» (Mc 16, 2.9; Mt 28, 1; Lc 24, 1; Jo 20, 1). Nesse dia cumpriram-se todos os acontecimentos sobre os quais se fundamenta a fé cristã: a ressurreição de Jesus, as aparições pascais e a efusão do Espírito. Os cristãos das origens retomaram o ritmo semanal judaico mas, a partir da ressurreição, começaram a dar uma importância fundamental ao «primeiro dia depois do sábado» (Lc 24, 1). No âmbito desse dia, João e Lucas inserem a memória das refeições consumidas em companhia do Ressuscitado (cf. Lc 24, 13-35 e Jo 21, 1-14), colorando-os com traços eucarísticos. O texto contido no capítulo 21 de São João descreve bem a atmosfera dos encontros eucarísticos das primeiras comunidades cristãs. Jesus «toma, dá graças e distribui» o pão partido (Jo 21, 12.9-14), e é «reconhecido ao partir o pão» (Lc 24, 30.35). Em continuidade com as refeições de Jesus colocam-se as «reuniões» do primeiro dia da semana, recordadas em Act 20, 7 como um momento da assembleia comunitária para «partir o pão» e para ouvir a palavra do apóstolo, e mencionadas em 1 Cor 16, 2 como dia da colecta para os pobres de Jerusalém. Por este motivo, o domingo é conotado por estes três elementos: a escuta da Palavra, o partir do pão para a partilha fraterna e a caridade.
Mais tarde, em Ap 1, 10, será chamada o «Dia do Senhor». Assim, a Igreja das origens confirma o vínculo de continuidade e de diferença em relação ao sábado. O «dia do Senhor» é o dia da memória da ressurreição.
Participando na missa, a família dedica espaço e tempo, oferece energias e recursos, aprende que a vida não é feita unicamente de necessidades a atender, mas de relações a construir. A gratuidade da eucaristia dominical exige que a família participe na memória da Páscoa de Jesus. Na missa, a família alimenta-se na mesa da palavra e do pão, que dá sabor e sentido às palavras e ao alimento compartilhado à mesa de casa. Desde crianças, os filhos devem ser educados para a escuta da palavra, retomando em casa aquilo que se ouve na comunidade. Isto permitir-lhes-á descobrir o domingo como «dia do Senhor». O encontro com Jesus ressuscitado, no âmago do domingo, deve alimentar-se na memória de Jesus, na narração do Evangelho, na realidade do pão partido e do corpo oferecido. A memória do Crucificado ressuscitado marca a diferença do domingo em relação ao tempo livre: se não nos encontrarmos com Ele, a festa não se realiza, a comunhão é apenas um sentimento e a caridade se reduz a um gesto de solidariedade, que no entanto não constrói a comunidade cristã e não educa para a missão. Enquanto nos introduz no coração de Deus, a eucaristia do domingo faz a família, e a família, na comunidade cristã, faz de um certo modo a Eucaristia.
3.     O domingo nos primeiros séculos. Nos primeiros tempos da vida da Igreja, o domingo e a eucaristia no dia do Senhor punham fortemente em evidência também a espera da vinda do Senhor. São Justino, filósofo e mártir, deixou-nos a imagem sugestiva da comunidade cristã congregada no «dia do Senhor», correspondente ao dia seguinte ao sábado.
«No dia, chamado do Sol, reúne-se a assembleia. Todos aqueles que moram na cidade ou no campo encontram-se no mesmo lugar, para a leitura das memórias dos apóstolos ou dos escritos dos profetas, na medida que o tempo o permitir. Depois, quando o leitor termina, aquele que preside dirige palavras de admoestação e de exortação, que convidam a imitar gestas tão bonitas. Em seguida, levantamo-nos todos juntos e elevamos orações; quando terminamos de orar, trazem pão, vinho e água. Então, aquele que preside formula a oração de louvor e de acção de graças, com todo o fervor, e o povo aclama: Amém!
Enfim, a cada um dos presentes são distribuídos e comunicados os elementos sobre os quais foram dadas graças, enquanto os mesmos são enviados aos ausentes por mão dos diáconos. No fim, aqueles que possuem em abundância e que o desejarem, oferecem livremente quanto quiserem. Aquilo que se reúne é depositado junto de quem preside, e ele socorre os órfãos, as viúvas e quantos, por doença ou por outro motivo, se encontram em necessidade, e depois também aqueles que estão na prisão e os peregrinos que chegam de fora. Em síntese, cuida de todos os necessitados» (cf. I Apologia, LXVII, 36).
O domingo é o dia da assembleia dos cristãos e faz-nos sentir o clima das primeiras comunidades, que viviam a eucaristia dominical como uma «antecipação» da vida nova conferida pelo Ressuscitado e «promessa» da transformação do mundo. Hoje, a Igreja e a família são novamente convocadas a esta nascente que jorra, a fim de que a originalidade do domingo cristão não venha a perder-se. Sobretudo em alguns períodos do ano, como o Advento e o Natal, renova-se a espera da vinda do Senhor, através dos gestos que em família e na comunidade alimentam o sentido da esperança.

E. Escuta do Magistério

A família é coisa do domingo, «dia de alegria e de descanso»: é assim que o define o Concílio Vaticano II, na Constituição Sacrosanctum concilium. Deve ser coisa não tanto do domingo como dia livre, descanso colectivo, festa popular, mas principalmente do domingo como «dia do Senhor», ou seja, como dia da assembleia eucarística, da qual parte e para a qual converge (fonte e ápice), em unidade de tempo e de lugar, toda a vida cristã. Os outros aspectos do domingo vêm sucessivamente: são importantes, mas não essenciais. A assembleia eucarística é necessária para a família. A família cristã organiza a sua vida, educa-se a si mesma e os seus filhos, de maneira a poder dar à missa a precedência sobre qualquer outro compromisso.
Domingo, dia do Senhor
«Por tradição apostólica, que nasceu do próprio dia da Ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal de oito em oito dias, no dia que justamente se denomina dia do Senhor, ou domingo. Nesse dia devem os fiéis reunir- se para participar na Eucaristia e para ouvir a palavra de Deus, e assim recordar a Paixão, a Ressurreição e a glória do Senhor Jesus, e dar graças a Deus que os "regenerou para uma esperança viva pela Ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos" (1 Pd 1, 3). O domingo é, pois, o principal dia de festa a propor e a inculcar no espírito dos fiéis; seja também o dia da alegria e do repouso.
Não deve ser sacrificado a outras celebrações que não sejam da máxima importância, porque o domingo é o fundamento e o centro de todo o ano litúrgico».
[Sacrosanctum Concilium, 106]

F. Perguntas para o casal e o grupo

PARA O CASAL
  1. Como são sentidos na nossa família o domingo e o encontro com o Senhor ressuscitado?
  2. Os gestos e a ritualidade em casa e na comunidade permitem sentir a vida nova do Ressuscitado, a alegria da sua presença?
  3. A experiência da gratuidade dos bens e do tempo, a escuta da Palavra em casa e na igreja, a mesa eucarística compartilhada, fazem-nos viver o domingo como Páscoa semanal?
  4. Em que momentos do ano, especialmente, e com que gestos vivemos a eucaristia dominical, como tempo da espera e da esperança?
PARA O GRUPO FAMILIAR E A COMUNIDADE
  1. Na sociedade contemporânea, o que é que impede de viver o domingo como dies dominicus (dia do Senhor)?
  2. A educação para o rito e a atmosfera da comunidade cristã introduzem verdadeiramente no encontro com o Crucificado ressuscitado?
  3. Como pode o domingo tornar-se o dia do Evangelho e da memória da ressurreição de Jesus?
  4. De que modo o caminho do ano litúrgico, com os seus tempos e as suas festas, consegue manifestar a espera do Senhor?

G. Um compromisso para a vida familiar e social

H. Orações espontâneas. Pai-Nosso

I. Canto final

quarta-feira, 16 de maio de 2012

CATEQUESE PREPARATÓRIA PARA O VII ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS - CATEQUESE 8 - A FESTA, TEMPO PARA A FAMÍLIA

  

A FAMÍLIA: O TRABALHO E A FESTA

Catequeses preparatórias
para o VII Encontro Mundial das Famílias

(Milão, 30 de Maio – 3 de Junho de 2012)

8. A FESTA, TEMPO PARA A FAMÍLIA

A. Canto e saudação inicial

B. Invocação do Espírito Santo

C. Leitura da Palavra de Deus

1Assim foram completados os céus, a terra e todos os seus exércitos.
2Tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que tinha feito,
descansou do seu trabalho. 3Ele abençoou o sétimo dia e consagrou-
o, porque nesse dia repousara de toda a obra da Criação.
4Esta é a história da criação dos céus e da terra (Gn 2, 1-4a).
8Recorda-te do dia de sábado, para o santificares. 9Trabalharás
durante seis dias e realizarás toda a tua obra; 10mas no sétimo dia,
que é o sábado em honra do Senhor, teu Deus, não realizarás
qualquer trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o
teu escravo, nem a tua escrava, nem os teus animas e nem sequer
o estrangeiro que estiver hospedado na tua casa. 11Porque em seis
dias o Senhor criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto eles contêm,
e descansou no sétimo dia; por isso, o Senhor abençoou o dia
de sábado, e consagrou-o (Êx 20, 8-11).

D. Catequese bíblica

1.     O sétimo dia da criação. O homem moderno criou o tempo livre e perdeu o sentido da festa. É necessário recuperar o sentido da festa, e de modo particular do domingo, como «um tempo para o homem», aliás, «um tempo para a família». Voltar a encontrar o fulcro da festa é decisivo também para humanizar o trabalho, para lhe atribuir um significado que não o reduza a ser uma resposta às necessidades, mas que o abra ao relacionamento e à partilha: com a comunidade, com o próximo e com Deus.
O sétimo dia é, para os cristãos, o «dia do Senhor», porque celebra o Ressuscitado presente e vivo no seio da comunidade cristã, na família e na vida pessoal. É a Páscoa semanal. O domingo não interrompe a continuidade com o sábado judaico mas, ao contrário, completa-o. Por isso, para compreender a singularidade do domingo cristão é necessário referir-se ao sentido do mandamento do sábado. Para santificar a festa, em conformidade com o mandamento, o povo de Deus deve dedicar um tempo reservado a Deus e ao homem. No Antigo Testamento existe um forte vínculo entre o sétimo dia da criação e a lei de santificar o sábado. O mandamento do sábado, que reserva um tempo para Deus, conserva em si também a sua intenção de criar um tempo para o homem.
Depois da obra realizada nos seis dias, o descanso é o cumprimento da obra criadora de Deus. No primeiro dia Deus estabelece a medida do tempo, com a alternância de noite e dia; no quarto dia Deus cria os luzeiros, o sol e a lua, para que «sirvam de sinais para marcar o tempo, os dias e os anos» (Gn 1, 14); e no sétimo dia Deus «termina a obra que tinha feito». Início, centro e fim da semana da criação são caracterizadas pelo tempo, que tem a sua finalidade no dia de Deus. O sétimo dia é o momento do descanso e comunica a bênção a toda a criação. Não apenas interrompe a actividade humana, mas confere a fecundidade ligada ao descanso de Deus. Assim, o culto e a festa dão sentido ao tempo humano.
Através do culto, o tempo põe o homem em comunhão com Deus, e Deus entra na história do homem. O sétimo dia conserva o tempo do homem, o seu espaço de gratuidade e de relação.
Hoje, a festa como «tempo livre» é vivida no contexto do «fim-de-semana», que tende a dilatar-se cada vez mais e adquire características de dispersão e de evasão. O tempo do week-end, particularmente agitado, sufoca o espaço do domingo. Em vez do descanso, privilegia-se a diversão, a fuga das cidades, e isto influi sobre a família, principalmente se tem filhos adolescentes e jovens. Ela tem dificuldade de encontrar um momento doméstico de serenidade e de proximidade. O domingo perde a sua dimensão familiar: é vivido mais como um tempo «individual» do que como um espaço «comum». O tempo livre torna-se com frequência um dia «móvel» e corre o risco de não ser mais um dia «fixo», adaptando-se ao contrário às exigências do trabalho e da sua organização.
O homem não descansa somente para voltar ao trabalho, mas para fazer festa. É mais oportuno do que nunca que as famílias voltem a descobrir a festa como lugar do encontro com Deus e da proximidade recíproca, criando a atmosfera familiar sobretudo quando os filhos são pequenos. O clima vivido nos primeiros anos da casa natal permanece inscrito para sempre na memória do homem. Também os gestos da fé, no dia do domingo e nas festividades anuais, devem assinalar a vida da família, dentro de casa e na sua participação na vida da comunidade. «Não foi tanto Israel que conservou o sábado – afirmou-se – mas é o sábado que conservou Israel». Assim, também o domingo cristão conserva a família e a comunidade que a celebra, porque abre ao encontro com o mistério santo de Deus e renova os relacionamentos familiares.
2.     O mandamento de santificar o sábado. O terceiro mandamento do decálogo recorda a libertação do Egipto, o dom da liberdade, que constitui Israel como povo. Trata-se de um «sinal perene» da aliança entre Deus e o homem, em que participa toda a existência, até mesmo a vida animal. Nela participa também a terra (que tem o seu descanso no sétimo ano) e toda a criação (o jubileu, o sábado dos anos) (cf. Lv 25, 1-7 e 8-55). Por conseguinte, o sábado do decálogo possui um significado social e libertador. O mandamento não é motivado apenas mediante a obra criadora, mas também com a obra redentora: «Recorda-te de que foste escravo no país do Egipto, de onde o Senhor, teu Deus, te fez sair… O Senhor, teu Deus, ordenou-te que guardasses o dia de sábado» (Dt 5, 15). Obra da criação e memorial da libertação caminham de mãos dadas. «Guardar o dia de sábado» significa realizar um «êxodo» para a liberdade do homem, passando da «escravidão» ao «serviço». Durante seis dias o homem servirá com esforço, mas no sétimo dia cessará o trabalho servil, a fim de poder servir na gratidão e no louvor.
Portanto, o sábado tira do serviço/escravidão, para introduzir no serviço/liberdade.
Na Liturgia existe uma prece maravilhosa (Oração sobre as oferendas, do 20º Domingo), que nos pode ajudar a reencontrar a festa como cumprimento do trabalho do homem: «Recebei os nossos dons,ó Senhor, neste misterioso encontro entre a nossa pobreza e a vossa grandeza: nós oferecemos-vos aquilo que Vós nos concedestes e Vós, em contrapartida, oferecei-nos a Vós mesmo». Este texto invoca o prodigioso encontro entre a nossa pobreza e a grandeza de Deus. Este intercâmbio realiza-se no encontro entre o trabalho e a festa, entre a dimensão «produtiva» e a dimensão «gratuita» da vida. Em casa e na comunidade cristã, a família experimenta a alegria de transformar a vida de todos os dias numa liturgia viva. Na oração em casa, o casal prepara e irradia a celebração litúrgica festiva. Se os filhos virem os pais rezarem antes deles e com eles, aprenderão a orar na comunidade eclesial.
3.     A oração sobre as oferendas, acima recordada, termina com estas expressões: «E Vós, em contrapartida, ofereceis-nos a Vós mesmo». Esta invocação pede a Deus não apenas a saúde, a tranquilidade e a paz familiar, mas nada menos do que Ele mesmo. O sentido da fatiga de todos os dias é de transformar o nosso trabalho em oferta agradável, em reconhecimento do dom que nos foi oferecido: a vida, o cônjuge, os filhos, a saúde, o trabalho, as quedas e as retomadas da existência. A liberdade cristã consiste na libertação do homem do trabalho e no trabalho, a fim de ser livre para Deus e para o próximo. O homem e a mulher, mas sobretudo a família, devem inscrever no seu estilo de vida o sentido da festa, de maneira a viver não só como sujeitos em necessidade, mas como comunidade do encontro.
O encontro com Deus e com o outro é o âmago da festa. A mesa dominical, em casa e com a comunidade, é diferente daquela de todos os dias: a de cada dia serve para sobreviver, mas a do domingo serve para viver a alegria do encontro. A mesa festiva é tempo para Deus, espaço para a escuta e a comunhão, disponibilidade para o culto e a caridade. A celebração e o serviço são as suas formas fundamentais da lei, com as quais se honra a Deus e se recebe a sua dádiva de amor: no culto, Deus comunica-nos gratuitamente a sua caridade; no serviço, o dom recebido torna-se amor compartilhado e vivido com os outros. O dies Domini deve tornarse inclusive um dies hominis! Se a família se aproximar deste modo da festa, poderá vivê-la como o dia «do Senhor».

E. Escuta do Magistério

A família que sabe suspender o fluxo contínuo do tempo, fazendo uma pausa para recordar com gratidão os benefícios recebidos do seu Senhor, exercita-se em entrar no descanso de Deus. A família chamada a descansar no Senhor sabe reorientar a dispersão dos dias para o dia de acção de graças. Sabe transformar a expectativa dos dias na única espera do Dia do Senhor. Volta, como o leproso curado, para dar graças ao seu Senhor pela salvação de todos. Com a insistência da sua intercessão, abrevia o tempo da espera do oitavo dia, para o qual o Esposo promete à esposa: «Sim, eu venho depressa! Amém. Vinde, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20).
Recorda-te do dia de sábado
«O mandamento do Decálogo, pelo qual Deus impõe a observância do sábado tem, no livro do Êxodo, uma formulação característica: "Recorda-te do dia de sábado, para o santificares" (20, 8). E mais adiante, o texto inspirado dá a razão disso mesmo, apelando-se à obra de Deus: "Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo quanto eles contêm, e descansou no sétimo dia; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e consagrou-o" (v. 11). Antes de impor qualquer coisa a ser praticada, o mandamento indica algo a recordar. Convida a avivar a memória daquela grande e fundamental obra de Deus que é a criação. É uma memória que deve animar toda a vida religiosa do homem, para depois confluir no dia em que ele é chamado a repousar. O repouso assume, assim, um típico valor sagrado: o fiel é convidado a repousar não só como Deus repousou, mas a repousar no Senhor, devolvendo- lhe toda a criação, no louvor, na acção de graças, na intimidade filial e na amizade esponsal.
O tema da "lembrança" das maravilhas realizadas por Deus, posto em relação com o repouso sabático, aparece também no texto do Deuteronómio (cf. 5, 12-15), onde o fundamento do preceito é visto não tanto na obra da criação como sobretudo na libertação efectuada por Deus no êxodo: "Recorda-te de que foste escravo no país do Egipto, de onde o Senhor, teu Deus, te fez sair com mão forte e braço poderoso. É por isso que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado" (Dt 5, 15).
Esta formulação é complementar da precedente: consideradas juntas, elas revelam o sentido do "dia do Senhor" no âmbito de uma perspectiva unitária de teologia da criação e da salvação. O conteúdo do preceito não é, pois, primariamente uma interrupção qualquer do trabalho, mas a celebração das maravilhas realizadas por Deus.
Na medida em que esta "lembrança", repleta de gratidão e louvor a Deus, estiver viva, o repouso do homem, no dia do Senhor, assume o seu pleno significado. Por ele, o homem entra na dimensão do "repouso" de Deus para dele participar em profundidade, tornando-se assim capaz de experimentar aquele regozijo de alegria que o próprio Criador sentiu depois da criação, vendo que toda a sua obra "era muito boa" (Gn 1, 31)».
[Dies Domini, 16-17]

F. Perguntas para o casal e o grupo

PARA O CASAL
  1. Como vivemos o estilo do domingo na nossa família?
  2. O nosso domingo é um dia de «descanso no Senhor»?
  3. Para a Bíblia, a festa é um tempo de liberdade interior, de escuta recíproca e de proximidade familiar: como é a atmosfera doméstica no dia de domingo?
  4. O encontro com Deus e com o próximo é o âmago da festa: o nosso domingo põe verdadeiramente no centro a celebração de Deus e o tempo para os outros?
PARA O GRUPO FAMILIAR E A COMUNIDADE
  1. Quais são, na sociedade actual, os estilos de vida da festa e do tempo livre?
  2. Que experiências propõem as comunidades cristãs, para viver o domingo como um tempo para Deus e para os outros?
  3. A paróquia e as agregações eclesiais ajudam a «guardar o domingo»: que iniciativas podem ser tomadas?
  4. De que modo a celebração dominical pode tornar-se a «sarça ardente», que ajuda a reencontrar o sentido de Deus?

G. Um compromisso para a vida familiar e social

H. Orações espontâneas. Pai-Nosso

I. Canto final

FONTE: http://www.family2012.com/pt/catequeses.php

terça-feira, 15 de maio de 2012

CATEQUESE PREPARATÓRIA PARA O VII ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS - CATEQUESE 7 - O TRABALHO, DESAFIO PARA A FAMÍLIA

  

A FAMÍLIA: O TRABALHO E A FESTA

Catequeses preparatórias
para o VII Encontro Mundial das Famílias

(Milão, 30 de Maio – 3 de Junho de 2012)

7. O TRABALHO, DESAFIO PARA A FAMÍLIA

A. Canto e saudação inicial

B. Invocação do Espírito Santo

C. Leitura da Palavra de Deus

8Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, do lado
do oriente, e colocou aí o homem que Ele tinha criado. 9O Senhor
Deus fez brotar da terra toda a espécie de árvores, de aspecto agradável,
e de frutos bons para comer; a árvore da vida no meio do
jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. 10Um rio saía do
Éden para regar o jardim, e dividia-se em seguida em quatro córregos.
15O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim
do Éden, para o cultivar e para o guardar (Gn 2, 8-10.15).
17E disse, em seguida, ao homem: «Porque ouviste a voz da tua
mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer,
maldita seja a terra por tua causa!
Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento,
durante todos os dias de tua vida.
18Ela produzir-te-á espinhos e abrolhos,
e tu comerás a erva da terra.
19Comerás o pão com o suor do teu rosto,
até que voltes à terra
da qual foste tirado;
porque és pó, e pó te hás-de tornar!» (Gn 3, 17-19).

D. Catequese bíblica

1.      O Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden. O jardim no éden constitui uma dádiva que provém das mãos de Deus, um lugar maravilhoso, rico de água que irriga o mundo inteiro. O primeiro dever que Deus confia ao homem, depois de o ter criado,é de trabalhar no seu jardim, cultivando-o e guardando-o. O sopro de vida que Deus infundiu na humanidade enriquece-a de criatividade e de força, de genialidade e de vigor, a fim de que seja capaz de colaborar para a obra da sua criação.
Deus não é cioso da sua obra, mas coloca-a à disposição dos homens, sem qualquer desconfiança e com grande generosidade.
Não só Ele confia ao seu cuidado todas as suas outras criaturas, mas concede aos homens o espírito, a fim de que eles participem activamente na Sua criação, plasmando-a segundo o Seu desígnio. O espírito é o recurso que Deus inseriu na criatura humana, a fim de que cuide, para Ele e com Ele, de toda a criação.
Os homens não foram criados, como afirmavam algumas religiões do Antigo Oriente, para substituir o trabalho dos deuses ou para ser os seus escravos nos serviços mais humildes. A humanidade foi desejada por Deus para cultivar a natureza criada, colaborando activamente para a sua obra criativa.
Segundo a tradição bíblica, o trabalho manual goza de grande consideração e, nas escolas rabínicas, é acompanhado pelo estudo. Hoje, diante de um crescente desprezo por alguns tipos de profissões, especialmente artesanais, é mais oportuno do que nunca redescobrir a dignidade do trabalho manual. A conservação e o cultivo do jardim terrestre confiada por Deus à humanidade não diz respeito apenas à mente e ao coração, mas emprega também as mãos, o trabalho agrícola e a produção artesanal e industrial permanecem dois pontos de referência do trabalho, através dos quais os homens contribuem para o desenvolvimento de cada pessoa e da sociedade inteira.
Como afirma o n. 9 da Laborem exercens: «O trabalho é um bem do homem – é um bem da sua humanidade – porque, mediante o trabalho, o homem não somente transforma a natureza, adaptando-a às suas próprias necessidades, mas também se realiza a si mesmo como homem e até, num certo sentido, "se torna mais homem"».
2.      O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden. Deus não apenas planta um jardim, mas nele coloca o homem para o habitar.
O jardim terrestre é concedido aos homens, a fim de que vivam em comunhão entre si e, trabalhando, cuidem reciprocamente da sua vida. O trabalho não é uma punição divina, como se imaginava nos mitos antigos, nem uma condição de escravidão, como se pensava na cultura greco-romana: é sobretudo uma actividade constitutiva de cada ser humano. O mundo espera que os homens lancem mãos à obra. Eles têm a possibilidade e a responsabilidade de realizar no mundo criado o desígnio de Deus Criador. Nesta luz, o trabalho é uma forma com que o homem vive a sua relação e a sua fidelidade a Deus.
Por conseguinte, o trabalho não é o fim da vida: ele conserva a sua justa medida de meio. O fim é a comunhão e a co-responsabilidade dos homens com o seu Criador. Se o trabalho se tornasse uma finalidade, a idolatria do trabalho tomaria o lugar da colaboração exigida dos homens da parte de Deus. Deles não se requer simplesmente que trabalhem, mas que «trabalhem cultivando e guardando» a criação divina. O homem não trabalha por sua própria conta, mas colabora com a obra de Deus. Além disso, a sua colaboração é activa e responsável, de tal maneira que ele, evitando a indolência e exercendo a laboriosidade, «cultiva e guarda» a terra, «trabalhando».
O trabalho previsto para o homem no jardim do Éden é o do camponês, consiste principalmente em cuidar da terra a fim de que a semente nela lançada liberte toda a sua fertilidade, dando fruto em abundância. Promover a criação sem a deformar, valorizar as leis inscritas na natureza, pôr-se ao serviço da humanidade, de cada homem e de cada mulher, criados à imagem e semelhança de Deus, trabalhar para os libertar de todas as formas de escravidão, mesmo no campo do trabalho: eis algumas das tarefas confiadas ao homem, a fim de que contribua para fazer da humanidade uma única grande família.
3.      Para o cultivar e guardar. Enquanto na primeira narração da criação (cf. Gn 1) se perfila ao homem que reine sobre os animais e domine a terra, na segunda narração (cf. Gn 2) alude-se sobretudo à sementeira e ao cultivo da terra. E se na primeira narração não se entende um domínio despótico, mas principalmente o generoso senhorio do soberano que, sábia e equitativamente, busca o bem do seu povo, na segunda narração remete-se à paciência e à esperança, na expectativa dos frutos.
No tempo da expectativa, ao homem é pedida a virtude da fidelidade, semelhante àquela exigida daqueles que, em Israel, prestam serviço religioso no templo. A laboriosidade do homem requer, além disso, a humildade do camponês que observa a terra para adivinhar como melhor cultivá-la, como também a modéstia do carpinteiro que trabalha a madeira respeitando as suas veias.
A justa exploração dos recursos terrestres implica a salvaguarda da criação e a solidariedade para com as gerações vindouras. Uma máxima indiana ensina que «nunca deveríamos pensar que herdamos a terra dos nossos pais, mas que a emprestamos dos nossos filhos».
A tarefa de conservar a terra exige o respeito pela natureza, no reconhecimento da ordem desejada pelo seu Criador. Deste modo, o trabalho humano evade-se à tentação de dilapidar as riquezas e deturpar a beleza do planeta terra, tornando-o ao contrário, segundo o sonho de Deus, o jardim da coexistência e do convívio da família humana, abençoada pelo Pai celestial.
4.        Comerás o pão com o suor do teu rosto. O perigo de que o trabalho se torne um ídolo é válido também para a família. Isto acontece quando a actividade de trabalho detém o primado absoluto perante as relações familiares, quando ambos os cônjuges se sentem obcecados pelo lucro económico e depositam a sua felicidade unicamente no bem-estar material. O risco dos trabalhadores, em todas as épocas, é de se esquecer de Deus, deixando-se absorver completamente pelas ocupações mundanas, na convicção de que nelas se encontra a satisfação de todos os seus desejos. O justo equilíbrio no trabalho, capaz de evitar estas derivas, exige o discernimento familiar acerca das opções domésticas e profissionais. A este propósito, parece injusto o princípio que delega somente à mulher o trabalho doméstico e o cuidado da casa: toda a família deve ser envolvida nesta tarefa, em conformidade com uma distribuição equitativa dos deveres. Por outro lado, no que diz respeito à actividade profissional, é certamente oportuno que os cônjuges concordem em evitar ausências demasiado prolongadas do seio da família. Infelizmente, a necessidade de prover ao sustento da família muitas vezes não deixa aos cônjuges a possibilidade de escolher com sabedoria e harmonia.
O desleixo da vida religiosa e familiar opõe-se ao mandamento do amor a Deus e ao próximo, que Jesus indicou como o primeiro e maior de todos os mandamentos (cf. Mc 12, 28-31). Reconhecer o seu amor de Pai com todos os seus dons, viver neste horizonte é quanto Deus deseja para cada família humana. Reconhecer o amor do Pai que está nos céus e vivê-lo na terra, eis a vocação que é própria de cada família.
A fadiga é parte integrante do trabalho. Na era contemporânea, do «tudo e já», a educação para trabalhar «suando» é providencial. A condição da vida na terra, somente provisória e sempre precária, prevê também para a família cansaço e dor, sobretudo no que diz respeito ao trabalho a realizar para o próprio sustento. No entanto, o cansaço derivado do trabalho encontra sentido e alívio quando é assumido não para o enriquecimento egoísta pessoal, mas sim para compartilhar os recursos de vida, dentro e fora da família, especialmente com os mais pobres, na lógica do destino universal dos bens.
Às vezes os pais excedem ao evitar qualquer dificuldade aos filhos. Eles não devem esquecer que a família é a primeira escola de trabalho, onde se aprende a ser responsável por si mesmo e pelos outros, pelo ambiente comum de vida. A vida familiar, com as suas incumbências domésticas, ensina a apreciar o cansaço e a fortalecer a vontade em vista do bem-estar comum e do bem recíproco.

E. Escuta do Magistério

O cristão reconhece o valor do trabalho, mas sabe ver nele inclusive as deformações introduzidas pelo pecado. Por isso, a família cristã aceita o trabalho como uma providência para a sua vida e a vida dos seus familiares. Mas evita fazer do trabalho um valor absoluto e considera esta tendência, hoje muito difundida, como uma das tentações idolátricas desta época. Não se limita a afirmar uma convicção diferente. Ela delineia a sua vida de modo que ressalte uma prioridade alternativa. Faz sua a solicitude da Laborem exercens (cf. n. 9), para que «o trabalho, mediante o qual a matéria é nobilitada, o próprio homem não venha a sofrer uma diminuição da sua dignidade».
Trabalho: um bem para a pessoa e a sua dignidade
«E no entanto, com toda esta fadiga – e talvez, num certo sentido, por causa dela – o trabalho é um bem do homem. E se este bem traz em si a marca de um bonum arduum –"bem árduo" – para usar a terminologia de S. Tomás de Aquino, isto não impede que, como tal ele seja um bem do homem. E mais, é não só um bem "útil" ou de que se pode usufruir, mas é um bem "digno", ou seja, que corresponde à dignidade do homem, um bem que exprime esta dignidade e que a aumenta. Querendo determinar melhor o sentido ético do trabalho, é indispensável ter diante dos olhos, antes de mais nada, esta verdade […]
Sem esta consideração, não se pode compreender o significado da virtude da laboriosidade, mais exactamente não se pode compreender por que é que a laboriosidade haveria de ser uma virtude; efectivamente, a virtude, como aptidão moral, é algo que faculta ao homem tornar-se bom como homem. Este facto não muda em nada a nossa justa preocupação por evitar que no trabalho, mediante o qual a matéria é nobilitada, o próprio homem não venha a sofrer uma diminuição da sua dignidade. Sabe-se, ainda, que é possível usar de muitas maneiras o trabalho contra o homem, que se pode mesmo punir o homem com o recurso ao sistema dos trabalhos forçados nos lagers (campos de concentração), que se pode fazer do trabalho um meio para a opressão do homem e que, enfim, se pode explorar, de diferentes maneiras, o trabalho humano, ou seja o homem do trabalho. Tudo isto depõe a favor da obrigação moral de unir a laboriosidade como virtude com a ordem social do trabalho, o que há-de permitir ao homem "tornar-se mais homem" no trabalho, e não já degradar-se por causa do trabalho, desgastando não apenas as forças físicas (o que, pelo menos até certo ponto, é inevitável), mas sobretudo menoscabando a dignidade e subjectividade que lhe são próprias».
[Laborem Exercens, 9]

F. Perguntas para o casal e o grupo

PARA O CASAL
  1. Sabemos suster-nos nas nossas respectivas dificuldades profissionais?
  2. Procuramos com interesse ocasiões nas quais desempenhar em conjunto um trabalho manual?
  3. Os nossos filhos compreendem o cansaço do trabalho e o valor do dinheiro ganho mediante o compromisso e a fadiga?
  4. Sabemos compartilhar o produto do nosso trabalho também com os pobres?
PARA O GRUPO FAMILIAR E A COMUNIDADE
  1. Como influi a crise económica sobre a vida das nossas famílias?
  2. Nas nossas comunidades cristãs há preocupação por quantos estão desempregados, ou então desempenham um trabalho precário, pouco retribuído ou insalubre?
  3. Quais são as opções concretas que a família pode fazer para educar os mais pequeninos para a «salvaguarda da criação»?
  4. Ainda existem formas de escravidão no mundo do trabalho? Como podemos vencê-las, enfrentá-las e superá-las?

G. Um compromisso para a vida familiar e social 

H. Orações espontâneas. Pai-Nosso

I. Canto final

FONTE: http://www.family2012.com/pt/catequeses.php

segunda-feira, 14 de maio de 2012

CATEQUESE PREPARATÓRIA PARA O VII ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS - CATEQUESE 6 - O TRABALHO, RECURSO PARA A FAMÍLIA

 

A FAMÍLIA: O TRABALHO E A FESTA

Catequeses preparatórias
para o VII Encontro Mundial das Famílias

(Milão, 30 de Maio – 3 de Junho de 2012)

6. O TRABALHO, RECURSO PARA A FAMÍLIA

A. Canto e saudação inicial

B. Invocação do Espírito Santo

C. Leitura da Palavra de Deus

10Uma mulher virtuosa, quem poderá encontrá-la?
Muito superior ao das pérolas é o seu valor.
11Confia nela o coração do seu marido,
e jamais lhe faltará coisa alguma.
12Ela proporciona-lhe o bem, nunca o mal,
por todos os dias da sua vida.
13Ela procura lã e linho
e trabalha com mão alegre.
14Semelhante ao navio do mercador,
manda vir os seus víveres de longe.
15Levanta-se, quando ainda é noite,
distribui a comida à sua casa
e a tarefa às suas servas.
16Ela encontra uma terra, e adquire-a.
Planta uma vinha com o fruto das suas mãos.
17Cinge os seus rins de fortaleza,
e revigora seus braços.
18Alegra-se com o seu lucro,
e a sua lâmpada não se apaga durante a noite.
19Põe a mão na roca,
e os seus dedos manejam o fuso.
20Estende os braços ao infeliz
e abre a mão ao indigente.
21Ela não teme a neve na sua casa,
porque toda a sua família tem vestes duplas.
22Faz cobertas para si mesma:
as suas vestes são de linho fino e de púrpura.
23O seu marido é considerado às portas da cidade,
quando se senta com os anciãos do lugar.
24Tece túnicas e vende-as,
e fornece cintos ao mercador.
25Fortaleza e graça servem-lhe de ornamentos;
e tem confiança no dia de amanhã.
26Abre a boca com sabedoria,
e a sua língua profere amáveis instruções.
27Vigia o andamento da sua casa,
e não come o pão da ociosidade.
28Os seus filhos levantam-se para a proclamar bem-aventurada
e o seu marido para a elogiar:
29«Muitas mulheres demonstram vigor,
mas tu a todas excedes!».
30A graça é fala e a beleza é vã;
mas a mulher inteligente deve ser louvada.
31Reconhecei o fruto das suas mãos
e que as suas obras a louvem às portas da cidade.
(Pr 31, 10-31).

D. Catequese bíblica

1.      Uma mulher forte, quem poderá encontrá-la? No retrato do livro dos Provérbios, a actividade da mulher adquire um valor de importância primária na economia doméstica e familiar. A mulher, figura da sabedoria humana e ao mesmo tempo divina, exprime através do seu trabalho a genialidade criativa de toda a humanidade.
Com efeito, as qualidades atribuídas à mulher podem ser válidas para todas as pessoas chamadas ao sentido de responsabilidade pela família e pelo trabalho.
O quadro delineado é o da mulher ideal, que vive relações positivas no interior da famílias. Confiando na habilidade organizativa e na actividade de trabalho da esposa, em Israel o marido podia dedicar-se à profissão de juiz, ofício que competia aos homens sábios, geralmente aos anciãos que, com o passar do tempo, tinham adquirido a sabedoria.
Esta divisão dos deveres domésticos e profissionais esclarece a importância do comum acordo entre marido e esposa na programação do trabalho de ambos: a cada um é pedido que se comprometa a fim de que o outro possa melhor expressar os próprios talentos. Por sua vez, a sociedade deve oferecer à família todo o apoio possível, para que os cônjuges se tornem capazes de fazer livre e responsavelmente as suas escolhas de trabalho. Também os filhos, juntamente com o marido, elogiam a mãe, exaltando os seus dotes. Nas suas características certamente idealizadas, este pequeno quadro familiar é oferecido como um modelo do qual haurir inspiração e estímulo.
A família exemplar vive no temor de Deus e nele deposita a sua confiança. A prosperidade de que goza, reconhecida como um dom divino, é conservada e valorizada na laboriosidade quotidiana.
A mulher sente a responsabilidade que lhe foi confiada e empenha-se sem se poupar para corresponder à tarefa que lhe foi pedida. Mediante a sua atitude, ela convida todas as pessoas a serem responsáveis pelas próprias obras, mas também a cuidarem dos demais membros da família e a preocuparem-se pela vida social, contribuindo para o bem comum. Os dons e os dotes pessoais são, ao mesmo tempo, uma responsabilidade em relação a Deus e ao próximo. O pensamento corre à parábola dos talentos, dados a cada um a fim de que sejam multiplicados (cf. Mt 25, 14-30).
2.      Levanta-se quando ainda é noite. O levantar da mulher durante a noite e o seu trabalho nocturno descrevem um zelo que elimina qualquer forma de indolência. A laboriosidade da mulher, distante de toda a negligência, é ulteriormente sublinhada ao longo deste texto, observando que ela «vigia o andamento da sua casa, e não come o pão da ociosidade». Cada pessoa é chamada a velar constantemente para não ceder à tentação da indolência, renunciando às suas próprias responsabilidades e descuidando os seus compromissos.
O retrato da mulher ideal, alheia a qualquer forma de ociosidade, é o ícone de quem não teme o cansaço nem os sacrifícios, porque sabe que o consumo das suas energias não é vão, mas tem um sentido. Com efeito, com o seu trabalho provê às necessidades da sua família e é também capaz de socorrer o pobre e o indigente.
Este exemplo, sempre actual, interpela a vida familiar. Entre as responsabilidades da família encontra-se também a de se abrir às necessidades dos outros, próximos ou distantes que sejam. A atenção aos pobres é uma das mais bonitas formas de amor ao próximo, que uma família possa viver. Saber que mediante o próprio trabalho se ajuda aqueles que não dispõem do que lhes é necessário para viver, fortalece o compromisso e sustém no cansaço.
Por outro lado, oferecer aquilo que se possui a quantos nada têm, compartilhar com os pobres as próprias riquezas significa reconhecer que tudo o que recebemos é graça, e que na origem da nossa prosperidade existe contudo um dom de Deus, que não pode ser conservado para nós mesmos, mas há-de ser dividido com os outros. Através desta atitude promove-se a justiça social e contribui-se para o bem comum, contestando a propriedade egoísta da riqueza e contrastando a indiferença pelo bem comum.
3.      Abre a boca com sabedoria. Uma qualidade característica da família ideal é o abster-se das bisbilhotices. De que se fala em família? Qual é o teor das conversas? O fascínio da mulher descrita no livro dos Provérbios é alimentado inclusive pelo facto de que ela «abre a boca com sabedoria e a sua língua profere amáveis instruções». A tarefa dos pais consiste em ensinar os filhos a praticar o bem e a evitar o mal e, ulteriormente, a valorizar o mandamento do amor a Deus e ao próximo. A coerência de vida dos pais fortalece e torna verdadeiro o seu ensinamento, ainda mais quando ele se refere ao bem a praticar o ao amor a viver. O modelo daqueles que vivem o que ensinam permanece perenemente válido e, sobretudo nos dias de hoje, conserva toda a sua inigualável eficácia.
A comunicação hodierna parece muitas vezes deformada: pronunciam-se palavras e lançam-se mensagens com a superficialidade de quem não assume qualquer responsabilidade pelas consequências daquilo que afirma. A pessoa responsável procura a verdade dos acontecimentos e fala daquilo de que está persuadida.
A sabedoria bíblica convida a fugir da mentira e a evitar os discursos vãos. Ouvindo a Palavra de Deus, a família cristã tem a grande responsabilidade de testemunhá-la fielmente, evitando que seja sufocada por muitas palavras inúteis.
Numa sociedade onde a comunicação deformada e falaz está na origem de muitos sofrimentos e incompreensões, a família pode tornar-se o contexto propício para a educação na sinceridade e na verdade.
Admitir os próprios erros, pedindo perdão e assumindo coerentemente as responsabilidades pessoais, é um estilo de vida nada espontâneo, no qual é necessário educar os filhos desde a idade mais tenra.
Falando com sabedoria, a mulher ideal «só profere amáveis instruções» a dar. A sabedoria da palavra consiste em dar voz ao bem, evitando aqueles discursos de pura crítica que corrompem o diálogo familiar. Com esta finalidade, é preciso deixar que a escuta da Palavra de Deus, iluminando e enriquecendo a qualidade da comunicação, torne a vida familiar mais evangélica.
4.      Tem confiança no dia de amanhã. A vida familiar, e da mulher no seio da família, não é tão fácil e ao alcance, como aparece no retrato ideal descrito pelo livro dos Provérbios. Por exemplo, quando a mulher é obrigada a um duplo trabalho, dentro e fora de casa. Torna-se, por exemplo, de importância decisiva, quer sob o perfil prático quer afectivo, que os cônjuges compartilhem os deveres educativos e colaborem nos afazeres domésticos. Hoje em dia é mais preciosa do que nunca para muitas famílias a presença dos avós, cuja contribuição para a vida familiar, contudo, corre o risco de ser demasiado pouco reconhecida e excessivamente explorada.
O fascínio da mulher que tem confiança no dia de amanhã, evocando deste modo a esperança para o futuro, é de grande actualidade.
Apesar das dificuldades quotidianas, muitas famílias representam um autêntico sinal de esperança para a nossa sociedade. A virtude da esperança tem origem na entrega confiante à Providência divina.
Em relação a cada esposa e mãe, a gratidão é mais do que obrigatória: «Reconhecei – observa o livro dos Provérbios – o fruto das suas mãos». Os afazeres domésticos de cuidado da casa, de educação dos filhos, de assistência aos idosos e aos enfermos possui um valor social muito mais elevado que muitas profissões no mundo do trabalho, que de resto são bem retribuídas. A contribuição insubstituível da mulher para a formação da família e para o desenvolvimento da sociedade ainda espera o devido reconhecimento e a adequada valorização.
A família é o contexto para a formação em numerosas virtudes, é também escola de reconhecimento pelo compromisso assumido com gratuidade e amor pelos pais. Aprender a dizer «obrigado» não é automático, e não obstante é totalmente indispensável.
«Dom e responsabilidade» constituem o binómio no contexto do qual se insere o trabalho da família e de cada um no seu seio. Todos são chamados a reconhecer os dons recebidos de Deus, a pôr os que lhe são próprios à disposição dos outros e a valorizar os dons dos outros. Cada um é responsável pela vida dos outros: com o trabalho, cada um provê ao bem de todos em família e pode também contribuir para quem está em necessidade. Vivendo deste modo, os afectos e os vínculos familiares dilatam-se a ponto de reconhecer em cada homem e em cada mulher um irmão e uma irmã, todos filhos do mesmo Pai.

E. Escuta do Magistério

O trabalho é um recurso para a família no dúplice sentido de constituir uma fonte de sustento e de desenvolvimento da família e, ao mesmo tempo, um lugar em que se exerce a solidariedade entre as famílias e entre as gerações. O ensinamento da Igreja sugere que se tenha em correlação o trabalho com a família. De resto, que modelo de desenvolvimento poderíamos imaginar sem a família, que recolhe os seus frutos e que através das suas próprias escolhas generativas orienta os seus ulteriores desenvolvimentos? A Laborem exercens propõe a correlação do trabalho com a família e recorda-nos que «a família é uma comunidade tornada possível pelo trabalho e, ao mesmo tempo, a primeira escola interna de trabalho para todos e cada um dos homens».
Trabalho e família
«O trabalho constitui o fundamento sobre o qual se edifica a vida familiar, que é um direito fundamental e uma vocação do homem. Estas duas esferas de valores – uma conjunta ao trabalho e a outra derivante do carácter familiar da vida humana – devem unir-se entre si e compenetrar-se de um modo correcto. O trabalho, de alguma maneira, é a condição que torna possível a fundação de uma família, uma vez que a família exige os meios de subsistência que o homem obtém normalmente mediante o trabalho. Assim, trabalho e laboriosidade condicionam também o processar-se da educação na família, precisamente pela razão de que cada um "se torna homem" mediante o trabalho, entre outras coisas, e que o facto de se tornar homem exprime exactamente a finalidade principal de todo o processo educativo. Como é evidente, entram aqui em jogo, num certo sentido, dois aspectos do trabalho: o que faz dele algo que permite a vida e o sustento da família, e aquele outro mediante o qual se realizam as finalidades da mesma família, especialmente a educação.
Não obstante a distinção, estes dois aspectos do trabalho estão ligados entre si e completam-se em vários pontos. Deve-se recordar e afirmar que, numa visão global, a família constitui um dos mais importantes termos de referência, segundo os quais tem de ser formada a ordem sócio-ética do trabalho humano. A doutrina da Igreja dedicou sempre especial atenção a este problema e será necessário voltar ainda a ele no presente documento. Com efeito, a família é uma comunidade tornada possível pelo trabalho e, ao mesmo tempo, a primeira escola interna de trabalho para todos e cada um dos homens».
[Laborem Exercens, 10]

F. Perguntas para o casal e o grupo

PARA O CASAL
  1. Damos graças ao Senhor pelo trabalho que nos permite manter a nossa família?
  2. Que relação se interpõe entre o facto de sermos trabalhadores e a nossa vocação de cônjuges e pais?
  3. Os afazeres domésticos e o cuidado dos filhos são compartilhados por ambos?
PARA O GRUPO FAMILIAR E A COMUNIDADE
  1. No mundo do trabalho subsistem discriminações injustas entre homens e mulheres, entre mulheres solteiras e casadas?
  2. Que papel educativo podem desempenhar a família, a escola e a paróquia, na formação dos jovens para o valor da laboriosidade e da responsabilidade social?
  3. Como recuperar hoje em dia a solidariedade no mundo do trabalho? Que ajuda pode oferecer a Igreja?

G. Um compromisso para a vida familiar e social

H. Orações espontâneas. Pai-Nosso

I. Canto final

FONTE: http://www.family2012.com/pt/catequeses.php

domingo, 13 de maio de 2012

CATEQUESE PREPARATÓRIA PARA O VII ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS - CATEQUESE 5 - O TRABALHO E A FESTA NA FAMÍLIA

A FAMÍLIA: O TRABALHO E A FESTA

Catequeses preparatórias
para o VII Encontro Mundial das Famílias

(Milão, 30 de Maio – 3 de Junho de 2012)

5. O TRABALHO E A FESTA NA FAMÍLIA

A. Canto e saudação inicial

B. Invocação do Espírito Santo

C. Leitura da Palavra de Deus

26Então, Deus disse: «Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.
Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos
céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre
todos os répteis que se arrastam sobre a terra».
27E Deus criou o homem à sua imagem;
criou-o à imagem de Deus:
criou-os varão e mulher.
28Deus abençoou-os e disse-lhes:
«Frutificai e multiplicai-vos,
enchei a terra e submetei-a.
Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus
e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra».
29Deus disse: «Eis que eu vos dou toda a erva que produz semente
sobre a terra, e todas as árvores frutíferas que contêm em si mesmas
a sua semente, para que vos sirvam de alimento. 30E a todos os animais
da terra, a todas as aves dos céus, a todos os seres que se
arrastam sobre a terra, e em que haja o sopro da vida, eu dou toda a
erva verde como alimento». E assim se fez. 31Deus contemplou toda
a sua obra, e viu que tudo era muito bom. Sobreveio a tarde e depois
a manhã: foi o sexto dia.
1Assim foram completados os céus, a terra e todos os seus exércitos.
2Tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que tinha
feito, descansou do seu trabalho. 3Ele abençoou o sétimo dia e
consagrou-o, porque nesse dia repousara de toda a obra da
Criação. 4Esta é a história da criação dos céus e da terra
(Gn 1, 26-31; 2, 1-4a).

D. Catequese bíblica

1.        Deus disse: façamos o homem. A narração bíblica das origens apresenta a criação do homem, varão e mulher, como obra de Deus, fruto do seu trabalho. Deus cria o homem, trabalhando como o oleiro que plasma o barro (cf. Gn 2, 7). E também quando der vida ao seu povo Israel, libertando-o da escravidão do Egipto e conduzindo-o rumo à terra prometida, a obra de Deus assemelhar- se-á ao trabalho do pastor, que age conduzindo o seu rebanho rumo à pastagem (cf. Sl 77, 21).
A obra criadora de Deus é acompanhada da sua palavra, aliás, realiza-se mediante a sua palavra: «Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança"… E Deus criou o homem à sua imagem…». Aquilo que Deus leva a cabo não é sobretudo «usado»,mas contemplado. Ele contempla aquilo que tinha feito, até captar o seu esplendor, e alegra-se diante da beleza do bem que Ele criou.
Aos seus olhos, o trabalho parece uma obra-prima. Quem ainda sabe admirar-se diante das maravilhas do mundo, revive de alguma maneira o júbilo de Deus. Ainda hoje, para quem sabe olhar com simplicidade e fé, a beleza do universo convida a reconhecer a mão de Deus e a compreender que não se trata de um produto do acaso, mas a obra amorosa do Criador para a criatura humana que, não apenas é «boa» como todas as outras, mas é «muito boa».
A palavra que acompanha a criação de Deus não pode falar também ao homem que trabalha: jamais deveria acontecer que o trabalho sufoque o homem, a ponto de o reduzir ao silêncio! Desprovido do direito de palavra, o trabalhador precipita na condição de escravo, a quem é impedido alegrar-se pelo seu trabalho, porque todo o fruto lhe é arrebatado pelo patrão.
Para poder viver, o homem deve trabalhar, mas as condições de trabalho devem salvaguardar e, aliás, promover a sua dignidade de pessoa.
Hoje, o mercado do trabalho obriga não poucas pessoas, principalmente se são jovens e mulheres, a situações de incerteza constante, impedindo-os de trabalhar com a estabilidade e as seguranças de ordens económica e social, as únicas que podem garantir às jovens gerações a formação de uma família, e às famílias, a geração e a educação dos seus filhos.
A oportuna «flexibilidade» do trabalho, exigida pela chamada «globalização», não justifica a permanente «precariedade» de quem tem na sua única «força-trabalho» o recurso para assegurar para si mesmo e para a sua família o necessário para viver. Previdências sociais e mecanismos de tutela adequados devem integrar a economia do trabalho, a fim de que sobretudo as famílias que vivem os momentos mais delicados, como a maternidade, ou mais difíceis, como a enfermidade e o desemprego, possam contar com uma razoável segurança económica.
2.        Deus disse-lhes… enchei a terra e submetei-a. A criação «muito boa» não deve ser apenas contemplada pelo homem, mas é também um apelo à colaboração. Com efeito, o trabalho é para cada homem uma chamada a participar na obra de Deus e, por isso, um verdadeiro lugar de santificação. Transformando a realidade, ele reconhece que o mundo vem de Deus, que o empenha a completar a obra boa por ele encetada. Isto significa, por exemplo, que o grave desemprego, fruto da actual crise económica mundial, não apenas priva as famílias dos meios de sustento necessários mas, negando ou reduzindo a experiência de trabalho, impede que o homem se desenvolva plenamente.
O trabalho não deve submeter o homem, mas o homem, através do trabalho, é chamado a «submeter» a terra (cf. Gn 1, 28). Todo o globo terrestre está à disposição do homem, a fim de que ele, mediante a sua engenhosidade e o seu compromisso, descubra os recursos necessários para viver e faça deles o devido uso. Para esta finalidade, hoje muito mais que no passado, não podemos esquecer que a terra nos foi confiada por Deus como um jardim a apreciar e a cultivar (cf. Gn 2, 7).
O uso responsável dos recursos da terra, em ordem a um desenvolvimento sustentável, tornou-se hoje uma questão de primeiro plano, a «questão ecológica». A degradação ambiental de muitas regiões do planeta, o aumento dos níveis de poluição e outros factores negativos, como o sobreaquecimento da terra soam como campainhas de alarme em relação a uma condução do progresso tecnocientífico que descuida os efeitos colaterais das suas empresas. Estudar políticas industriais, agrícolas e urbanísticas que ponham no centro o homem e a salvaguarda da criação é a condição imprescindível para garantir às famílias, já hoje e de maneira especial no futuro, um mundo habitável e hospitaleiro.
Depois de ter trabalhado durante seis dias na criação do mundo e do homem, no sétimo dia Deus descansa. O descanso de Deus recorda ao homem a necessidade de suspender o trabalho, para que a vida religiosa pessoal, familiar e comunitária não seja sacrificada aos ídolos do acúmulo da riqueza, do progresso da carreira e do incremento do poder. O homem não vive só de relações de trabalho, em função da economia. É necessário tempo para cultivar as relações gratuitas dos afectos familiares e dos vínculos de amizade e de parentesco.
Infelizmente, no Ocidente a cultura predominante tende a considerar o indivíduo sozinho mais funcional à sociedade da produção e do consumo: mais produtivo, porque mais disponível à mobilidade e à flexibilidade dos horários, sob o ponto de vista da percentagem ele consome mais do que as pessoas que vivem em família.
3.      Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26) o homem, como Deus, trabalha e descansa. O tempo tranquilo do descanso e jubiloso da festa é também o espaço para dar graças a Deus, criador e salvador.
Suspendendo o trabalho, os homens recordam a experimentam que na origem da sua actividade de trabalho está a obra criativa de Deus. A criatividade humana mergulha as suas raízes no Deus criador: só Ele cria a partir do nada.
Descansando em Deus, os homens encontram também a justa medida do seu trabalho, comparativamente com a sua relação com o próximo. A actividade de trabalho está ao serviço dos vínculos mais profundos que Deus quis para a criatura humana. O pão que se ganha trabalhando não é só para si mesmo, mas doa sustento também aos outros com os quais se vive. Através do trabalho, os cônjuges nutrem a sua relação e a vida dos seus filhos.
Além disso, o trabalho é inclusive o gesto de justiça com que as pessoas participam no bem da sociedade e contribuem para o bem comum. Tempo de gratuidade para as relações interpessoais e sociais, o descanso do trabalho é uma ocasião propícia para alimentar os afectos familiares, assim como para estreitar laços de amizade com outras famílias. Com efeito, os ritmos de trabalho contemporâneos, estabelecidos pela economia consumista, limitam até quase anular, especialmente no caso de certas profissões, os espaços da vida comum, sobretudo em família. As actuais condições de vida parecem desmentir aquilo que se imaginava até há pouco tempo. Esperava-se que o progresso tecnológico aumentasse o tempo livre. Os ritmos de trabalho frenéticos, as viagens para ir ao trabalho e voltar para casa, reduzem drasticamente o espaço de confronto e partilha entre os cônjuges e a possibilidade de estar com os filhos. Entre os desafios mais árduos dos países economicamente desenvolvidos há o de equilibrar os tempos da família com os tempos do trabalho. No entanto, a tarefa difícil dos países em fase de desenvolvimento consiste em aumentar a produtividade, sem perder a riqueza das relações humanas, familiares e comunitárias, resolvendo e conciliando a relação família-trabalho, tanto no contexto das migrações externas como internas no mesmo país.
4.      Deus abençoou-os…Da narração da criação sobressai uma estreita ligação entre o amor conjugal e a actividade de trabalho: com efeito, a bênção de Deus diz respeito à fecundidade do casal eà sujeição da terra. Esta dúplice bênção convida a reconhecer a bondade da vida familiar e da vida de trabalho. Por isso, encoraja a encontrar uma forma de viver a família e o trabalho de modo equilibrado e harmonioso. Hoje não faltam tentativas que vão neste rumo, como por exemplo, onde é possível e oportuno, o horário parcial de trabalho, ou as autorizações e as licenças compatíveis com os deveres de trabalho, mas correspondentes às necessidades da família. Também a flexibilidade dos horários pode favorecer o justo equilíbrio entre as exigências familiares, ligadas sobretudo ao cuidado dos filhos, e as exigências do trabalho.
A bênção é dada aos cônjuges a fim de que sejam fecundos e beneficiem da fecundidade da terra. Abençoada por Deus, a famíliaé chamada a reconhecer os dons que recebe de Deus. Um modo concreto para recordar a obra benéfica de Deus, origem de todo o bem, é a oração de bênção que a família recita à hora das refeições.
Reunir-se para louvar a Deus e para lhe dar graças pelo alimento é um gesto tanto simples quanto profundo: é a expressão da gratidão do Pai dos céus que provê aos seus filhos na terra, concedendolhes a graça de se amarem e o pão para viverem.

E. Escuta do Magistério

Não apenas o trabalho mas o próprio descanso festivo constitui um direito fundamental e, ao mesmo tempo, um bem indispensável para os indivíduos e as suas famílias: é quanto se afirma na exortação pós-sinodal Sacramentum caritatis. O homem e a mulher valem mais do que o seu trabalho: eles são feitos para a comunhão e para o encontro. Por conseguinte, o domingo configura-se não já como um intervalo ao cansaço, a preencher com actividades frenéticas ou experiências extravagantes, mas sim como o dia do descanso que abre ao encontro, leva a redescobrir o outro e permite dedicar tempo às relações em família e com os amigos e à oração.
O sentido do descanso e do trabalho
«É particularmente urgente no nosso tempo lembrar que o dia do Senhor é também o dia de repouso do trabalho. Desejamos vivamente que isto mesmo seja reconhecido também pela sociedade civil, de modo que se possa ficar livre das obrigações laborais sem ser penalizado por isso.
De facto, os cristãos – não sem relação com o significado do sábado na tradição hebraica – viram no dia do Senhor também o dia de repouso da fadiga quotidiana. Isto possui um significado bem preciso, ou seja, constitui uma relativização do trabalho, que tem por finalidade o homem: o trabalho é para o homem e não o homem para o trabalho. É fácil intuir a tutela que isto oferece ao próprio homem, ficando assim emancipado duma possível forma de escravidão.
Como já tive ocasião de afirmar, "o trabalho reveste uma importância primária para a realização do homem e o progresso da sociedade; por isso torna-se necessário que aquele seja sempre organizado e realizado no pleno respeito da dignidade humana e ao serviço do bem comum.
Ao mesmo tempo, é indispensável que o homem não se deixe escravizar pelo trabalho, que não o idolatre pretendendo achar nele o sentido último e definitivo da vida» (Homilia na solenidade de São José, 19 de Março de 2006). É no dia consagrado a Deus que o homem compreende o sentido da sua existência e também do trabalho (cf. Compêndioda Doutrina Social da Igreja, n. 258)».
[Sacramentum Caritatis, 74]

F. Perguntas para o casal e o grupo

PARA O CASAL
  1. Sentimos-nos realizados na nossa actividade de trabalho?
  2. Confrontamos-nos a propósito das nossas experiências de trabalho?
  3. O exercício da profissão entra em conflito com os nossos vínculos conjugais e familiares?
  4. Temos o hábito de rezar à hora das refeições? Que significado atribuímos à bênção do alimento?
PARA O GRUPO FAMILIAR E A COMUNIDADE
  1. Nas nossas comunidades cristãs presta-se atenção aos problemas do trabalho e da economia?
  2. Na Caritas in veritate, Bento XVI fala de condições para um «trabalho decente» (CV, 63): de que modo podemos comprometer- nos para garantir a todos os homens um trabalho digno?
  3. A flexibilidade no campo do trabalho constitui uma oportunidade ou um prejuízo?
  4. Que formas de idolatria do trabalho estão presentes na sociedade em que vivemos?

G. Um compromisso para a vida familiar e social

H. Orações espontâneas. Pai-Nosso

I. Canto final

FONTE: http://www.family2012.com/pt/catequeses.php