"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Angelus por ocasião da Festa da Sagrada Família - 2009

Domingo, 27 de dezembro de 2009, 12h01


Vatican Information Service, com tradução de CN Notícias

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje é o Domingo da Sagrada Família. Possamos agora identificar-nos com os pastores de Belém que, logo após receberem o anúncio do anjo, foram rapidamente para a Gruta e encontraram "Maria e José e o menino, deitado numa manjedoura" (Lc 2, 16). Detenhamo-nos a contemplar esta cena e a refletir sobre seu significado. As primeiras testemunhas do nascimento de Cristo, os pastores, encontraram não apenas o Menino Jesus, mas uma pequena família: mãe, pai e filho recém-nascido. Deus escolheu revelar-se nascendo em uma família humana e, por isso, a família humana se tornou ícone de Deus! Deus é Trindade, é comunhão de amor, e a família, mesmo com toda a diferença entre o mistério divino e a criatura humana, é uma expressão que reflete o mistério insondável do Deus amor. O homem e a mulher, criados à imagem de Deus, se tornam no casamento "uma só carne" (Gn 2, 24), isto é, uma comunhão de amor que gera vida nova. A família humana, em certo sentido, é ícone da Santíssima Trindade, seja pelo amor interpessoal, seja pela fecundidade do amor.

A liturgia de hoje oferece o célebre episódio evangélico de Jesus que, aos doze anos, permanece no Templo de Jerusalém sem o conhecimento de seus pais. Surpresos e preocupados, eles o encontrarão de três dias depois, conversando com os doutores. A mãe pede que ele dê explicações, ao que Jesus responde que ele deve estar na casa de seu Pai, que é Deus (cf. Lc 2, 49). Neste episódio, o menino Jesus aparece cheio de zelo por Deus e pelo Templo. Nos perguntemos: de onde tinha ouvido Jesus sobre o amor pelas "coisas" do Pai? Certamente, como Filho, teve um conhecimento íntimo de Deus, uma profunda relação pessoal, permanente com seu pai, mas na sua cultura concreta certamente aprendeu a oração, o amor ao Templo e às instituições de Israel com seus pais. Assim, podemos dizer que a decisão de Jesus de permanecer no Templo foi sobretudo resultado de sua relação íntima com o Pai, mas também fruto da educação recebida de Maria e José. Aqui, vislumbramos o verdadeiro significado da educação cristã: é o resultado de uma colaboração próxima entre os educadores e Deus. A família cristã está ciente de que os filhos são um dom e um plano de Deus. Portanto, não podem considerá-los como propriedade sua, mas, servindo aos planos de Deus, é chamada para educá-los na maior liberdade, que é aquela de dizer 'sim' a Deus para fazer Sua vontade. Desse "sim" à Virgem Maria é o exemplo perfeito. A Ela confiamos todas as famílias, rezando especialmente pela sua valiosa missão educativa.

E agora eu digo, em espanhol, para aqueles que participam na festa da Sagrada Família, em Madrid.

Saúdo cordialmente aos pastores e fiéis congregados em Madrid para celebrar con alegria a Sagrada Família de Nazaré. Como não recordar o verdadeiro significado desta festa? Deus, vindo ao mundo no seio de uma família, manifesta que esta instituição é caminho seguro para encontrá-Lo e conhecê-Lo, bem como faz um chamamento permanente a trabalhar pela unidade de todos em torno do amor. Por isso, um dos maiores serviços que os cristãos podemos prestar a nossos semelhantes é o testemunho serene e firme da família fundada no matrimônio entre um homem e uma mulher, salvaguardando-a e promovendo-a, pois ela é de suma importância para o presente e o futuro da humanidade. Com efeito, a família é a melhor escola para se aprender a viver aqueles valores que dignificam a pessoa e tornam grandes os povos. É também nela que se compartilham as penas e as alegrias, sentindo-se todos unidos pelo carinho que reina em casa pelo mero fato de ser membros da mesma família. Peço a Deus que em vossos lares se respire sempre esse amor de total entrega e fidelidade que Jesus trouxe ao mundo com seu nascimento, alimentando-o e fortalecendo-o com a oração cotidiana, a prática constante das virtudes, a recíproca compreensão e o respeito mútuo. Vos animo, pois, a que, confiando na materna intercessão de Maria Santíssima, Rainha das Famílias, e na poderosa proteção de São José, seu esposo, vos dediqueis sem descanso a esta bela misão que o Senhor colocou em vossas mãos. Contai com minha proximidade e afeto, e os rogo que leveis uma saudação especial do Papa a vossos entes queridos mais necessitados ou que se encontram em dificuldade. Abençoo a todos de coração.

[Saludo cordialmente a los pastores y fieles congregados en Madrid para celebrar con gozo la Sagrada Familia de Nazaret. ¿Cómo no recordar el verdadero significado de esta fiesta? Dios, habiendo venido al mundo en el seno de una familia, manifiesta que esta institución es camino seguro para encontrarlo y conocerlo, así como un llamamiento permanente a trabajar por la unidad de todos en torno al amor. De ahí que uno de los mayores servicios que los cristianos podemos prestar a nuestros semejantes es ofrecerles nuestro testimonio sereno y firme de la familia fundada en el matrimonio entre un hombre y una mujer, salvaguardándola y promoviéndola, pues ella es de suma importancia para el presente y el futuro de la humanidad. En efecto, la familia es la mejor escuela donde se aprende a vivir aquellos valores que dignifican a la persona y hacen grandes a los pueblos. También en ella se comparten las penas y las alegrías, sintiéndose todos arropados por el cariño que reina en casa por el mero hecho de ser miembros de la misma familia. Pido a Dios que en vuestros hogares se respire siempre ese amor de total entrega y fidelidad que Jesús trajo al mundo con su nacimiento, alimentándolo y fortaleciéndolo con la oración cotidiana, la práctica constante de las virtudes, la recíproca comprensión y el respeto mutuo. Os animo, pues, a que, confiando en la materna intercesión de María Santísima, Reina de las Familias, y en la poderosa protección de San José, su esposo, os dediquéis sin descanso a esta hermosa misión que el Señor ha puesto en vuestras manos. Contad además con mi cercanía y afecto, y os ruego que llevéis un saludo muy especial del Papa a vuestros seres queridos más necesitados o que se encuentran en dificultad. Os bendigo a todos de corazón.]