"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Santa Mãe dos Casais

O Santo Padre, Papa Bento XVI propôs Santa Teresa de Jesus aos jovens, aos enfermos e aos recém-casados. Ele apontou a Santa aos recém-casados como um exemplo de "fidelidade a Deus, que a cada um encomenda uma missão especial".

Hoje, então, com Santa Teresa, com Nossa Senhora, Rainha do Carmelo, e com São José, seu fiel esposo,
rezamos especialmente pelos casais e enviamos um belo poema de Angelita Soares
.

"À Santa Mãe dos Casais



Mãe Imaculada, zelai pelos casais,


Cujo matrimonio esteja, em perigo,


Afastai, de lá, o Inimigo,


Sede deles A Esperança e o Cais...


Livrai-os dos inimigos infernais,


Dispostos a deixá-los, em pleno desabrigo;


Sede-lhes, então, o ombro sempre amigo,


Para levar a paz, em tudo, sempre mais.




Uni-os, nos ternos laços, do Amor constante,


Diante das lutas, diante das pelejas,


Sede, com São José, o Amor mais vigilante.



Não deixai, sem consolo, nenhuma família aflita...!


Porque és Mãe de Todos, bendita, sempre, sejas,


Porque somos Teus filhos, sejas, também, bendita...!!"

Nossa Senhora, Rainha das Famílias, rogai por nós


JM+JT


Fonte: Comunidade Santa Teresa: http://comsantateresa.org.br/website.


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Santa Teresinha e a alegria de viver em família

Santa Teresinha e a alegria de viver em família

Matrimônio, melhor antídoto contra violência no casal


Segundo um estudo do Instituto de Política Familiar da Espanha


MADRI, segunda-feira, 26 de outubro de 2009 (ZENIT.org).
- O matrimônio converteu-se no melhor antídoto contra a violência no casal, segundo um estudo do Instituto de Política Familiar, publicado na semana passada, que analisa dados dos últimos oito anos na Espanha.
Segundo o estudo, o matrimônio é a forma de convivência na qual se produzem menos homicídios. Concretamente, para cada homicídio que se produz em um matrimônio, há 12 homicídios nas relações sentimentais.
No matrimônio também é, com grande diferença, onde se emitem menos ordens de proteção. Para cada uma no matrimônio, há mais de dez nos outros tipos de relação. Cinco de cada nove ordens de proteção de 2008 se produziram em casais de fato.
Os casais de fato cresceram exponencialmente na Espanha de 2001 a 2008; concretamente 121%, superando os 1.220.000 casais, que representam 11% do total.
Contudo, os matrimônios continuam sendo majoritários, chegando a representar 89% do total de casais e ascendendo a 10,2 milhões de casais.
Entre as conclusões do estudo, encontra-se a que afirma que a violência entre os casais tem uma grande incidência nos casais separados, chegando a 34%.
Neste sentido, um de cada três homicídios se produz em casais que quebraram a relação e sobretudo nos ex-casais com relações sentimentais. Duas de cada três mortes em casais separados se produzem nas ex-relações sentimentais.
Em 2008, por cada homicídio que aconteceu em um matrimônio, aconteceram mais 12 em relações sentimentais.
“Enquanto que se produz 1 homicídio em cada 311.000 matrimônios, contudo se produz 1 homicídio em cada 25.500 relações sentimentais”, destaca o estudo.
O informe indica que em 2008 existiam na Espanha 11,5 milhões de casais, 2 milhões mais que no ano 2001, o que representa um aumento de 21% de casais nesse período.
Também constata o crescimento da violência no casal, que afeta cada vez mais pessoas.
Só em 2008, houve 102.363 denúncias de maus-tratos (74 mil físicos e 24 mil psíquicos), se realizaram 109 mil atestados policiais, se ditaram 41.439 Ordens de Proteção e se produziram 81 homicídios, frente aos 51 do ano 2001.
Outra das conclusões do estudo é que a violência afeta cada vez mais os casais com estrangeiros. 4 de cada 10 vítimas foram estrangeiras, e por cada agressor espanhol, há 5 agressores estrangeiros.
A respeito dos agressores, o informe indica que 1 de cada 4 agressores tentou suicidar-se depois da agressão, e 1 de cada 5, consumou o suicídio após a agressão.

domingo, 18 de outubro de 2009

Oportunidade para salvar casamentos bate à porta

Casais postergam divórcio na crise econômica

Por Carl Anderson
NEW HAVEN, domingo, 18 de outubro de 2009 (ZENIT.org).
- Quaisquer que sejam os problemas que a recessão criou, ela também abriu uma grande oportunidade, para cada um de nós individualmente e para as paróquias e organizações católicas: ajudar a salvar casamentos.Como na Grande Depressão dos anos 30, quando caíram as taxas de divórcio, a evidência preliminar parece mostrar que se registra a mesma tendência em nossa atual crise econômica.
Em setembro, a agência France Press informou que as taxas de divórcio na Espanha caíram 12,5%, e o número de separações se reduziu em 25%.
Nos EUA, as informações indicam uma queda similar. Recentes notícias de Washington, D.C., Phoenix (Arizona), e Reno (Nevada) sugerem uma tendência nacional das pessoas a postergar o divórcio porque se encontram incapazes de "seguir sozinhas".
Steve King, advogado matrimonialista de Reno (Nevada) explicou ao jornal local, Gazette Journal: "algumas pessoas se veem em uma situação de perda, sem nada a ganhar com o divórcio, exceto voltar a ser solteiro. Frequentemente, não se podem permitir casas separadas ou pagar um aluguel, e isso inclusive para os casais em que os dois trabalham".
Com estas sombras, ainda que desde uma perspectiva prática uma ganância proeminente, devemos aproveitar a oportunidade para ajudar os que "postergaram" seu divórcio a evitá-lo totalmente.
Para os católicos, é uma oportunidade única de reiterar a importância do matrimônio para muita gente que talvez antes não era receptiva a esta mensagem. E às pessoas que de repente consideram a possibilidade de salvar seu casamento, o ensinamento da Igreja sobre este sacramento lhes dá esperança.
Como Bento XVI afirmou no mês passado, "a firme convicção da Igreja é que a verdadeira solução para os problemas que os casais enfrentam atualmente e que debilitam sua união é um retorno à solidez da família cristã, um lugar de confiança mútua, de doação recíproca, de respeito à liberdade e de educação para a vida social".
Mensagem forteO ensinamento da Igreja tem uma forte mensagem teológica -e prática- para os que permanecem juntos.
Considere isto: um estudo de 2002 realizado pelo Institute for American Values revelou que dois terços dos cônjuges de casamentos infelizes que permaneceram casados afirmaram que seus casamentos eram felizes cinco anos depois; além disso, os casamentos mais infelizes afirmaram que o mais dramático tinha sofrido uma reviravolta".
Também em termos econômicos, o divórcio tem terríveis consequências, seja qual for o momento em que aconteça. Estudos sobre as consequências financeiras do divórcio em mulheres e crianças constataram que a ex-mulher e os filhos sofrem uma queda entre 30% a 73% de seu padrão de vida após o divórcio.
E a religião tem desempenhado uma função crucial nas tendências do divórcio. Segundo a especialista em divórcio Barbara Dafoe Whitehead, as taxas de divórcio cresceram por uma tendência de muitas religiões a ver o matrimônio como uma competência da psicologia, em lugar da teologia.
"As principais denominações religiosas deixaram os processos à psicoterapia -disse. Os terapeutas converteram-se em professores e estabeleceram as normas nos casamentos e, depois, na dissolução deles."
O resultado foi assombroso. Os sacerdotes e outros tradicionais conselheiros matrimoniais cederam sua função aos terapeutas, destaca Whitehead. E acrescenta: "diferentemente dos que inicialmente proporcionavam conselhos matrimoniais, que ofereciam seus serviços como parte de sua vocação, os terapeutas venderam seus serviços no mercado".
"Além disso, seus praticantes eram muito sensíveis aos incentivos do mercado, incluído o crescente e lucrativo mercado de americanos cujos casamentos estavam em perigo -explica. Os temores sobre a exploração comercial do divórcio desapareceram ao crescer seu potencial comercial."
Mas se o dinheiro não chega para um divórcio, pode ser também que as pessoas busquem assessoria em lugares menos caros, lugares que, na maior parte do século XX, incluíam a família, os amigos e o clero, assinala a especialista.
Função dos católicosFalando no mês passado aos bispos brasileiros reunidos em Roma para a visita "ad limina", Bento XVI pediu aos sacerdotes que "acompanhem as famílias para garantir que não se deixem seduzir por estilos de vida relativistas promovidos pelo cinema, a televisão e outros meios de comunicação".
Também falou da importância do testemunho de famílias católicas, afirmando: "confio no testemunho de famílias que encontram as forças para superar as provas no sacramento do matrimônio. Sobre famílias como essas deve ser reconstruído o tecido social".
Em um momento em que o problema econômico está nos dando uma maior oportunidade de ajudar a salvar casamentos, cada um de nós tem muito a fazer.
Para os sacerdotes, isso significa dedicar tempo a aprender e a aconselhar casamentos sobre os perigos do divórcio e a esperança que chega com a superação dos problemas do matrimônio.
Para os esposos que enfrentam problemas, significa trabalhar como casal, apoiados pela Igreja, para superar seus problemas juntos.
Para os casais cujos matrimônios são felizes, significa pregar com o exemplo e mostrar o amor que é possível e pode ser realizado no matrimônio, e compartilhar os meios com os que eles superaram dificuldades no passado.
Finalmente, para cada um de nós, significa escutar aqueles amigos nossos que possam viver dificuldades em seus matrimônios e dirigi-los aos recursos que os ajudem a salvar seu casamento, tendo em conta que, teologicamente e praticamente, o divórcio e a separação sempre têm consequências trágicas.
Por nosso exemplo, nosso conselho e nossa proximidade aos que estão considerando um divórcio -especialmente agora-, não devemos perder a oportunidade de ajudar a construir a civilização do amor, ao mesmo tempo que uma família e um matrimônio.
-
(Carl Anderson é cavaleiro supremo dos Cavaleiros de Colombo e autor best-seller do New York Times)

Santa Sé: combater as drogas para defender a família

Intervenção de Dom Migliore nas Nações Unidas

Por Roberta Sciamplicotti
ROMA, segunda-feira, 12 de outubro de 2009 (ZENIT.org).
- A luta contra o tráfico de drogas é fundamental para a defesa da família, afirmou na quinta-feira passada em Nova York o arcebispo Celestino Migliore, núncio apostólico e observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas.
O prelado interveio na 64ª sessão da Assembleia Geral ante o Terceiro Comitê sobre o item 105, “Controle internacional das drogas”, reafirmando a importância da família como “pedra angular da redução da demanda e das estratégias de atenção” no setor das substâncias entorpecentes.
“Visto que muitas causas e consequências da dependência das substâncias psicotrópicas estão relacionadas com as dinâmicas familiares”, observou, “a prevenção, o cuidado, a reabilitação e os esforços deveriam se concentrar nas relações familiares em suas dimensões biológicas, psicológicas, sociais, culturais e econômicas”.
Isto, acrescentou, é ainda mais importante dado que “o abuso das drogas pode enfraquecer a família, que é a base da sociedade, ferindo assim o tecido social da comunidade e contribuindo inclusive à desestabilização da sociedade”.
As investigações, por outro lado, seguem destacando que “os princípios fundamentais da sociedade se aprendem em casa”.
Alternativas reais
Em seu discurso, o representante da Santa Sé sublinhou que o abuso das drogas “continua impedindo a capacidade dos indivíduos, das comunidades, das nações de alcançar o desenvolvimento econômico, político e social”. O abuso das drogas, sublinhou, “afeta indivíduos de todo nível sócio-econômico”, representando “uma fonte de evasão financeira, emocional e psicológica com efeitos devastadores sobre as pessoas e sobre as famílias”.
Por este motivo, a delegação vaticana “concorda decididamente no fato de que a saúde global do indivíduo esteja no centro do controle do consumo de drogas, e que como sociedade se devem defender a saúde e a dignidade das pessoas evitando o uso de drogas e aliviando o sofrimento dos toxicômanos através da cura”. Enfrentar as necessidades da saúde dos indivíduos, explicou, será contudo insuficiente se não se consegue também fazer frente aos “diversos fatores que levam à produção e ao consumo de drogas”.
Com este propósito, o observador permanente recordou como os países em vias de desenvolvimento e as pessoas afligidas pela pobreza são “particularmente vulneráveis aos efeitos devastadores do tráfico de drogas, porque são pontos estratégicos para o tráfico ou cultivadores com bom mercado”.
Reação em cadeia
A delegação vaticana recordou também “com particular preocupação” os vínculos “cada vez mais óbvios” entre o tráfico de droga “e outras tragédias humanas como o tráfico de seres humanos, a proliferação de armas de pequeno calibre, o crime organizado e o terrorismo”.
Estes elementos, assinalou, “mostram que o abuso de substâncias não é uma transgressão sem vítimas, mas tem um impacto devastador em toda a comunidade”, e quem sofre as consequências “são especialmente os pobres e os vulneráveis”.
“Os indivíduos que caem presa do uso e abuso de drogas necessitam de apoio e assistência por parte dos membros de sua família, da comunidade e da sociedade”, concluiu. “Todos que combateram e venceram o vício do abuso de drogas são modelos verdadeiramente positivos e, sendo ‘embaixadores de esperança’ podem ter uma influência importante na vida dos demais”.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Bento XVI aos bispos dos Regionais Nordeste 1 e 4 da CNBB


Visita “ad limina apostolorum”

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 30 de setembro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos o discurso que Bento XVI dirigiu no dia 25 de setembro, no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, aos bispos dos Regionais Nordeste 1 e 4 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em visita ad limina apostolorum.

* * *
Caríssimos Irmãos no Episcopado
Sede bem-vindos! Com grande satisfação acolho-vos nesta casa e de todo coração desejo que a vossa visita ad Limina proporcione o conforto e o encorajamento que esperais. Agradeço a amável saudação que acabais de dirigir-me pela boca de Dom José, Arcebispo de Fortaleza, testemunhando os sentimentos de afeto e comunhão que unem vossas Igrejas particulares à Sé de Roma e a determinação com que abraçastes o urgente compromisso da missão para reacender a luz e a graça de Cristo nas sendas da vida do vosso povo.
Queria falar-vos hoje da primeira dessas sendas: a família assentada no matrimônio, como «aliança conjugal na qual o homem e a mulher se dão e se recebem» (cf. Gaudium et spes, 48). Instituição natural confirmada pela lei divina, está ordenada ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, que constitui a sua coroa (cf. ibid., 48). Pondo em questão tudo isto, há forças e vozes na sociedade atual que parecem apostadas em demolir o berço natural da vida humana. Os vossos relatórios e os nossos colóquios individuais tocavam repetidamente esta situação de assédio à família, com a vida saindo derrotada em numerosas batalhas; porém é alentador perceber que, apesar de todas as influências negativas, o povo de vossos Regionais Nordeste 1 e 4, sustentado por sua característica piedade religiosa e por um profundo sentido de solidariedade fraterna, continua aberto ao Evangelho da Vida.
Sabendo nós que somente de Deus pode provir aquela imagem e semelhança que é própria do ser humano (cf. Gen 1, 27), tal como aconteceu na criação - a geração é a continuação da criação -, convosco e vossos fiéis «dobro os joelhos diante do Pai, de quem recebe o nome toda paternidade no céu e na terra, que por sua graça, segundo a riqueza da sua glória, sejais robustecidos por meio do seu Espírito, quanto ao homem interior» (Ef 3, 14-16). Que em cada lar o pai e a mãe, intimamente robustecidos pela força do Espírito Santo, continuem unidos a ser a bênção de Deus na própria família, buscando a eternidade do seu amor nas fontes da graça confiadas à Igreja, que é «um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Lumen gentium, 4).
Mas, enquanto a Igreja compara a família humana com a vida da Santíssima Trindade - primeira unidade de vida na pluralidade das pessoas - e não se cansa de ensinar que a família tem o seu fundamento no matrimônio e no plano de Deus, a consciência difusa no mundo secularizado vive na incerteza mais profunda a tal respeito, especialmente desde que as sociedades ocidentais legalizaram o divórcio. O único fundamento reconhecido parece ser o sentimento ou a subjetividade individual que exprime-se na vontade de conviver. Nesta situação, diminui o número de matrimônios, porque ninguém compromete a vida sobre uma premissa tão frágil e inconstante, crescem as uniões de fato e aumentam os divórcios. Sobre esta fragilidade, consuma-se o drama de tantas crianças privadas de apoio dos pais, vítimas do mal-estar e do abandono e expande-se a desordem social.
A Igreja não pode ficar indiferente diante da separação dos cônjuges e do divórcio, diante da ruína dos lares e das conseqüências criadas pelo divórcio nos filhos. Estes, para ser instruídos e educados, precisam de referências extremamente precisas e concretas, isto é, de pais determinados e certos que de modo diverso concorrem para a sua educação. Ora é este princípio que a prática do divórcio está minando e comprometendo com a chamada família alargada e móvel, que multiplica os «pais» e as «mães» e faz com que hoje a maioria dos que se sentem «órfãos» não sejam filhos sem pais, mas filhos que os têm em excesso. Esta situação, com as inevitáveis interferências e cruzamento de relações, não pode deixar de gerar conflitos e confusões internas contribuindo para criar e gravar nos filhos uma tipologia alterada de família, assimilável de algum modo à própria convivência por causa da sua precariedade.
É firme convicção da Igreja que os problemas atuais, que encontram os casais e debilitam a sua união, têm a sua verdadeira solução num regresso à solidez da família cristã, lugar de confiança mútua, de dom recíproco, de respeito da liberdade e de educação para a vida social. É importante recordar que, «pela sua própria natureza, o amor dos esposos exige a unidade e a indissolubilidade da sua comunidade de pessoas, a qual engloba toda a sua vida» (Catecismo da Igreja Católica, 1644). De fato, Jesus disse claramente: «O que Deus uniu, o homem não separe» (Mc 10, 9), e acrescenta: «Quem despede a sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se uma mulher despede o seu marido e se casa com outro, comete adultério também» (Mc 10, 11-12). Com toda a compreensão que a Igreja possa sentir face a tais situações, não existem casais de segunda união, como os há de primeira; aquela é uma situação irregular e perigosa, que é necessário resolver, na fidelidade a Cristo, encontrando com a ajuda de um sacerdote um caminho possível para pôr a salvo quantos nela estão implicados.
Para ajudar as famílias, vos exorto a propor-lhes, com convicção, as virtudes da Sagrada Família: a oração, pedra angular de todo lar fiel à sua própria identidade e missão; a laboriosidade, eixo de todo matrimônio maduro e responsável; o silêncio, cimento de toda a atividade livre e eficaz. Desse modo, encorajo os vossos sacerdotes e os centros pastorais das vossas dioceses a acompanhar as famílias, para que não sejam iludidas e seduzidas por certos estilos de vida relativistas, que as produções cinematográficas e televisivas e outros meios de informação promovem. Tenho confiança no testemunho daqueles lares que tiram as suas energias do sacramento do matrimônio; com elas torna-se possível superar a prova que sobrevém, saber perdoar uma ofensa, acolher um filho que sofre, iluminar a vida do outro, mesmo fraco ou diminuído, mediante a beleza do amor. É a partir de tais famílias que se há de restabelecer o tecido da sociedade.
Estes são, caríssimos Irmãos, alguns pensamentos que deixo-vos ao concluirdes a vossa visita ad Limina, rica de notícias consoladoras mas também carregada de trepidação pela fisionomia que no futuro possa adquirir a vossa amada Nação. Trabalhai com inteligência e com zelo; não poupeis fadigas na preparação de comunidades ativas e cientes da própria fé. Nestas se consolidará a fisionomia da população nordestina segundo o exemplo da Sagrada Família de Nazaré. Tais são os meus votos que corroboro com a Bênção Apostólica que concedo a todos vós, extensiva às famílias cristãs e diversas comunidades eclesiais com seus pastores e todos os fiéis das vossas diletas dioceses.

sábado, 3 de outubro de 2009

Evangelho de domingo: matrimônio cristão: homem, mulher e Deus


Por Dom Jesús Sanz Montes, ofm

HUESCA, sexta-feira, 2 de outubro de 2009 (ZENIT.org).

- Publicamos o comentário do Evangelho deste domingo, XXVII do tempo comum, (Marcos 10, 2-16), redigido por Dom Jesús Sanz Montes, ofm, bispo de Huesca e Jaca (Espanha).

* * *

Este domingo nos apresenta uma incômoda página evangélica na qual Jesus se distancia de uma verdade que dependa da manipulável opinião coletiva. Nossa época é uma época montada no cavalo do relativismo subjetivo: as coisas já não "são", mas "parecem que são". A verdade reside no que a maioria pensa, no que a maioria decide, no que a maioria rejeita. De modo que a nova sabedoria se chama "estatística" e seu seio de partida são as urnas. As consequências educativas, sociais, políticas e familiares destes princípios são impressionantes.

Qual era o costume entre os judeus sobre o casamento? Que tal união poderia ser dissolvida, quase sempre em benefício do homem e, às vezes, por razões extremamente pitorescas, como a mulher ter queimado a comida. O fato é que alguns fariseus se aproximam de Jesus, e para colocá-lo à prova, perguntam-lhe: é lícito para um homem divorciar-se de sua mulher?

Como em outras ocasiões, os fariseus não se interessavam pela instituição do matrimônio, ou os direitos da mulher, nem sequer os do homem neste caso, mas por ver como Jesus responderia a uma pergunta tão habilmente capciosa. Se respondesse que não era lícito, opor-se-ia a importantes escolas rabínicas, e uma majoritária prática por parte de tantos judeus (começando pelo próprio Herodes, que vivia adulteramente com a mulher de seu irmão, cuja denúncia custou a vida do Batista). Se respondesse que era lícito, podiam reprová-lo por ir contra o Gênesis como projeto originário de Deus.

A resposta de Jesus foi clara: a verdade é a verdade, independentemente do que digam as pesquisas de opinião, a prática da maioria ou qualquer mostra estatística.

O proposto por Jesus a esse respeito não se trata de uma pedra no pescoço, mas de estar sempre começando, ou seja, estar sempre alimentando a chama que um dia fez nascer o amor entre duas pessoas. Nem o amor nem o ódio podem ser improvisados: a indiferença é fruto de um desprezo, de ter apagado lentamente o fogo do amor. O dia do casamento é o dia em que um homem e uma mulher começam a casar-se, repetindo-se cada dia, em cada circunstância, aquele "sim" que foi somente o ponto de partida. Pelo complexo que tantas vezes é ser fiel, perdoar, acolher, voltar a começar, Deus não assiste ao casamento como espectador, mas como quem contrai (é um sacramento): o matrimônio cristão é coisa de três, o homem, a mulher e Deus. O que é impossível tantas vezes para o casal humano, Deus - que também faz parte desse matrimônio - o faz possível.