"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

domingo, 12 de dezembro de 2010

No Silêncio da Casa de Nazaré...


"Àquele que, Filho do Altíssimo, esvaziado de si mesmo, fazendo-se homem e, protegido por José e Maria, no silêncio da casa de Nazaré, sem palavras nos ensinou a dignidade e os valores primordiais do matrimônio e da família, esperança da humanidade, na qual a vida recebe acolhida, desde o sua concepção, até o seu fim natural.

Ele nos ensinou também que toda a Igreja, escutando e colocando em prática a sua Palavra, se transforma na sua família. E, ainda mais, nos concedeu a missão de ser semente de fraternidade que, semeada em todos os corações, alimenta a esperança."

Mensagem de Sua Santidade, Papa Bento XVI, em sua visita à Espanha, no dia 07 de novembro de 2010. Tradução de Nicole Melhado - equipe CN Notícias:
http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=278693

CATEQUESE SOBRE O CASAMENTO (muito interessante!)


CASAMENTO É FONTE DE VIDA
Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança (Gn. 1,26), chamando-o à existência por amor. Deus é amor (1 Jo. 4,8) e vive em si um mistério de comunhão pessoal de amor. O amor é, portanto, o fundamento e a vocação original de cada ser humano (FC 11).
O matrimônio é uma realidade criada por Deus num plano de amor. Criando o homem e a mulher à sua imagem, os quis capazes de um amor total, que no casamento é fonte de nova vida.
O Concílio Vaticano II ressalta como finalidade do matrimônio não só a procriação e educação dos filhos, mas o "pacto" ou "aliança" de amor entre os cônjuges, voltado para a comunhão de vida entre eles (GS 48). No entanto, o amor não se exaure no âmbito dos dois consortes, mas na máxima doação possível, tornam-se cooperadores com Deus pelo dom da vida a uma nova pessoa humana (FC 14).Sendo o amor vivido no matrimônio, participação do Deus-amor-aliança, torna-se também sinal desse mesmo Deus manifestado em Jesus Cristo. As alegrias e a ternura do amor conjugal tornam-se símbolo e vocação do amor que Deus tem para com a Comunidade.

MATRIMÔNIO: SACRAMENTO EM JESUS CRISTO
A comunhão entre Deus e os homens encontra seu cumprimento definitivo em Jesus Cristo, o esposo que ama e se doa com o Salvador da humanidade (FC 13; EF 5,32 ss). Assim também o matrimônio torna-se em Jesus Cristo, sacramento, manifestação da comunhão entre Deus e a humanidade, entre Cristo e a Igreja. Essa nova aliança em Jesus Cristo torna a Igreja, seu corpo, sacramento de sua vida e esperança. Nos mistérios da Encarnação do Verbo e da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, essa revelação atinge a plenitude definitiva. Desta feita, o matrimônio torna-se em Jesus Cristo, sacramento, manifestação da comunhão em Deus e a humanidade, entre Jesus Cristo e a Igreja. É na comunhão de vida dos esposos que se expressa o grande mistério da união de amor de Jesus Cristo com sua Igreja. Desta maneira, o vínculo dos casais torna-se imagem e símbolo da aliança que une Deus e seu povo (FC 12, Os. 3). O amor de Deus, total e irreversível, funda a indissolubilidade do matrimônio cristão. Deus nunca faltará à sua palavra e ao seu compromisso. Ele não muda seu amor, mas o expressará sempre de novo. No casamento cristão, sacramento deste amor divino no humano e humano no divino, o amor é para sempre laço indissolúvel, por toda vida. Por conseguinte, o autêntico amor humano tem como exigência a perenidade do matrimônio. Como dom e aceitação recíproca, o amor conjugal se exige total, sem reservas e incondicionado. Estão em jogo o respeito profundo dos esposos, a felicidade dos filhos e o bem da Comunidade.

MATRIMÔNIO E A FAMÍLIA
O matrimônio e a família são tarefas permanentes, realidade a serem edificadas dia-a-dia, com a graça de Jesus Cristo e a vivência eclesial. Estão presentes na família a fraqueza humana e o pecado. O sacramento é a força libertadora e, ao mesmo tempo, graça para continuar edificando a vida a dois e viver as responsabilidades assumidas. Sobretudo, é do matrimônio e da família que nasce um complexo de relações inter-pessoais- as núpcias - a paternidade - a maternidade - filiação e fraternidade, mediante a qual cada pessoa humana é introduzida na família humana e na grande família do povo de Deus, a Igreja (FC 16). Torna-se assim, o matrimônio, sinal profético do amor-aliança e do amor pascal do Senhor.

MATRIMÔNIO E A DIMENSÃO SOCIAL
Não se pode esquecer a dimensão social do matrimônio. Mesmo quando são realizadas as tarefas mais específicas, necessita de outras famílias e oferece também ajuda na comunhão e participação da vida. Deve, ainda, estar inserida na Comunidade, com seu trabalho, testemunho e serviço. Não se compreende mais uma família fechada em si mesma. A celebração do matrimônio significa assumir o amor conjugal no contexto cristão, isto é, compromisso com a Comunidade humana. Significa também o compromisso para com os esposos (Diretório dos Sacramentos, Ed. Paulinas, p. 116).

PREPARAÇÃO REMOTA PARA O MATRIMÔNIO
01. "O fundamento da preparação remota é a própria vida de família, pois é nesta que a pessoa humana, desde os primeiros anos de existência, inicia o seu processo de personalização a partir da experiência básica de confiança na vida, que leva à descoberta do próprio eu e à abertura de doação aos outros" (Orientações Pastorais sobre o Matrimônio e CNBB, Doc 12, p. 5).
02. "A preparação remota para o Sacramento do Matrimônio deve inserir-se na pastoral mais ampla da vocação, dentro da qual a escolha da vida conjugal há de entender-se como uma vocação especial, a vocação dos chamados por Deus para servi-lo no matrimônio" (HV 25).
03. Essa preparação comporta a educação para o amor humano, educação esta que se deve cultivar em todas as etapas da vida e nas diversas linhas de pastoral.
04. O ambiente familiar, tarefa importante dos pais, propiciará essa educação para o amor humano, desenvolvendo a capacidade crítica diante da realidade e das idéias veiculadas pelos meios de comunicação acerca do matrimônio e da família.
05. "Quando as famílias não se desencumbem dessa missão de educar os filhos para o amor cristão, isto é, de filho de Deus, e na medida em que falham nela, começa a ser prejudicada, já desde a infância, a capacidade de assumir, como convém, o casamento. Por preparação remota para o matrimônio" (CNBB, Doc 12,1.8, p. 7).
06. A família, Igreja doméstica e a Comunidade cristã de base, comprometida com a realidade, irão dando no decorrer da vida o sentido cristão do matrimônio.
07. "Na escola, a educação para o amor cristão não deve ser exclusivamente limitada a informações isoladas, nem muito menos cingir-se simplesmente aos seus aspectos biológicos" (CNBB, Doc 12,1.10, p. 7).
08. "É todo um núcleo de valores que deve ser transmitido num processo educativo que, para ser válido, deverá respeitar a evolução natural da pessoa na sua realidade transcendente de filho de Deus e para o qual concorre, positiva ou negativamente, todo o ambiente escolar" (CNBB, Documento 12,1.11, p. 7 e 8).

PREPARAÇÃO PRÓXIMA PARA O MATRIMÔNIO
01. "O objetivo da preparação próxima para o matrimônio é propiciar aos noivos um aprofudamento na compreensão e vivência do amor bem como de sua celebração sacramental; conscientizá-los mais ainda a respeito das próprias responsabilidades; capacitá-los de fato para uma opção verdadeiramente adulta, consciente e livre, com que venham a assumir as exigências de um casamento feito perante a Igreja; torná-los conhecedores dos meios de que disporão para viver a vida matrimonial conforme o ideal evangélico" (CNBB, Documento 12,2.1, p. 10).
02. Sugere-se a formação de Equipes de Namorados e Noivos participantes da vida da Comunidade. O conteúdo dessas reuniões poderá ser organizado a partir dos objetivos propostos: partindo da Palavra de Deus, da vida e oração litúrgica, da participação nos Sacramentos, sobretudo na Penitência e Eucaristia e pela prática da caridade. Merecem especial preparação aos noivos não batizados ou que não fizeram a Primeira Eucaristia ou não receberam o Sacramento do Crisma (cf. Cân. 889 ss.). Essas reuniões poderão ser também feitas nas casas para se dar um cunho mais familiar. É oportuno salientar o item 2.14 do Documento 12 da CNBB, como parte importante da preparação próxima para o casamento, o processo de habilitação que favorece o encontro dos nubentes com o sacerdote. Esse encontro e diálogo esclarecedor é de grande importância, sobretudo para comprovar a liberdade dos noivos e o grau de instrução na doutrina católica.
03. Nas Paróquias ou Comunidades, onde se realizam os encontros preparatórios para o matrimônio, sejam organizadas EQUIPES DE AGENTES com devida formação para esse serviço. Esses agentes deverão, periodicamente, atualizar seus conhecimentos acerca do conteúdo dos Encontros. Entre os pontos essenciais que devem constar de uma catequese pré-matrimonial autêntica, ressaltamos os seguintes:
3.1. O matrimônio é uma sociedade entre dois filhos de Deus, destinada a realizá-los como filhos de Deus até a plenitude;
3.2. Pela vivência do amor-caridade como sinal e instrumento de amor fecundo de Cristo por sua Igreja.
3.3. Pela procriação e educação consciente e generosa dos filhos, como objetiva e concreta realização do amor conjugal, consagrado pela caridade fecunda de Cristo por sua Igreja.
3.4. É superação do dualismo que separa matéria/Espírito, corpo/alma; os jovens compreenderão que na vivência humana de seu amor é que se explicita e se realiza a dimensão sacramental do casamento.
3.5. É superação da superstição e da visão mágica do sacramento pelo entendimento de que sua eficácia depende da firmeza da disposição anterior e do esforço em vista do compromisso de amor assumido de forma adulta.
3.6. É a compreensão de que a fé implica compromisso ético para com a justiça e o amor do próximo, o qual deve ser vivido no matrimônio e transbordar para a Comunidade em que a família está inserida.
3.7. É a compreensão de que o amor humano é uma imagem do amor de Deus, que se caracteriza pela gratuidade.
3.8. É o entendimento de que o sacramento só deve ser assumido com prévia evangelização consciente, com opção de fé, de modo que por coerência e autenticidade, não devem os nubentes assumi-lo por simples imposição social (Pastoral da Família, Comunicação Mensal número 291, p. 1294 e Estudos da CNBB número 20, p. 5055).

OUTROS PONTOS A SEREM CONSIDERADOS
4.1. "A visão crítica sobre a família, mostrando o perigo do conservadorismo, do abafamento da personalidade da mulher, da manipulação realizada pelos meios de comunicação social, os perigos da educação funcionalista"
4.2. a visão crítica da sociedade, mostrando os conflitos, opressões, manipulações, interferências ideológicas que controlam a sociedade;
4.3. a explanação sobre a função social da sexualidade, mostrando que ela não é um mero assunto privado em função dos indivíduos, mas que tem uma função social, pela qual a pessoa está comprometida com a justiça e o amor ao próximo.
4.4. a visão da fé em Jesus Cristo, da Igreja e do Sacramento;
4.5. a visão do matrimônio, mostrando que ele atinge sua plenitude na disponibilidade de servir (Diretório dos sacramentos da arquidiocese de São Paulo p. 127);
4.6. Nas sedes paroquiais e nas Comunidades do interior onde já se conseguiram agentes de pastoral devidamente capacitados para isso, seja estabelecida como norma geral a obrigatoriedade da catequese matrimonial. A não obrigatoriedade levaria exatamente os jovens e as famílias mais precisadas a se eximirem dessa catequese... Aqueles que livremente escolhem casar na Igreja aceitam implicitamente as condições que esta exige (CNBB, Documento 12,2.10, p. 14).
4.7. Nos outros lugares onde não existem ainda os agentes de pastoral necessários para tal catequese, até que eles sejam formados - o que urge conseguir o mais rapidamente possível - será preciso contentar-se com uma preparação mais resumida antes do casamento, a qual nunca deve omitir-se.
4.8. Os padres e os agentes de pastoral assim como os demais cristãos com capacidade para propor uma catequese matrimonial eficiente, sejam incentivados a assumir tão importante ministério (CNBB, Documento 12, 2.11 e 2.12, p. 14 - 15).
4.9. Devem ser evitadas "preparações rápidas", em vista a cumprir meramente uma formalidade.
4.10. Há casos que merecem atenção pastoral especial. Em tais casos, os párocos poderão consentir na preparação particular.
4.11. Não esquecer da importância do acompanhamento dos recém-casados, sobretudo orientando-os com uma bem fundamental Pastoral Familiar, catequese essa que os capacitará a enfrentar as forças contrárias do amor, da união e da harmonia.
4.12.É preciso uma catequese bem fundamentada e ampla, para que possa ajudar aqueles que se acham afastados da vida eclesial comprometida. Não esquecer do espírito criativo, para não cair num mero mecanismo.

PROCESSO MATRIMONIAL
O Cânon 1067 deixa ao encargo da Conferência Episcopal as determinações sobre o processo da habilitação matrimonial. Para tanto é bom ter em mãos o "Decreto de promulgação da legislação complementação ao código de direito canônico", que, em seis parágrafos, considera:
- Colóquio com os nubentes
- Documentos exigidos
- Proclamas
- Residência
- Impedimentos
- Preparação doutrinal
01. O processo matrimonial deverá ser feito ao menos dois meses antes da data do casamento. A Cúria fornecerá formulário próprio, com seus respectivos requisitos e comprovantes.
02. Só ao próprio Pároco ou a outro sacerdote especialmente autorizado, compete o preenchimento da parte processual que envolve o juramento (cf. Cân.1 112). Além do aspecto burocrático, haja um contato pastoral, na dimensão da fé, antes da entrada formal do processo.
03. O processo matrimonial será feito na paróquia ou da noiva ou do noivo, ficando livre a opção.
04. Quando os nubentes são de diferentes paróquias numa mesma cidade, o processo deverá ser feito numa das duas paróquias de domicílio, pedindo à outra publicação de proclamas.
05. Quando os nubentes têm domicílio ou quase - domicílio na mesma paróquia e querem casar-se numa outra paróquia da mesma diocese, o pároco enviará a documentação juntamente com a ata de transferência à paróquia onde será celebrado o matrimônio. Ficará aí arquivada a documentação e anotada no livro de casamento. Esta mesma paróquia fará a notificação às respectivas paróquias.
06. No caso de Paróquias diferentes dentro da mesma Diocese, o procedimento é igual ao item 5 (quando os nubentes têm domicílio ou quase-domicílio na mesma Paróquia e querem casar-se numa outra da mesma Diocese).
07. Quando os nubentes forem de Dioceses diferentes e querem casar- se numa terceira Diocese, as Paróquias providenciarão os respectivos documentos de transferência (Antigo Instrumento Canônico). O processo do envio do documento de transferência segue o item 5 acima referido.
08. Uma vez feito o processo, deverão ser feitos os proclamas, anunciados ou afixados em local de fácil acesso, durante duas semanas. Os proclamas correrão nas Paróquias da residência dos noivos.
09. Caso os noivos peçam transferência de Paróquia para celebração do casamento, esta não poderá ser negada.
10. Quanto às taxas do processo matrimonial e da celebração: a) os noivos pagam a taxa onde o processo é feito; b) pagam a taxa da Celebração onde o casamento é realizado.

COMPROVANTE DE REQUISITOS
1. Dados pessoais
1.1. A apresentação do documento civil é necessária para comprovação (RG, Título de Eleitor ou Carteira Profissional).
1.2. Caso os noivos sejam menores de dezoito anos e se a maioridade não tiver sido declarada em juízo, deverão se fazer acompanhar pelos pais ou seus responsáveis. A idade mínima para o casamento é de dezesseis anos para o homem e 14 anos para a mulher (isto para a validade cf. Cân. 1083). Observando as prescrições do Cân. 1083,2 a CNBB estabeleceu a idade mínima para o homem 18 anos e para a mulher 16 anos (isto para liceidade cf. Cân. 1072).
2. Estado livre (este requisito é para demonstrar que os noivos não têm vínculo anterior que impeça o matrimônio).
2.1. Certidão autêntica de batismo expedida expressamente para o casamento e com data não anterior a seis meses de apresentação da mesma, incluindo eventuais anotações marginais do livro de batizados;
2.2. Atestado de óbito do cônjuge anterior, quando se trata de nubente viúvo;
2.3. Comprovante de habilitação para o casamento civil;
2.4. Outros documentos eventualmente necessários, ou requeridos pelo bispo diocesano (cf. Legislação complementares ao CIC, CNBB, nº. 16).
3. Batismo
É condição FUNDAMENTAL para o sacramento do matrimônio. A certidão será pedida quando os nubentes forem batizados em outro local diferente onde farão o processo matrimonial (compete à secretária paroquial pedir a certidão pelo correio). Caso os noivos façam o processo na Paróquia onde foram batizados, basta anotar no processo o número do livro do batismo, folha e número do termo.
Nota: Quando não se encontrar o termo do batismo, providencia-se uma certidão negativa. Neste caso, pede-se o testemunho de pessoas de confiança que conheçam o(a) nubente, pede-se o juramento do(a) persistir a dúvida quanto ao batismo, o(a) nubente deverá ser batizado(a) sob condição.
4. Eucaristia - Crisma
Batismo, Confirmação e Eucaristia, chamados sacramentos de iniciação, levam à plenitude cristã. Os noivos, antes do matrimônio, sejam motivados para receberem o sacramento da Crisma, caso não o tenham recebido e a participarem da Eucaristia. Se preciso for, providencie-se uma catequese especial para os dois sacramentos, evitando, porém, que seja apressada ou simplista (cf. Cân. 1065). Não seria bom, neste caso, o pároco solicitar a faculdade ao Ordinário para administrar o Sacramento da Confirmação? (cf. Cân. 882).

NOÇÃO SOBRE IMPEDIMENTOS
A - Em Geral
Tanto o código de 17 como o de 83 afirmam que o matrimônio tem como causa eficiente o consentimento dos nubentes, mas que este deve ser manifestado publicamente entre pessoas hábeis segundo o direito (cf. Cân. 1057). Hábil para contrair matrimônio é aquele que não possui algum impedimento, por outro lado, todos podem contrair matrimônio, desde que não sejam proibidos pelo direito (cf. Cân. 1058). Logo, qualquer limitação neste campo constitui uma exceção.
Com o impedimento matrimonial a pessoa, por força de uma determinada circunstância, é constituída objeto proibido do contrato.
O impedimento pode ser:
1. de direito divino - natural (positivo), isto é, pela própria natureza do matrimônio, como acontece nos casos de impotência ou de vínculo (diz respeito a todos os homens e não podem ser dispensados);
2. de direito eclesiástico, isto é, cabe à Igreja declará-lo com suas leis. No caso de disparidade de culto, de crime, se existir uma justa causa, podem ser dispensados. Foram praticamente suprimidos os impedimentos proibitivos (proibenti): voto público temporário, castidade perfeita, parentesco legal.
O Código afirma o princípio: não se dispensa jamais nem o impedimento de consaguinidade em linha reta, nem aquele de segundo grau de linha colateral.
Os impedimentos reservados à Santa Sé:
- Ordem Sagrada
- Voto público perpétuo de castidade emitido num Instituto Religioso de Direito Pontifício.
- Crime.
Colocados estes dois princípios, isto é, de não dispensabilidade (consanguinidade) e de reserva (:Santa Sé), o Código da faculdade geral ao Ordinário do lugar de dispensar de todos os outros impedimentos de direito eclesiástico dos seus súditos e daqueles que atualmente habitam no próprio território (cf. Cân. 1078 e 87).
Em caso de morte o Ordinário do lugar pode dispensar dos impedimentos de direito eclesiástico seja públicos ou ocultos (cf. Cân.1079) exceto aquele proveniente da Sagrada Ordem do presbiterato.
Goza da mesma faculdade de dispensar o impedimento eclesiástico o Pároco e o ministro sagrado (sacerdote ou diácono) legitimamente delegado.
Esta faculdade é ampliada no Cân. 1080, ao surgir um impedimento próximo à realização das núpcias na impossibilidade de se recorrer ao Ordinário do lugar (excetuando os impedimentos reservados à Santa Sé).
O Cân. 1081 se refere à comunicação ao Ordinário do Lugar da dispensada. O Pároco ou diácono que em conformidade com o Cân. 1079 e parág. 2 tenha dispensado o impedimento deve, sem atraso, referi-lo àquele que tenha autoridade de dispensa.
B - Em espécie
1. Direito divino - natural:
- Impotência "coeundi" Cân. 1084 (A esterilidade não é impedimento, a não ser em caso de dolo (cf. Cân. 1098)).
- Vínculo - Cân. 1085.
- Consanguinidade no primeiro grau da linha reta - Cân.1091.
2. Direito Eclesiástico:
2.1. Idade - Cân. 1083
a) 16 anos para o homem; 14 anos para a mulher.
b) Sem licença do Bispo diocesano, fora do caso de urgente e estrita necessidade, os Párocos ou seus delegados não assistam aos matrimônios de homens menores de dezoito (18) anos ou de mulheres menores de dezesseis (16) anos completos (cf. Complementação legislativa ao CIC CNBB número 27).
2.2. Disparidade de culto - Cân. 1086
Lembramos a diferença entre casamento misto e disparidade de culto. O casamento misto é a celebração do matrimônio entre dois batizados válidos, católico e acatólico. A disparidade de culto é a celebração do matrimônio entre um batizado na Igreja católica e um outro não batizado. Sobre a disposição normativa de matrimônio misto (cf. 2.11).
2.3. Ordem sagrada - Cân. 1087
2.4. Voto religioso - Cân. 1088
2.5. Rapto (ou sequestro) - Cân. 1089. Normalmente não se dá dispensa deste impedimento.
2.6. Crime - Cân. 1090.
2.7. Consanguinidade - Cân. 1091. Para a dispensa considerar até o quarto grau da linha colateral (entre primos irmãos). Para a dispensa contar as pessoas e não a geração.
Exemplo: 3º grau 4º grau (tio-sobrinho) (primos irmãos)
2.8. Afinidade - Cân. 1092. Trata-se da afinidade em linha reta em qualquer grau. Foi suprimido na linha colateral.
2.9. Pública honestidade - Cân. 1093. O âmbito deste impedimento é unicamente o primeiro grau da linha reta entre o homem e as consanguíneas da mulher e vice-versa.
2.10. Parentesco legal - Cân. 1094. O impedimento é em linha reta de forma indeterminada e em segundo grau da linha colateral. O teor do impedimento se regula pela legislação de cada nação.
2.11. Matrimônios mistos
São aqueles realizados entre duas pessoas batizadas, uma católica e outra acatólica (cânones 1124-1125- 1126 e 1086). A celebração é proibida sem a licença expressa da autoridade competente ou do Ordinário do lugar. Neste assunto a CNBB promulga: "Ao preparar o processo de habilitação de matrimônios mistos, o Pároco pedirá e receberá as declarações e compromissos, preferivelmente por escrito e assinados pelo nubente católico. A Diocese adotará um formulário especial em que conste expressamente a disposição do nubente católico de afastar o perigo de vir a perder a fé, bem como a promessa de fazer o possível para que a prole seja batizada e educada na Igreja católica. Tais declarações e compromissos constarão pela anexação ao processo matrimonial do formulário especial, Pároco no mesmo processo. Ao preparar o processo de habilitação matrimonial, o Pároco cientificará, oralmente, a parte acatólica dos compromissos da parte católica e disso fará anotação no próprio processo" (cf. Legislação Complementar ao Código de Direito Canônico - CNBB referente aos cânones 1126 e 1129 - Decreto 4/86).
C - Outros casos que necessitam de dispensa
1. Casamentos "ecumênicos"
Para isto cf. Cân. 1127,3. O consentimento dos noivos é sempre solicitado e recebido pelo ministro assistente católico. O ministro não católico pode participar ativamente da celebração (oração, leituras, homilias, bênçãos).
2. Forma Canônica Ordinária: Poderá ser dispensada pelo bispo diocesano - Cân. 1127 parág.2
Promulgação da CNBB sobre o Cân. 1127 parág. 2 (Decreto 4186): "Para se obter uma atuação concorde quanto à forma canônica dos matrimônios mistos, observe o seguinte:
2.1. A celebração dos matrimônios mistos se faça na forma canônica, segundo as prescrições do Cân. 1108.
2.2. Se surgirem graves dificuldades para sua observância, pode o ordinário do lugar da parte católica, em cada caso, dispensar da forma canônica, consultado o ordinário do lugar onde se celebrará o matrimônio
2.3. Consideram-se dificuldades graves:
2.3.1. Sério conflito de consciência em algum dos nubentes; 2.3.2. Perigo próximo de grave dano material ou moral;
2.3.3. Oposição irredutível da parte não próximo.
2.4. Atenda-se também, na concessão da dispensa, à repercussão que possa ter junto à família e Comunidade da parte católica.
2.5. Em substituição da forma canônica dispensada, exigir-se- á dos nubentes, para a validade do matrimônio, alguma forma pública de celebração. 2.6. Quando a anotação dos matrimônios celebrados com dispensa da forma canônica, observe-se o procedimento prescrito no Cân. 1121 parág. 3.
3. Forma canônica extraordinária
Se, por graves razões, o ministro assistente não puder estar presente, os noivos podem casar-se validamente perante duas testemunhas, nesses dois casos:
- em perigo de morte;
- fora de perigo de morte, contanto que prudentemente se preveja que este estado de coisas vai durar por um mês - Cân. 1116 parág.1.
4. Casos que merecem atenção
Exceto em caso de necessidade, sem a licença do Ordinário local, ninguém assista:
4.1. a matrimônio de vagos: Entende-se por vagos aqueles que não têm domicílio ou quase domicílio em nenhum lugar, conforme o Cân. 100 e Cân. 102. Para estes não conta o Cân. 1066.
4.2. a matrimônio que não possa ser reconhecido ou celebrado civilmente.
É o caso de uma das partes unida civilmente em matrimônio não reconhecida pela Igreja ou porque os contraentes são contrários à transcrição por motivo de pensão que querem conservar e que perderiam com a transcrição. Neste caso, é preciso consultar antes de ter a licença do Ordinário do local;
4.3. a matrimônio de quem tem obrigações naturais para com outra para ou parte com filhos nascidos de união precedente;
4.4. a matrimônio de quem tenha abandonado notoriamente a fé católica;
4.5. a matrimônio de quem esteja sob alguma censura;
4.6. a matrimônio de menor sem o consentimento ou contra a vontade razoável de seus pais;
4.7. a matrimônio a ser contraído por procurador, mencionado no Cân. 1105 e Cân. 1071 parág. 1.
Anotação dos casamentos

ARQUIVO DE LIVROS E DOCUMENTOS (Cân. 1121 - 1122)
1. Todos os casamentos realizados em território paroquial deverão ser logo transcritos em dois livros rubricados pela Cúria. Um dos livros permanecerá no arquivo da Cúria após seu encerramento.
2. A anotação da Ata do casamento faz-se somente na Paróquia onde foi celebrado o casamento.
3. A notificação do casamento é enviada às Paróquias onde os noivos foram batizados, para devido assentamento no livro de batismo.
Celebração do matrimônio
1. Assistência
- Por direito próprio compete ao Ordinário do lugar e ao Pároco assistir aos matrimônios. Inclui-se também sob o conceito de Pároco o quase-pároco (Cân. 516); o administrador paroquial (Cân. 540) e o vigário paroquial (Cân. 549).
- Ainda, no caso da Paróquia estar confiada a um grupo de padres, cabe a qualquer um dos membros dessa equipe (cf. Cân. 517 e 543).
- Quanto à jurisdição para assistir ao matrimônio, deve ser dada por escrito ou pela Cúria na provisão ou pelo Pároco.
- Por delegação, compete aos outros sacerdotes que não sejam párocos do local onde se realiza o matrimônio, assim também aos diáconos. Essa delegação pode ser especial, isto é, para determinado casamento, ou geral para qualquer casamento. A licença sempre por escrito (cf. Cân. 1111). - Onde faltam presbíteros ou diáconos, pode o Bispo diocesano, conforme parecer da Conferência dos Bispos e licença da Santa Sé, delegar a leigos idôneos a faculdade de assistir aos matrimônios (cf. Cân. 1112).
2. Local
A celebração seja feita normalmente na Igreja paroquial de um dos noivos.
Se razões pastorais aconselharem, a celebração poderá ser feita noutro local (cf. Cân. 1115-1118).
Valorize-se a participação ativa dos presentes à celebração, a saber: disposição da assembléia, folhetos, equipe de celebração, etc.
3. Horários
Sejam oferecidos horários de acordo com a realidade de cada comunidade.
4. Padrinhos
Para padrinhos, sejam escolhidas pessoas idôneas que possam testemunhar conscientemente a união sacramental.
5. Local da celebração
Evitem-se o luxo e a exibição. Qualquer forma de ostentação e desperdício é contrária ao espírito cristão de simplicidade. Flores e enfeites sejam muito simples e retirados somente depois de realizados todos os casamentos do dia.
6. Músicas
Sejam executadas músicas religiosas, sacras e adaptadas (clássicas) à celebração litúrgica do Sacramento do matrimônio.
7. Iluminação
Usar somente a iluminação existente no Templo. Proíba-se o emprego de holofotes, jatos de luz, afastando-se qualquer moldura teatral contrária ao espírito litúrgico da celebração.
8. Celebração propriamente dita:
- Idealmente a celebração do matrimônio deveria ser durante a Missa, mas tendo o cuidado que esta não se torne enfeite. Aos domingos e solenidades celebra-se a missa do dia, acrescida da bênção nupcial. Pode-se substituir uma leitura do dia por outra apropriada e dar bênção final da celebração do matrimônio (Introdução ao ritual número 6 e 11.)
- O Ritual romano e o CIC permitem uma grande liberdade de adaptação, complementação e acréscimos à liturgia do matrimônio. Cabe aos ministros assistentes, movidos pelo zelo pastoral e senso de oportunidade avaliar o que fazer em cada caso (Introdução ao ritual, nos 12 e 16; cf. Cân. 1120).
- Os ministros assistentes tenham especial atenção com os que vêm participar da celebração. Muitos, normalmente, não participam da vida da Igreja. Especial cuidado se deve à liturgia da Palavra (Introdução ao ritual, Nos 6 e 9).
Casos especiais
1. Tempos penitenciais
Quando o matrimônio for celebrado no tempo do advento e da quaresma ou em outros dias de penitência, o pároco previna os noivos do caráter penitencial desses tempos litúrgicos (Introdução ao ritual, nº. 11; cf. também Diretório litúrgico).
2. Falta de fé dos noivos
Quando as pessoas batizadas pedem a celebração do matrimônio, mas se revelam indiferentes ou declaram a sua não crença, há necessidade de que sejam evangelizadas. Nestes casos, deve-se evitar tanto a recusa imediata, quanto a fácil aceitação da celebração. Uma atitude pastoral justa e equilibrada exige que não se sacrifique nem a verdade, nem a caridade. Se, depois de todo o esforço, se chegar à negação do Sacramento, esta recusa terá sido um gesto de respeito à própria personalidade de quem, pedindo o sacramento, reconhece que não tem fé (cf. Orientações pastorais sobre o matrimônio. CNBB, Doc. 12, p. 16-19).
3. Legitimação
Ocorre quando o casal já vive unido civilmente ou não. Por nenhum título se pode obrigar o casamento. Uma evangelização bem feita poderá ajudar a descobrir o sentido do sacramento e assumi-lo livremente. A celebração seja mais simples e digna.
4. Casamento religioso de casados no civil e separados
Uma vez que a separação seja de todo irrecuperável, seguir as seguintes indicações:
4.1. "Não se consagre uma facilitação total que poderia incentivar pessoas mal intencionadas a procurarem o contrato civil, com a alternativa de tentar uma segunda união através do casamento religioso.
4.2. Haja certeza que não houve casamento religioso ou que o casamento civil anterior não tenha validade canônica (cf. Cân. 1105).
4.3. Haja sinais satisfatórios de fé, com desejo sincero de constituir uma família fundada na vida cristã.
4.4. Haja participação na vida comunitária da Igreja.
4.5. O tempo de separação do outro cônjuge seja razoável.
4.6. Haja garantia de assistência ao outro cônjuge e aos filhos.
4.7. As causas da separação sejam esclarecidas.
4.8. Faça-se declaração formal, por escrito, da aceitação da indissolubilidade do sacramento do matrimônio.
4.9. Que se cumpram as exigências civis com o novo casamento (sendo possível).
4.10. As celebrações sejam simples de forma que evitem constrangimento e escândalos.
4.11. Cumpridas todas as exigências e com o testemunho de sacerdotes ou pessoas responsáveis, cabe ao Bispo diocesano autorizar a celebração matrimonial (CNBB, Documento 12, p. 28 - 29).
5. Separados
Sabemos que a separação é sempre um drama. A Igreja procurará ter sempre, para com as pessoas nessa situação, a maior compreensão e o espírito de toda ajuda possível. Portanto, não se deixará levar apenas pelos aspectos jurídicos da questão.
Cabe aos sacerdotes fazer conhecidos os Tribunais Eclesiásticos e orientar as pessoas para que recorram a eles em busca de solução (FC 83).
6. Divorciados com nova família
Especialmente diante daqueles que apesar desta situação procuram a Igreja e manifestam desejo de manter com ela relacionamento mais profundo, deve-se ter atitude de autêntica misericórdia. A atitude pastoral levará a examinar, com justiça e amor, cada caso concreto, evitando-se preconceitos e generalizações. O divorciado não pode ser reduzido ao seu divórcio. A pessoa é mais que a situação. Embora a Igreja não admita o casamento religioso dos divorciados (que se casaram legitimamente), não pode deixar de ajudá-los. Permanece o impedimento à comunhão eucarística. A pastoral dos divorciados é realidade nova e desafiadora. Um caminho difícil. É preciso muito discernimento para ver como se pode trabalhar neste campo sem trair a fé e o amor. Lembra-se aos sacerdotes e ministros assistentes que bênçãos que possam simular sacramentos são proibidas (CNBB, Documento 12, p. 31 - 33 e FC 84).

Outras considerações sobre o matrimônio
Casamento - Sacramento Indissolúvel?
Por que a Igreja católica proclama o matrimônio como sacramento indissolúvel? Os outros crentes adotam simplesmente a lei civil sobre o casamento e o divórcio. Qual é o ensinamento da Bíblia? A Bíblia não deixa nenhuma dúvida a respeito da indissolubilidade do matrimônio, como consta de Mt. 19,3 - 9. Nesta disputa com os fariseus, acostumados a repudiar facilmente as suas mulheres, Jesus lhe responde: "Não lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e disse: - Por isso deixa o homem pai e mãe e une-se com sua mulher e os dois formam uma só carne?... Não separe, pois, o homem o que Deus uniu". - Acrescentaram eles: - "Então, por que Moisés mandou dar-lhes libelo de repúdio e despedi-la? Respondeu-lhes Jesus: - "Por causa da dureza do vosso coração, permitiu-vos Moisés repudiar as vossas mulheres, mas no princípio não era assim". - E agora, com a autoridade do divino Legislador, Jesus restabelece a ordem primitiva, declarando: "Ora, Eu vos digo: - Todo o que despedir a própria mulher, salvo o caso de concubinato, (e não de adultério, como traduzia-se erradamente), e casar-se com outra, comete adultério, e quem casar-se com uma repudiada, comete adultério".
Em 1 Cor. 7,10 - 11 são Paulo reafirma a indissolubilidade do matrimônio, escrevendo: "Aos casados mando (não eu, mas o Senhor) que a mulher não se separe do marido. E, se ela estiver separada, que fique sem casar, ou se reconcilie com seu marido. Igualmente o marido não repudie sua mulher". Portanto, segundo as expressas declarações da Bíblia, não há mais lugar para o divórcio e o novo casamento, entre cristãos casados.
Sacramento. Na carta aos Efésios (Ef. 5,25 - 33), S. Paulo recomenda aos maridos amarem suas esposas,"como Cristo amou sua Igreja e se entregou a si mesmo por ela, a fim de a santificar... para que seja santa e irrepreensível", - e acrescenta: - "Esse mistério (= sacramento) é grande, quero dizer, com referência a Cristo e a Igreja".
Por esse mistério (sacramento) o contrato natural do matrimônio, e a convivência cotidiana do casal cristão, representando e encarnando o amor fecundo de Cristo à sua Igreja, é levado a uma nova dignidade e realidade transcedental, ou ao plano sacramental.
É verdade que nos primeiros séculos, nos tempos da perseguição, o sacramento do matrimônio não tinha ainda fórmulas prescritas, e era contraído no ambiente familiar; mas a Igreja católica nunca o entregou às autoridades civis do Estado, (como fazem muitos "crentes"), e depois prescreveu em pormenores as exigências para sua válida celebração na Igreja.
Mesmo que a Igreja Católica nunca aprove o divórcio, em alguns casos o Tribunal eclesiástico do Matrimônio pode declarar a nulidade de um "matrimônio", quando depois de séria investigação fica provado que, na celebração de tal "casamento"na igreja, faltaram condições essenciais para sua validade, exigidas pela lei da Igreja, (idade, liberdade etc.). Isso não é concessão do divórcio, mas apenas uma declaração de que - apesar da cerimônia religiosa, - o tal "matrimônio" não era validamente contraído, isto é, nunca se realizou.
Para todos os casados vale a exortação bíblica da carta aos Hebreus: "Seja por todos honrado o matrimônio. e o leito conjugal sem mácula; porque Deus julgará os fornicadores e os adúlteros" (Hb. 13,4).

Fonte: Padre Félix
http://www.padrefelix.com.br/sacr_matrimonio01.htm

Família, principal via de se transmitir a fé


No final de novembro/10 realizou-se em Roma o Congresso Internacional sobre família, discutindo o tema "A família cristã, sujeito de evangelização". "A família cristã desde sempre foi a principal via de transmissão da fé e ainda hoje tem grandes possibilidades de evangelização", lembrou o Cardeal Ennio Antonelli, presidente do Pontifício Conselho para a Família.


O Congresso, do qual participaram mais de 200 pessoas, teve como objetivo reforçar o papel da família como "destinatária e comunicadora da mensagem evangélica por meio de uma resposta onde ao mesmo tempo se aceite o anúncio, se inicie um compromisso propositivo e um forte testemunho de um estilo de vida autenticamente cristão". No evento, foram apresentadas 66 experiências de como a família é hoje e como pode ser protagonista de uma fé que muda corações e a sociedade. As experiências foram selecionadas dentre as 187 de todo o mundo, enviadas ao Pontifício Conselho para a Família. As experiências "falam com a linguagem dos fatos e são mais persuasivas do que as idéias, porque não indicam somente o que se deve fazer, mas também aquilo que, com a ajuda de Deus, é possível fazer", frisou o Cardeal Ennio.


Fonte: Padre Geraldo, Vivências 161 (7/12/2010), Aparecida das Águas.

sábado, 6 de novembro de 2010

“Santa Teresa e a família” e “Santa Teresa, mulher do século XXI, ante os desafios do mundo moderno”

Ir. Verônica do Coração de Maria OCD.

Queridos amigos e amigas aqui presentes, boa noite a todos!
Antes de mais nada, vou me apresentar àqueles que não me conhecem: sou Ir. Verônica do Coração de Maria, monja Carmelita Descalça pertencente ao convento de Santa Teresa, em Santa Teresa. Justamente o núcleo colonizatório e histórico, que deu nome ao bairro, pois o bairro de Santa Teresa nasceu em torno de nosso convento, fundado em 1750 por Madre Jacinta de São José, sob os auspícios do Conde de Bobadela, então 9º Vice-Rei de Portugal, sendo por isso, o primeiro mosteiro carmelita Descalço fundado em terras brasileiras.
Neste momento em que me apresento, gostaria de estar entre vocês, simplesmente como irmã, que puxasse a cadeira, e, se possível fosse, me sentasse ao lado de cada um, de cada uma, e de lhes falar, fitando bem nos olhos, a fim de que minhas palavras pudessem tocar-lhes o coração “com mão branda e toque suave”.
Por vocação não sou conferencista nem palestrante; sou apenas monja, mulher de oração, filha espiritual e discípula de nossa grande Santa Madre Teresa de Jesus, e como Irmã que reza pelas necessidades da Igreja, da humanidade, de cada pessoa, que acorre a nosso mosteiro com seus sofrimentos, angústias, esperanças, a partir de minha experiência vivencial conduzirei esta singela abordagem, centrada em duas temáticas básicas: “Santa Teresa e a família” e “Santa Teresa mulher do século XXI ante os desafios do mundo moderno”.
Com muito carinho e alegria, aceitei o convite de meus queridos co-Irmãos da comunidade da Basílica Santa Teresinha, por meio de Fr. Wilson, para deixar a solidão e o silêncio de minha clausura e estar esta noite com vocês, e também posso acrescentar... Aceitei este convite com “temor e com tremor”; alegria e carinho porque é sempre com júbilo que um filho, uma filha de nossa Santa Madre Teresa, deixa extravasar seu coração para falar de uma mãe genial e muito amada, “com temor e com tremor”, porque é também desafiador a uma monja enclausurada falar em público, em curto espaço de tempo para transmitir toda a riqueza e a pura seiva da espiritualidade teresiana; mas peço ao Divino Espírito Santo, especialista em se servir de instrumentos pobres e pequenos, que se sirva de meu nada como instrumento Seu, e possa operar Ele mesmo, trazendo Teresa como nossa interlocutora e transformando minhas singelas palavras em luz que ilumine o caminho, bálsamo para as feridas existenciais, bússola que possa nortear alguém, em algum momento cruciante de decisão.
Todos nós sabemos por experiência que a família é o primeiro núcleo onde somos modelados como pessoas, onde formamos nossas personalidades e educamos nossos caracteres; onde aprendemos a dar e a receber o afeto, a obedecer, a pensar nos outros, a renunciar muitas vezes à nossa vontade própria, a ser caridosos partilhando o que temos, a nos doar através da entrega abnegada de cada cotidiano .
A família é também o lugar privilegiado onde descobrimos nossas potencialidades, luzes e sombras de nosso “ego”, fraquezas, limites pessoais e a partir desta experiência vivencial, nos abrimos paulatinamente a novos horizontes de misericórdia e capacidade de perdão, para com aqueles que amamos e que nos cercam, mais de perto; gostaria agora de evocar as palavras de um grande místico moderno Thomas Merton, ao escrever: “A miséria é para nós vantagem, quando de nada precisamos a não ser de misericórdia”. É justamente o Livro da Vida, autobiografia de Teresa, da qual extraí a maior parte das citações aqui utilizadas - a obra por excelência onde ela canta as misericórdias operadas pelo Senhor em sua trajetória humana e espiritual.
Nós sabemos que este livro foi escrito a pedido de seus confessores, a fim de narrar sua vida interior e dele brotam suas reminiscências de infância e mocidade. Nele, bem como em suas cartas, Teresa, por assim dizer, desnuda o seu coração, “expondo sem respeito humano seus sentimentos, experiências, medos e desejos” .
A experiência familiar de Teresa - vivida em pleno século XVI, século das grandes conquistas ultramarinas, período histórico onde a Espanha era conhecida como o “Império sobre o qual o sol não se punha” - terá um denominador comum com as famílias de nossos dias, em nosso turbulento século XXI?
Seu pai D. Alonso Sanchez de Cepeda enviuvou muito cedo ficando com dois filhos; casou-se novamente com D. Beatriz de Ahumada, quando esta contava 15 anos. Teresa, nascida em 28 de março de1515, em Ávila, é filha do segundo casamento, do qual D. Alonso terá 10 filhos; uma família de 12 irmãos, onde Teresa era a mais querida de seu pai, apesar de seus defeitos.
Teresa em sua autobiografia faz clara menção à influência de seus pais em sua vida. As virtudes que possuíam e os valores que procuravam inculcar em seus filhos.
Agora, tomo a liberdade de trazer Teresa como nossa interlocutora, cedendo a ela a palavra: “Ter pais virtuosos e tementes a Deus me deveria bastar se eu não fosse tão ruim... com o que o Senhor me favoreceu para ser boa. Meu pai gostava de ler bons livros e os tinha em vernáculo para que seus filhos os lessem. E isso, ao lado do cuidado de minha mãe em fazer-nos rezar e ter devoção por Nossa Senhora e por alguns santos.
“Meu pai era homem muito caridoso para com os pobres e piedoso com os enfermos e até com os criados (...) era muito sincero. Ninguém jamais o viu praguejar ou murmurar. Era homem de extrema honestidade” (Vida 1, 1).
Teresa reconhece que tudo o que é em sua maturidade, foi moldado na infância, vendo como viviam os pais, no relacionamento e brincadeiras com os irmãos, vivenciando a partilha calorosa do afeto com os familiares.
Pais e mães queridos que aqui estão, também avós, tios e tias, que tanta influência exercem na formação dos netos e sobrinhos, hoje, em que as mães assumem o peso da administração da casa, da educação dos filhos e o tributo das fadigas da vida profissional, muito vezes deixando as crianças menores na creche ou com os demais familiares, não percam nenhuma oportunidade de lançar uma semente de Deus nos corações infantis ou jovens de seus filhos, netos e sobrinhos, procurem cultivar em seus corações o valor da amizade com Deus, da devoção a Nossa Senhora e aos Santos, o gosto pela oração, a alegria de se sentirem filhos e filhas amados e amadas de Deus, estimulando-os a frequentar sua casa, que é a Igreja.
Por maior que seja o amor que vocês lhes dedicam, vocês não serão capazes de colocar anteparos e tirar de seus caminhos as pedras inevitáveis do sofrimento. Sobretudo, em momentos em que experimentarem perdas afetivas muito profundas, seja pela morte de entes queridos, seja pela separação, feridas contundentes causadas pela batalha da vida, quando os valores lhes vão sendo tirados pela ação despojadora do tempo - e quem de nós jamais fez tal experiência?- Somente lhes restará para dar-lhes tônus moral, envergadura psicológica, consistência afetiva, o tesouro estável e duradouro da fé, do hábito da oração, da presença de Deus, no íntimo do ser, em seu Castelo Interior.
É Teresa que nos aconselha: “Espere tudo da misericórdia de Deus, sabendo que ninguém o tomou como amigo sem ser amplamente recompensado” (Vida 8,5).
Ao perder sua mãe, aos 13 anos, experimenta a eficácia da proteção materna da Virgem Maria, segundo seu testemunho: “Recordo-me de que, quando minha mãe morreu, eu tinha doze anos (...) Quando comecei a perceber o que havia perdido, fui aflita a uma imagem de Nossa Senhora e supliquei-lhe com muitas lágrimas que fosse minha mãe. Parece-me que, embora o fizesse com simplicidade, isso me tem valido, porque reconhecidamente tenho encontrado essa Virgem soberana sempre que me encomendo a Ela e finalmente atraiu-me a Si” (Vida 1,7)
Nas datas mais marcantes da vida de nossas crianças e jovens, aniversários, Natal, a vitória da aprovação no vestibular, em meio aos presentes desejados, roupas, calçados, vídeos games, filmadoras, um potente laptop, não deixem também de oferecer-lhes o insubstituível presente de um bom livro, presente até menos caro e sempre portador de valores morais e religiosos; como já foi citado, através do exemplo de seu pai, afeito a boas leituras, Teresa adquiriu o gosto pelos livros e seu proverbial amor pela cultura.
Todos conhecemos a importância das relações entre irmãos na formação da pessoa humana, sob o ponto de vista social constituem a primeira etapa para a inclusão de crianças e jovens no grupo de amigos, na escola e na sociedade e do ponto de vista pessoal, tais relações influenciam o desenvolvimento da personalidade, pois os irmãos tendem a se imitar. Teresa aqui também vivenciou em profundidade a dimensão do afeto fraterno e, assim nos narra “Tinha um irmão quase da minha idade (...) Juntávamo-nos a ler vidas de santos (...). Espantava-me muito dizer que pena e glória era para sempre (...) Gostávamos de dizer muitas vezes: para sempre, para sempre. Em pronunciar isto muito tempo era o Senhor servido que me ficasse impresso, na meninice, o caminho da verdade” (Vida 1,5) .
“Esta verdade, sempre buscada pelo homem de todas as épocas, o homem que guarda perenemente em seu coração a sede do sagrado” e a sede de felicidade.

“Santa Teresa mulher do século XXI ante os desafios do mundo moderno”

Nestes cinco séculos que nos separam de nossa Santa Madre Teresa, quatro correntes culturais tentaram criar uma “pedagogia da salvação” para o homem, mas não o conseguiram. O Humanismo (século XVII), o Iluminismo (século XVIII), o Racionalismo (século XIX) e o Materialismo (século XX) .
Surgiram confrarias, sociedades, clubes, seitas com o objetivo de estancar no homem moderno, solitário e deprimido – apesar da possibilidade até mesmo de ter “amigos na rede on-line”- nossos homens e mulheres, às vezes errantes, em sua sede de ser feliz. Só o amor e a liberdade respondem pela verdadeira felicidade do homem. A comunhão com a fonte da vida- Deus, Uno e Trino- o faz tomar consciência de sua filiação, de sua dignidade e grandeza e de sua responsabilidade no panorama do mundo.
“Deus é aquele que sabemos que nos ama. Não pode querer o mal... por razões de época- o Renascimento e por razões espirituais, Teresa é humana e humanista. O que transparece, por exemplo, em sua noção de santidade: “quanto mais santas mais conversáveis” (CV)” e ainda “a caridade cresce com a comunicação” (Vida 7, 22).
Assim, os escritos de Teresa e seus ensinamentos não se dirigem apenas aos homens e mulheres do século XVI, mas a colocam bem próxima de nós, por ser Teresa afetiva em suas relações, comunicativa, ardorosa em seu amor à vida e amor pela cultura, apaixonada em sua aventura espiritual, com seu espírito clarividente e aberto.
Este patrimônio não é exclusivo da Igreja e da Ordem do Carmelo, pertence a toda a cristandade e não somente aos cristãos, mas a qualquer homem e mulher em busca de maior plenitude interior; assim, Teresa é estudada não apenas por religiosos, cristãos e intelectuais, mas até por agnósticos e marxistas, como o filósofo Roger Garaudy, que afirmou em uma conferência em Salzburg: “Para nós, marxistas, os maiores representantes do amor humano são os místicos espanhóis Santa Teresa e São João da Cruz”.
A atualidade de sua doutrina deve-se ao fato de que por ela as angústias existenciais tão características de nossa época são superadas por uma realidade maior e mais fecunda: o absoluto de Deus, um valor que não se deteriora ante a transição dos séculos. Teresa ensina ao homem e à mulher de todos os tempos a atingir o centro de seu ser, o seu Castelo Interior, através do encontro íntimo com o verdadeiro Deus, pela da oração. E para Teresa, tão humana e afetiva, o que é fazer oração, o que é rezar? “Não é outra coisa a oração mental... senão um trato de amizade, estando muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama” (Vida, 8,5) e ainda:” O amor é todo o bem da oração fundada na humildade” (Vida 10,5).
Sua confiança em seu Senhor, que ela de maneira tão fidalga, não hesitava em chamar de “Sua Majestade”, não deixava em detrimento sua intimidade filial e amorosa para com São José, do qual foi a precursora de seu culto, na Igreja. A este respeito escreve: “A outros Santos parece o Senhor ter dado graça para socorrer numa determinada necessidade. Ao glorioso S. José tenho experiência de que socorre em todas’ (V. 6,6); “Só peço por amor de Deus, que o prove quem não me crer, e verá por experiência o grande bem que é encomendar-se a este excelso Patriarca e lhe ter amor” (Ibdem); “Ainda que tenha muitos santos por advogados, tenha sempre particular devoção a São José, que muito alcança de Deus” (Aviso nº 65).
Teresa é mulher de carne e osso encarnada em nosso tempo, nada faltaria mais à verdade de seu ser que imaginá-la aureolada, sobre os altares e somente arrebatada em elevados êxtases, bem ao contrário Teresa é pragmática e realista. Enquanto gestava a Reforma e escrevia suas Constituições, esmerava-se também em fazer com bom tempero a refeição de suas monjas.
Citarei aqui um excerto de um dos artigos da profª Lúcia Pedrosa de Pádua, sem dúvida a maior teresianista de nosso Brasil: “Teresa é escritora e mestra de espirituais- um reconhecimento raro às mulheres e que não lhe custou barato, haja vista as censuras, as críticas, as desconfianças, o ódio levantado contra ela em sua ação de registrar sua experiência e exercer o magistério teológico-espiritual. Chegou até nós, através do testemunho do teólogo dominicano Domingo Bañez, a informação sobre o preconceito que o teólogo Bartolomé de Medina tinha sobre Teresa, antes de conhecê-la e tornar-se seu amigo.
Para ele não era próprio de “mulheres irem de um lado para outro e que ela faria muito melhor em permanecer em casa e ali rezar e fiar.
E no entanto, Teresa torna-se mulher da palavra escrita”.
Vivemos num mundo e numa sociedade repleta de contradições. Por todo lado, sobretudo, numa grande cidade como a nossa, envolve-nos a violência e a insegurança.
Os meios de comunicação ajudam a divulgar imagens do mundo da criminalidade e da morte, a questão do aborto e outras tantas.
Em meio a uma cultura de morte, sejamos nós cristãos convictos, construtores da civilização do amor, obreiros do Reino de Deus; não sejamos tíbios em dar nosso testemunho de crença no Senhor da Vida.
Que nossas famílias sejam, sempre e cada vez mais, promotoras da verdadeira dignidade da pessoa humana, portadoras de valores cristãos, Igreja doméstica.
A todos aqui presentes, que procurem aproximar suas crianças e jovens de Deus, através do exemplo de suas próprias vidas. O exemplo forja, convence, arrasta em seu seguimento mais do que meramente as palavras.
Em meio à fadiga e à pressão do mundo moderno, temos muitas vezes a tentação de guardar Deus em alguma gaveta da casa e tirá-lo somente para a Ele recorrer nos momentos prementes de angústia e de dor.
Que Ele seja o Amigo de caminhada, como nos ensina Teresa em seu magistério “que mais queremos além de um Amigo tão bom ao nosso lado, que não nos deixa passar sozinhos por sofrimentos e tribulações? (...) Bem-aventurado quem o amar de verdade e sempre o tiver junto a si” (Vida 22,7)
Que Teresa de Jesus nos ensine a ser “amigos fortes de Deus”, audazes em construir pontes ao invés de abismos, incansáveis em buscar a intimidade divina em nosso Castelo Interior.
Que Ela seja enfim, no difícil momento histórico em que vivemos, profetisa de uma “esperança que não decepciona”.

Bibliografia:
Obras Completas de Santa Teresa, Ed. Loyola, 1995
Châtelet, François in História da Filosofia, Idéias, Doutrinas- Zahar Editores, 1974
Blayney, Geoffrey in “Uma breve História do mundo”, Editora Fundamento, 2009
Pedrosa, Lúcia de Pádua in Relações de gênero e desafios da vida afetiva
Atualidade da espiritualidade de Santa Teresa de Ávila- PUC- Rio
Garcia, Júlia Villa in Influência da família em Santa Teresa e papel da família atual na educação dos filhos- Universidade Pontifícia de Salamanca

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Da Sagrada Escritura

"Viverei na pureza do meu coração,
no meio de toda a minha família"

(Salmo 101, 2)

Marido sacrifica sua vida para salvar sua esposa grávida!

Brian Wood se converteu em um herói para seus amigos e familiares.

Em uma valente manobra automobilística que causou a sua morte, ele salvou a sua esposa, Erin, e seu filho não-nascido do mesmo final.

Brian tinha 33 anos de idade e trabalhava como desenvolvedor de vídeo-games. Em 3 de setembro ele se dirigia com sua esposa, que dará à luz em novembro ao seu primeiro filho, juntamente com dois amigos à sua casa em Washington State, quando uma caminhonete conduzida por um sujeito sob o efeito de drogas, invadiu a pista no sentido contrário da auto-estrada e se dirigiu diretamente contra eles.

Ante a iminente colisão frontal, Brian freou com uma manobra que permitiu girar seu automóvel para receber o impacto do seu próprio lado. Ele morreu no ato.

Sua esposa só recebeu um golpe no olho e a criança não sofreu dano algum. Segundo a polícia, com esta manobra usou seu corpo como escudo para sua esposa e o bebê.

Erin declarou ao programa Today Show da NBC que Brian atuou a tempo para salvá-los. “Se ocorresse o choque frontal, os dois teríamos morrido imediatamente, junto com nosso bebê. Definitivamente Brian nos salvou. Ele fez essa escolha, e estou agradecida por isso”, afirmou

Erin destacou que o sacrifício de seu marido, com quem estava casada há cinco anos, não foi uma surpresa. “Ele estava muito emocionado pelo bebê, sempre me tratou com amor e me colocava em primeiro lugar”.

Seu último ato de amor, “quebra o meu coração, e também me enche de gratidão”, indicou.

Nestes momentos de dor, afirma, “só estou buscando tirar muitas forças por saber que ele tomou a opção de me salvar e salvar o bebê. Não posso desperdiçar este presente. Só estou buscando me concentrar no que tenho que fazer e de cumprir meu trabalho como mãe”.

Apesar da tragédia, Erin aguarda “a alegria que vamos ter quando este bebê nascer”.

“Ele era um homem maravilhoso. Estava muito emocionado por ser pai e fez o que pôde para salvar o bebê. Estava disposto a sacrificar-se para nos salvar.Essa é a verdadeira medida de um marido e um pai. Ele amava a vida e estava muito agradecido por ela”, acrescentou Erin.

Fonte: ACI Digital, Canção Nova News (http://www.cancaonovanews.com/) e Blog da Comunidade Shalom (http://www.comshalom.org/).

É na família que nasce o sentido da vida!



"A família é fundamental, porque é nela que germina na alma humana a primeira percepção do sentido da vida.

Floresce na relação com a mãe e com o pai, que não são donos da vida dos filhos, mas os primeiros colaboradores de Deus na transmissão da vida e da fé."


Sua Santidade, Papa Bento XVI, 03 de outubro de 2010.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Que o trabalho e a festa não separem a família

Carta do Papa para o 7º Encontro Mundial das Famílias

CASTEL GANDOLFO, segunda-feira, 26 de setembro de 2010 (ZENIT.org)

- Bento XVI considera que a organização do trabalho - como mera busca do lucro - e a concepção atual da festa - como oportunidade de consumo - contribuem, infelizmente, para separar a família.

O Papa dirigiu uma carta, publicada no dia 24 de setembro, ao presidente do Conselho Pontifício para a Família, cardeal Ennio Antonelli, como preparação para o 7º Encontro Mundial das Famílias (EMF), que se realizará em Milão, de 30 de maio a 3 de junho de 2012, sobre o tema "Família: o trabalho e a festa".

Nesta carta, Bento XVI insta a "promover uma reflexão e um compromisso dirigidos a conciliar as exigências e os momentos do trabalho com os da família, e a recuperar o verdadeiro sentido da festa, especialmente da dominical, páscoa semanal, dia do Senhor e dia do homem, dia da família, da comunidade e da solidariedade".

"Em nossos dias, infelizmente, a organização do trabalho, pensada e realizada em função da concorrência do mercado e do lucro máximo, e a concepção da festa como oportunidade de evasão e de consumo, contribuem para separar a família e a comunidade, e a difundir um estilo de vida individualista", lamenta.

O Papa explica que "o trabalho e a festa estão intimamente ligados à vida das famílias: condicionam as decisões, influenciam as relações entre os cônjuges e entre os pais e filhos, e incidem na relação da família com a sociedade e com a Igreja".

Citando o livro do Gênesis, recorda que "família, trabalho e dia festivo são dons e bênçãos de Deus para ajudar-nos a viver uma existência plenamente humana".

Segundo o Pontífice, "o desenvolvimento autêntico da pessoa inclui tanto a dimensão individual, familiar e comunitária, como as atividades e as relações funcionais, assim como a abertura à esperança e ao Bem sem limites".

Bento XVI destaca que o próximo EMF "constitui uma ocasião privilegiada para reapresentar o trabalho e a festa a partir da perspectiva de uma família unida e aberta à vida, bem integrada na sociedade e na Igreja, atenta à qualidade das relações, além da economia do próprio núcleo familiar".

Também expressa sua confiança em que as famílias se coloquem em marcha rumo ao encontro "Milão 2012" e aproveitem, em 2011, o 30º aniversário da exortação apostólica Familiaris consortio, "‘carta magna' da pastoral familiar", para organizar iniciativas no âmbito paroquial, diocesano e nacional.

Finalmente, Bento XVI se refere aos momentos fortes do 7º EMF: a "festa dos testemunhos", no sábado à tarde e a Missa solene no domingo de manhã.

"Estas duas celebrações, que eu presidirei, nos mostrarão como ‘família de famílias'", disse.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"Eu vos uno" (Frei Jacques de Jesus)


"Eu vos uno em nome do Pai. No mistério da vida íntima de Deus, o Pai designa a pessoa divina que engendra. Convém, portanto, pedir a bênção do Pai, fonte de toda vida, sobre vós, que ides receber a faculdade de dar a vida. “Dar a vida não é, para um pobre ser humano, uma grande honra e também uma grande felicidade? Quanto, pois, suplico ao Pai fazer-vos compreender e apreciar a felicidade delicada e profunda que tereis de ser doadores de vida! (...)


Eu vos uno em nome do Filho. O Filho é o Verbo que se encarnou, o qual, tornado Cristo, caminhou em nossos caminhos, comeu nosso pão, dormiu nosso sono, mas também chorou nossas lágrimas. Para as horas em que vos visitar a dor, sob formas imprevisíveis, de toda minha alma quero rogar ao Filho – o Filho que sofreu nossos sofrimentos – que vos abençoe, para que, nas horas de provação, continueis a crer sempre na felicidade da vida e para que vos seja uma força e um consolo a doçura excelente de vosso amor mútuo. (...)


Eu vos uno, enfim, em nome do Espírito Santo. Como é necessário que vos abençoe o Espírito Santo, para derramar sobre vós alguma coisa de seu imenso amor, pois o lar que vós fundais, nascido do amor, não poderá durar se não está banhado em uma atmosfera de amor. Em Deus, o Espírito Santo é um sopro infinito de amor que une o Pai ao Filho. Ah, sim, como é necessário que o Espírito Santo vos abençoe abundantemente, para que vosso amor seja o amor duradouro criado por Deus."

Autor: Frei Jacques de Jesus, OCD, Servo de Deus -
Homilia proferida durante um casamento.


ENAMORADOS



"Eles se chamam de namorados.
Enamoram-se um do outro.
Tomaram-se de amores e no amor é que eles moram.
Alguma coisa mais forte que os dois tomou conta deles; quando perceberam que o que sentiam
era mais profundo do que uma bonita amizade.

Era um desejo de se conhecer mais e mais,
de sonhar e caminhar juntos e descobrir,
juntos, o quase infinito de cada um.
Agora, não se imaginam um sem o outro.
Nenhuma graça tem graça sem a graça dela.
Nenhuma graça tem graça sem a graça dele.
Precisam falar de pequenas coisas, muitas e muitas vezes; precisam saber detalhes; tudo é bonito e tudo interessa;
tudo é importante;
para eles todo o tempo do mundo é pouco.
E a eternidade só existe quando estão longe,
e quando não se falam nem se encontram.

Que bom que os namorados existem!
Louvado sejas, porque eles ainda sonham com amores perfeitos.
Sem eles, que chances teria o futuro?
Por isso toma-os no colo. Aos dois!
Vão precisar do infinito para que seu amor não pereça
mas, por enquanto, é de amor que eles vivem.

É o amor que os mudou. É o amor que os motiva.
Que cheguem aonde chega todo amor sereno!
Que se plenifiquem !
E um e outro encontrem o perdão e a paz de quem ama
e sabe porque ama!

Bom dia, Deus.
No dia de hoje ,
um beijo infinito como o teu em cada casal enamorado."

Autor: Padre Zezinho, SCJ
Fonte: http://www.padrezezinhoscj.com


Oração de Santa Teresinha a seu Pai

Em um dia 22 de agosto, que atualmente é memória litúrgica de Nossa Senhora Rainha, nascia o Bem-Aventurado Luíz José A. Estanislau Martin, que casou-se com a Bem-Aventurada Zélia Guérin e, juntos, foram pais de nove filhos, entre os quais, Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face.

Depois da passagem de seus queridos pais, Santa Teresinha escreveu um poema que aparece no volume de suas obras completas com o título de "ORAÇÃO DA FILHA DE UM SANTO". Partilhamos trechos desta oração, recordando carinhosamente o aniversário do Beato Luíz, patriarca desta santa família, e convidando-lhe a rezar pelos pais falecidos.

"Recorda-te de que outrora na terra

Tua felicidade era sempre nos amar.

De tuas filhas escuta agora a prece,

Protege-nos, digna-te ainda nos abençoar.

Encontraste, no céu, nossa Mãe querida

Que já te precedera na Pátria eterna:

Agora nos Céus

Reinai os dois.

Velai por nós!

Recorda-te!...

Tuas filhas, agora, em orações tão puras,

Agradecem a cruz das tuas amarguras!...

Em tua fronte sem véu

Hoje brilham, no céu,

Nove lírios em flor!"

(Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, citada no livro de Frei Patrício, ocd, "Um casal especial: os pais de Santa Teresinha", Ed. Canção Nova, São Paulo, 2010).

JM+JT

Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós!



http://comsantateresa.org.br/

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

E a família, como vai?

"Desejo, pois, dirigir-me a todas as famílias e dizer-lhes que são uma grande bênção de Deus! A família deveria ser reconhecida pela ONU como um “patrimônio da humanidade!” Se há cidades, monumentos e ruínas antigas que recebem esse reconhecimento, quanto mais ele caberia bem para a família, que tanto bem realizou e ainda realiza no presente, à pessoa, à sociedade!

Não vou tratar aqui dos problemas familiares, das crises do casal, das dificuldades na educação dos filhos, dos desencontros que inevitavelmente surgem ao longo da vida e das famílias mal constituídas ou fracassadas. Tudo isso, sem dúvida, existe, mas não coloca em dúvida a importância da família. Quero falar bem da família, da sua importância na vida das pessoas, da sociedade e da Igreja. Ela presta um serviço insubstituível à pessoa, desde o seu nascimento até à morte e se revela fundamental, sobretudo, nas fases extremas da vida, na infância e na velhice, quando as pessoas são quase inteiramente dependentes da ajuda e da proteção de outros. Imaginemos a criança recém-nascida, sem o aconchego familiar... Ou o doente, a pessoa idosa, já incapaz de se ajudar...

A família está fundada sobre as bases da natureza e do amor, ela é humanizadora e “personalizadora” e faz com que o indivíduo não se sinta isolado no mundo, ou um objeto útil para outros fins, mas um sujeito em diálogo com outros sujeitos e participante de um grupo de base, onde a pessoa vale por ela mesma, e não porque ela pode ser útil ou interessante para a sociedade, para o sistema econômico ou político.

A família também é um bem para a grande sociedade. Continua valendo o princípio afirmado há muito tempo pela Doutrina Social da Igreja e pela antropologia cristã: a família é a célula básica da sociedade, uma instituição natural que precede a sociedade política; ela é intermediária entre o indivíduo e o Estado, com a diferença que neste pequeno núcleo de relações humanas, a pessoa conta por ela mesma, e não apenas pelo interesse que ela possa ter para a sociedade. Se a grande sociedade descuida da família, ela destrói suas próprias bases. Existem estudos científicos recentes, do ponto de vista sociológico e antropológico, que deixam claro: onde o cidadão está amparado por uma família, a sociedade tem mais solidez e coesão; e o Estado tem muito menos problemas para resolver na educação, na saúde, na formação do senso ético, na superação da violência. E, ao invés disso, muito maiores problemas de violência, de abandono de pessoas, de depressão são constatados onde as relações familiares estão comprometidas, ou não existem.

Em tempos de campanha eleitoral seria bom ouvir dos candidatos a todos os cargos em questão, do Executivo e do Legislativo, quais são suas convicções e propostas de políticas públicas para a família. Como pretende proteger e defender a família natural, formada a partir da união de um homem com mulher? Como pretende promover a paternidade e a maternidade responsável? O que pensa do aborto? Da eutanásia? Da união civil de pessoas do mesmo sexo? Do incentivo à atividade sexual precoce de crianças e adolescentes, mediante a distribuição de preservativos nas escolas?

Faria bem o Estado, se investisse mais na família através de políticas públicas para incentivar os jovens a formar famílias bem constituídas. Se alguém pensa que isso é discurso “moralista” ou “religioso”, está muito equivocado, pois é dever do Estado cuidar da família e ajudá-la a realizar bem sua missão. Se as famílias conseguem conviver num espaço digno, educar bem os filhos, encaminhá-los na vida para serem pessoas de bem, isso será um ganho para toda a sociedade e o Estado.

Pela importância antropológica, educativa, econômica e política que a família tem, bem que o futuro Governo Federal poderia instituir um Ministério da Família, que se ocupasse do amparo e do incentivo à família. Seria uma enorme ajuda ao próprio Estado, que passaria a se preocupar mais diretamente com as pessoas, suas situações e necessidades. Será que é demais, sonhar com isso? Espero que não."


Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo



P.S. Este artigo foi publicado no jornal "O São Paulo", da Arquidiocese de São Paulo, e divulgado em zenit.org.

Uma Serva de Deus que converteu o marido


Uma mulher extraordinária: Pauline–Elisabeth Leseur (1866-1914)

"Pauline-Elisabeth nasceu em Paris aos 16/10/1866; recebeu da família uma sólida educação cristã e valioso patrimônio cultural, que utilizou durante toda a vida na qualidade de escritora. Casou-se com Félix Leseur, materialista e colaborador de jornais anticlericais, que tudo fez para extinguir a fé da esposa; coagiu-a a ler obras de autores racionalistas, como “Les Origines du Christianisme” e “La Vie de Jésus” de Ernest Renan.

Elisabeth, porém, percebeu a fragilidade das hipóteses de Renan e quis controlar a validade dos seus argumentos, dedicando-se intensamente ao estudo da Religião, do Evangelho e de S. Tomás de Aquino. Este aprofundamento só contribuiu para tornar mais convicta a sua vida cristã, levando-a a exercer o apostolado entre os intelectuais e incrédulos, como também a praticar obras de caridade. Muito se empenhou pela conversão de seu marido, sem o conseguir, até o momento de sua morte ocorrida em Paris aos 03/05/1914.

Tendo perdido a esposa, o viúvo descobriu o Diário deixado por ela: “Journal et Pensées pour chaque jour” (Jornal e Pensamentos para cada dia). A leitura destas notas impressionou Félix Leseur, que resolveu mudar de vida; uma vez convertido, fez-se frade dominicano e tornou-se grande propagandista das obras de sua esposa: além do journal… publicado em Paris (1917), editou “Lettres sur la Souffrance” (Cartas a respeito do Sofrimento), Paris 1918; “La Vie Spirituelle” (A Vida Espiritual) Paris 1918; “Lettres à des Incroyants” (Cartas e Incrédulos) Paris 1922.

Eis outro grande vulto feminino, que atesta quanto pode ser forte a mulher fiel a Deus e ao seu compromisso conjugal. Elisabeth deixou escrita famosa sentença, que revela o segredo do seu êxito apostólico: “Uma alma que se eleva, eleva o mundo inteiro” (2). Elevando-se em Deus no silêncio, na paciência e ano amor perseverante, ela conseguiu elevar seu marido e, com ele, muitos e muitos irmãos, pois na comunhão dos Santos o cristão se torna espiritualmente fecundo, sem mesmo poder avaliar o alcance de sua vida fiel e tenaz (Deus, porém, o vê).

Sem dúvida, seria possível arrolar muitas outras Elisabetta e Elisabeth, cuja história heróica e fecunda só Deus conhece. Possam as mulheres cristãs de nossos dias reconfortar-se com tais testemunhos e crer sempre mais no elevado preço da vida fiel a Deus e a Cristo na Santa Igreja!"

Notas: (1) Nas Ordens Religiosas medievais, a Ordem Primeira è a dos frades; a Ordem Segunda é a das freiras, e a Ordem Terceira é a dos leigos e leigas, que, vivendo da espiritualidade respectiva, permanecem no mundo.


(2) Esta frase mereceu ser citada pelo S. Padre João Paulo II na sua Exortação Apostólica sobre Reconciliação e Penitência nº. 16: “Reconhecer… uma solidariedade humana tão misteriosa e imperceptível quanto real e concreta… uma faceta daquela solidariedade que, a nível religioso, se desenvolve no profundo e magnífico mistério da Comunhão dos Santos, graças à qual se pode dizer que “cada alma que se eleva, eleva o mundo”.

Autor: Dom Estevão Bettencourt. Publicado pelo Prof. Felipe Aquino em http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2008/12/18/

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Superar dificuldades na família…com o auxílio de Deus!


"A família fundamentada no matrimônio constitui um “patrimônio da humanidade”, uma instituição social fundamental; é a célula vital e o pilar da sociedade, e isto diz respeito tanto aos crentes como aos não-crentes. Trata-se de uma realidade que todos os Estados devem ter na máxima consideração porque, como João Paulo II gostava de reiterar, “o futuro da humanidade passa através da família” (Familiaris consortio, 86).


Além disso, na visão cristã o matrimônio, elevado por Cristo à altíssima dignidade de sacramento, confere maior esplendor e profundidade ao vínculo conjugal e compromete mais vigorosamente os esposos que, abençoados pelo Senhor da Aliança, se prometem fidelidade recíproca até à morte, no amor aberto à vida. Para eles, o cerne e o coração da família é o Senhor, que os acompanha na missão de educar os filhos rumo à maturidade. De tal maneira, a família cristã coopera com Deus não somente na geração da vida natural, mas inclusive na cultivação dos gérmens da vida divina recebida mediante o Baptismo. Estes são os conhecidos princípios da visão cristã do matrimônio e da família. Recordei-os uma vez mais na quinta-feira passada, quando falei aos membros do Pontifício Instituto “João Paulo II” para os Estudos sobre Matrimônio e Família.


No mundo contemporâneo, em que se vão difundindo algumas concepções equívocas sobre o homem, a liberdade e o amor humano, nunca nos devemos cansar de apresentar sempre de novo a verdade sobre a instituição familiar, como foi desejada por Deus desde a criação. Infelizmente, continua a aumentar o número de separações e de divórcios, que fragmentam a unidade familiar e criam não poucos problemas para os filhos, vítimas inocentes de tais situações. Hoje em dia, a estabilidade da família está particularmente em perigo; para a salvaguardar, é necessário ir com freqüência contra a corrente, em relação à cultura predominante, e isto exige paciência, esforço, sacrifício e busca incessante de compreensão mútua.


Mas também nos dias de hoje os cônjuges podem superar as dificuldades e conservar-se fiéis à sua vocação, recorrendo ao auxílio de Deus através da oração e participando assiduamente nos sacramentos, de maneira particular na Eucaristia. A unidade e a solidez das famílias ajuda a sociedade a respirar os valores humanos autênticos e a abrir-se ao Evangelho. Para isto contribui o apostolado de não poucos Movimentos, chamados a trabalhar neste campo em harmoniosa sintonia com as Dioceses e as paróquias.


Além disso, actualmente um tema mais delicado do que nunca é o respeito devido ao embrião humano, que deveria nascer sempre de um ato de amor e ser já tratado como pessoa (cf. Evangelium vitae, 60). Os progressos da ciência e da técnica, alcançados no âmbito da bioética, transformam-se em ameaças quando o homem perde o sentido dos seus limites e, a nível prático, pretende subsituir-se a Deus Criador. A Carta Encíclica Humanae vitae confirma com clarividência que a procriação humana deve ser sempre o fruto do acto conjugal, com o seu dúplice significado unitivo e procriativo. Exige-o a grandeza do amor conjugal, segundo o projecto divino, como recordei na Encíclica Deus caritas est: “O eros degradado a puro “sexo” torna-se mercadoria, torna-se simplesmente uma “coisa” que se pode comprar e vender; antes, o próprio homem torna-se mercadoria… Na verdade, encontramo-nos diante duma degradação do corpo humano”.


Graças a Deus não poucas pessoas, especialmente no meio dos jovens, continuam a descobrir o valor da castidade, que se manifesta cada vez mais como uma garantia segura do amor genuíno. O momento histórico que estamos a viver exige que as famílias cristãs dêem com corajosa coerência o testemunho de que a procriação é fruto do amor. Este testemunho não deixará de estimular os políticos e os legisladores a salvaguardarem os direitos da família. Com efeito, sabe-se que se estão a acreditar soluções jurídicas para as chamadas “uniões de facto” que, embora rejeitem as obrigações do matrimônio, pretendem gozar de direitos equivalentes. Além disso, às vezes deseja-se mesmo chegar a uma nova definição do matrimônio para legalizar uniões homossexuais, atribuindo-lhes também o direito à adoção de filhos.


Vastas áreas do mundo estão a padecer o chamado “inverno demográfico”, com o consequente progressivo envelhecimento da população; por vezes parece que as famílias são ameaçadas pelo medo da vida, da paternidade e da maternidade. É necessário dar-lhes nova confiança, para que possam continuar a cumprir a sua nobre missão de procriar no amor."


(Discurso do Santo Padre, Papa Bento XVI, aos participantes na Assembléia Plenária do Pontifício Conselho da Família, em 13/05/2006).
Fonte: Vaticano

Pais têm missão de testemunhar para os filhos o que é fundamental

Arcebispo abriu Semana Nacional da Família, no Rio de Janeiro
RIO DE JANEIRO, segunda-feira, 9 de agosto de 2010 (ZENIT.org) – Nesse sábado, dia 7, o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, presidiu à missa de abertura da Semana Nacional da Família, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Realengo.
Ao refletir sobre a importância da família para a sociedade, na homilia, Dom Orani, remetendo-se à leitura evangélica, destacou a importância de cada um ser vigilante e estar preparado, vivendo o que é o certo hoje, sem esperar para realizá-lo somente no amanhã; informa o portal da arquidiocese do Rio.

O arcebispo enfatizou que, embora o mundo atual vá esquecendo a importância da família, ela é quem promove e forma os valores cristãos nas pessoas. Para Dom Orani, os pais têm a bela missão de testemunhar o que é o fundamental para os filhos.

“O que é o grande tesouro da nossa vida? Onde colocamos o centro da nossa existência? (...) Precisamos ter como essência este tesouro que é estar com o Senhor, para testemunhar que é possível viver conforme os planos de Deus e ser feliz”, disse.

Dom Orani, diante da Imagem da Sagrada Família, no altar, lembrou a importância de tê-la como exemplo. Ele desejou que os casais possam encontrar-se em Deus para ser sinal para os filhos e para os outros.

“Quando buscamos o Senhor e vivemos sua Palavra, as coisas vão se transformando”. “O Senhor quer vida nova para todos nós. Reconciliação do casal, orientação dos filhos e vida cristã todos são convidados a viver”, disse.

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